terça-feira, 23 de dezembro de 2014

De Zimbad a Alcahamumbad passando por Islamabad


De Zimbad a Alcahamumbad passando por Islamabad
(um pseudo mini-conto quase natalino)

Partindo de Zimbad, Yonqand ou Xangrilade, onde você poderá consultar as páginas amarelas dos mapas locais mesmo não enxergando muito bem, você conseguirá seguir viagem seguindo a sua estrela-guia em sua cruzada cristã, de modo a fazer um bom upgrade nos seus santificados e sagrados negócios de ouro, camelo e incenso.
Mas, siga sempre a estrela, não perca o fio do caminho mesmo que ele pareça um pouco melancólico e triste. Lembre-se: os três reis mágicos pisaram nas areias desse deserto a caminho do encontro com o grande guia, o que suporta a mão divina.
Não tema os assaltos dos beduínos miseráveis nem os pomposos desfiles dos religiosos. Mas, para registrar tudo isso, não se esqueça de recarregar o seu antigo e bíblico notebook.
Não pense que você estará ficando maluco ou que seja um pequeno e inocente garoto, como as pobres e arenosas crianças de Islamabad, entre as quais provavelmente nasceu o menino-deus.
Não! Você apenas terá retirado a máscara de Jade, fazendo dela apenas o seu santo sudário.
Deixe a graça divina invadir o fundo do seu coração. Mantenha na sua mente profunda os melhores pensamentos que tiver. Certamente você se sentirá alcançando um degrau, uma casa, superior – mesmo não usando um raad(1) –, acima, longe, de qualquer tipo de modismo espiritual, superficial e passageiro, o qual, de qualquer jeito e em qualquer tempo, você deve evitar.
Pelo menos, você ficará sabendo que o pai, o grande guia provedor, estava realmente certo: Você verá, com um simples gps(2) e um modesto cad(3), que a sua santa viagem não foi assim tão ruim e, finalmente, você chegará à terra abençoada de Alcahamumbad, a partir da qual toda a história da cristandade se desenrola.

(1) randomic abacus access device – dispositivo de acesso a ábacos randômicos.
(2) geographical positioning system – sistema de posicionamento geográfico
(3) computer aid design – desenho auxiliado por computador

From Zimbad to Alcahamumbad passing thru Islamabad
(an almost christmas’ pseudo short tale)

Departing in Zimbad, Yonqand or Xangrilade,
where you’ll can consult the local yellow map pages
even in an on it wade,
you can be succeed on your voyage
following your guide-star
on your christian crusade
in order to make a good upgrade
on your sanctified and sacred gold, camel and incense trades.
But, always look at the star, don’t lose the way’s thread
even if its seams a little melancholic and sad.
Remember: the three magical kings steeped on these desert sands.
on their way to meet the big guide, whom bears the divine hand.
Don’t be afraid about the miserably beduines’s raid
neither on the pompously religious parades.
But, to record all of this, don’t forget to overload
Your old and biblical notepad.
Don’t think you will becoming mad
or that you’re a little and innocent lad,
like the poor and sandy children from Islamabad,
nearly whom the child-god probably bornt had.
No! You’ll just retreating the mask of Jade,
making it just yours saint sudarium.
Let the divine grace in the bottom of your heart invade.
Keep on your deepest mind the best thoughts you had.
Certainly you’ll feel yourself stepping a new house, a superior grade,
even not using a raad (1),
above, far away, from any kind of passing, superficial and spiritual fad,
which, anyway and anytime you must evade.
At least, you’ll became aware that was really and actually right the master guide, the big dad:
You’ll see, with a simple gps(2) and a single cad(3),
that your saint travel hadn’t been so bad
and, at last, you’ll reach the blessed land of Alcahamumbad,
from where the whole christhood history goes ahead.

(1) raad – randomic abacus access device
(2) gps – geographical positioning system
(3) cad – computer aid design

(by Brumbe © 2014, from his “ad and ade retro rhyme series”)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Palavras, palavras e palavras.


Palavras, palavras e palavras.

Por afeto, carrego em mim o espírito das palavras escritas.
Mas, de fato, não me apego tanto assim a estas inscritas.
Algo maior, superior, me atrai nas não faladas nem escritas.

palavras pétreas, palavras plásticas, palavras de papel,
palavras doces, palavras amargas, palavras de mel,
palavras duras, palavras bite-eletrônicas, palavras de fel.

Desconfio das minhas faladas,
digito e gosto dessas escritas,
mas, me dedico às não ditas,
estas, sim, minhas amadas.

palavras de Buda, palavras de Shiva, palavras de Moisés,
palavras de Cristo, palavras de Kardec, palavras de Maomé,
palavras de Maria, palavras de Madalena, palavras de João e Zé

As faladas são expostas, extrapoladas e podem ser mal interpretadas.
As escritas são restritas, circunscritas e podem até ser bem vistas.
Mas, as não ditas são silenciosas, criteriosas, misteriosas, imperiosas.

(Brumbe balançando suas palavras de 2014)
(Para quem não sabe o quê é o “estranho” objeto da foto: é uma antiga balança de dois pratos, aparelho utilizado para pesar produtos vendidos a granel em armazéns e mercearias até meados do século XX)

(Não sabe o quê significam as palavras “armazém”, "mercearia" e nem “granel”?! Depois explico, com outras palavras)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Encruzilhadamente


Encruzilhadamente

Pois é, realmente,
mas não de repente,
a mesma vida da gente
toma rumo tão diferente
do pensado anteriormente
que a gente, estranhamente,
quase estranha a própria mente.
Mas, não estranha propriamente,
pois foi caso pensado certamente,
certa hora, por nossa certa mente.
Ainda que subinconscientemente,
sub-reptícia e subterraneamente,
por aquela que jamais mente
em cruz ilha da mente.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Tempus Ventus


Tempus Ventus
(Vento da hora)

Se há demora
o tempo a leva embora
no passar das horas
sem demora.

E fica o mormaço de um nunca mais
e um vento que sopra o jamais
de uma nova brisa nos quintais.

Um vento que não sopra jamais
Um tempo sem nada mais
Uma trava em todos os portais.

Tempo que vira vento
Vento que não vira tempo

É um tempo que flui como o vento.
É um vento portador de vagas imemoriais
que se quer inutilmente passar por tempo.

E a tua demora
é o tempo que vai embora
deixando apenas um jamais
com gosto de nunca mais.

Quando lhe dei meu tempo
você o levou como vento
sem menos nem mais.

Sim, senhora!
Deixou os meus aposentos irreais
perdeu a hora e foi embora
para nunca mais.

E agora?
Ficou só o vento frio que trespassa os vitrais.
Calor nessas horas?
Só se eu botar fogo nesse ap sem demora,
queimando cadeiras, livros, revistas e jornais!

Leblon, inverno de 2003.

(quando escrevi
lembrei e entendi
as ruas que percorri
nisso que Adriana diz:
“caminho ao longo do canal
faço longas cartas pra ninguém
e o inverno no Leblon é quase glacial”)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Por um fio


Por um fio

Bem encima do quadro de tela de arame onde eu coloco as cascas de mamão pros passarinhos comerem, apareceu, hoje de manhã, um longo fio de teia de aranha, de mais ou menos um metro e meio, suspenso entre as duas árvores onde estão amarrados os quatro fios de arame que sustentam o quadro de tela de arame onde eu coloco as cascas de mamão pros passarinhos comerem bem encima.
É um fio guia, geralmente estendido durante a madrugada e que costuma surgir bem no inicio do dia, e que serve como suporte para as aranhas tecerem em torno dele as suas teias. Ele é o fio mais forte da teia, e é natural que seja assim, pois serve de suporte para todos os outros fios da teia de aranha. É mais fino que um fio de cabelo humano e, diz a mecânica dinâmica newtoniana, muito mais resistente. Supostamente pode suportar alguns quilogramas por micrômetro quadrado ou centímetro linear – Mas, isto é assunto que não cabe aqui investigar, ou tecer maiores comentários. Não serve como fio guia.
Ele é praticamente invisível, mas, sob a luz do sol ou da lua, pode ser visto através dos reflexos da luz solar ou lunar – ou mesmo de uma luz artificial qualquer. Reflexos estes mais conhecidos como “flares”. Os mesmos que a gente consegue ver, por exemplo, quando a luz do sol se reflete nas asas de um avião ou, à noite, na carenagem de um satélite artificial – o que muita gente confunde com óvnis (assunto que aqui também está tão deslocado como os próprios óvnis invisíveis).
E lá estava ele, o metro e meio de fio guia de teia de aranha, suavemente balançando ao sabor da leve brisa da manhã, bem encima do quadro de tela de arame onde eu coloco as cascas de mamão pros passarinhos comerem, e perfeitamente visível devido ao reflexo, o tal “flare”, que ele emitia graças ao sol radiante que despontou nesta manhã.
E o tal “flare”, o reflexo, de mais ou menos uns cinco centímetros de extensão por uns duzentos nanômetros de largura, ficou ali caminhando, de um lado pro outro, de uma árvore à outra, ao longo do longo fio guia da teia da aranha. E ele caminhava, se deslocava, ciclicamente assim: da porta pra janela, da parede vermelha pra parede amarela, e voltava, da parede amarela pra parede vermelha, da janela pra porta, num vai e vem sem tramela – pois isto era tudo que se via, como pano de fundo, por detrás do fio guia.
E eu, no meu café da manhã, enquanto comia o mamão cuja casca eu logo depois depositaria no quadro de tela de arame – aquele mesmo onde costumo colocar as cascas de mamão pros passarinhos comerem –, sobre o qual o fio guia da teia se erguia, fiquei pensando: pode cair uma folha sobre o fio, um galho pode se soltar, uma das árvores pode cair agora, pode surgir um furacão, um tufão, pode cair um avião, um outro meteorito pode cair neste lugar, um cometa pode se chocar contra o planeta, o mundo pode acabar agora, e este fio guia de teia de aranha não mais emitirá os seus belos e flamejantes “flares”. Já era!
Tudo está por um fio!
Foi quando repentinamente, mas não inesperadamente, aconteceu o que acontece diariamente, repetidamente: um pequenininho passarinho pousou, no quadro de tela de arame (aquele que fica sustentado por quatro fios de arame amarrados em duas árvores, no qual eu coloco as diárias cascas de mamão pros passarinhos comerem), pra comer o que sobrara das cascas de mamão do dia anterior, e, involuntariamente, inadvertidamente, desapercebidamente, partiu, cortou, rompeu, destruiu, aniquilou, desconectou, desintegralizou completamente o fio.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

o que eu quero


o que eu quero

menos engenharia
mais poesia
menos problemas e dilemas
mais poetas e poemas
menos discussões e soluções
mais sensações e emoções
menos rígidos números
mais dígitos efêmeros
menos dentes de engrenagens
mais olhos de personagens
menos pólos negativos
mais pontos positivos
menos rede lógica
mais trama cosmológica
menos letras de equações
mais palavras e tons de canções
menos signos de integral indefinida
mais sinais de longa e boa vida
menos subtração
mais adição
menos divisão
mais multiplicação
menos quatro operações fundamentais
mais quatrocentos mantras orientais
menos correntes elétricas
mais cachoeiras energéticas
menos baixa voltagem
mais alta reciclagem
menos gráficos funcionais
mais paisagens tropicais
menos resistores
mais supercondutores
menos potência
mais sapiência

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Minha Temática


Minha Temática

Política?! Futebol?! Religião?!
Não! Essas coisas eu discuto mais não!
Trazem-me muito mais tristeza do que alegria.
Proporcionam muito mais desgosto do que simpatia.
Doravante vou restringir drasticamente a minha temática:

História, Geografia, Física, Educação Física e Matemática
(ainda que esta última possa ser tachada de má temática)
Música, Astrofísica, Português, Inglês, Teatro e Literatura
Cinema, Mecânica, Artes Plásticas, Turismo e Arquitetura
Astronomia, Climatologia, Geometria, Futurologia e Cosmologia
Engenharia, Filosofia, Tecnologia, Zoologia e Poesia, muita Poesia!
(Mas, por favor, nada de Química, Hidráulica, Biologia ou Telefonia!)
(Muito menos Finanças, Mercado (só o Central), Dinheiro e Economia)
(Talvez ousaria Sociologia e Psicologia, ainda que por mera analogia)
(Atenção! Telecomunicação e Computação, também fora de questão!)

Política?! Futebol?! Religião?!
Eu não quero saber disso mais não!
Provocam mais repulsão do que atração.
É como dizia, com toda razão, o sábio ancião:
Tais assuntos raramente produzem uma boa e saudável discussão.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Poesia em Dicotomia

Poesia em Dicotomia

Algo que vem e vai, vai e vem
Em constante dupla via, dicotomia
Se vem, é. Se vai, duvido que é meu
Será inspiração? Será psicotransmissão?

Só penso assim, sem querer também
Como um código, um manual, um guia
Que acende a luz, brilha, eliminando o breu
Apagando toda aquela ameaçadora escuridão

Está muito além de mim, muito além
Acontece comigo toda hora e todo dia
É muito mais forte e impositivo do que eu
Está além de qualquer premeditada intenção

Chega a me deixar zonzo, em estados zen
E eu que mal entendia, pouco ou nada sabia
Da arte de Blake, Pessoa, Chen, Voltaire e Abreu
E de tantos outros que caíram nessa danada tentação

Hoje só consigo estar realmente bem
Quando estou junto com a minha poesia
E não fui eu, foi o Brumbe, quem escolheu
É culpa só dele, do Brumbe, minha é que não!

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Água Again


Água Again

Que coisa boa, abençoada, graciosa e dadivosa.
Ver a chuva novamente descer mansa e manhosa.
Sobre os picos e os vales dessa terra montanhosa.
Levando embora, enfim, aquela seca horrorosa!
Pode haver, por hora, coisa mais gostosa?
Só se ela for mensageira e companheira
do murmúrio dos pingos nas goteiras
do barulho 180db das nuvens trovejeiras
do aroma molhado que a terra cheira
do céu todo cinza, sem azul nas beiras
de corpos encharcados de tanta aguaceira.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Quem se preocupa com a vida?!

Quem se preocupa com a vida?!

Desenvolvimento econômico, retomada do crescimento, industrialização, competitividade, câmbio monetário, distribuição de renda, redução da miséria, inclusão digital, exploração do pré-sal, bolsas sociais, ... é o que mais se ouve e se vê nos programas eleitorais.
Pouco ou nada se fala de crescimento sustentável, agricultura orgânica, desequilíbrio ecológico, recuperação e preservação dos recursos hídricos, degradação ambiental, poluição em geral, e nem mesmo de saúde e educação ... ou seja, das coisas mais elementares e fundamentais para a manutenção da Vida propriamente dita!
Estes assuntos são, na maioria das vezes, tratados como secundários, de menor importância, como sonhos, quimeras, e até como fantasias, loucuras, utopias! E é simplesmente da vida, da vida do planeta, da vida animal, da vida vegetal, da nossa própria vida, o que se trata nestes assuntos!
É absurdamente incrível, inacreditável, como ainda maltratamos e desrespeitamos tanto a terra, as águas, o ar, os animais, o planeta! Como ainda achamos que os recursos naturais, e mesmo os artificiais, que criamos, são eternos, abundantes, fartos, infinitos! Como não nos preocupamos com a qualidade (e quantidade) de vida – não só da que deixaremos pros nossos filhos e netos, mas também da nossa própria, aqui e agora! Como ainda pensamos de forma tão egoistamente imediatista, sem a mínima preocupação não mais apenas com o próximo século ou milênio, mas nem mesmo com o ano que vem! Como ainda não concordamos que tudo, absolutamente tudo, deste planeta – que ainda é o único que temos! – tem que ser muito bem usado, explorado, renovado, e minimamente bem distribuído e compartilhado, sob pena de não ter, e muito menos “sobrar”, pra ninguém! E tudo tem a ver com tudo. Tudo e todos somos inescapavelmente interdependentes!
Esta situação me lembra muito algo que apreendi, décadas atrás, de alguma sábia ciência filosófico-existencial de alguma milenar civilização oriental: Em todo planeta onde há vida, há sempre um ser inteligente dominante. E este ser é O Responsável pela manutenção da qualidade da vida – devendo manter, no mínimo, como recebeu – de Todo o planeta, inclusive da dos seus irmãos “menores”, animais, vegetais e minerais. Isto seria uma graça ou um legado “divino” dado, como responsabilidade, em contrapartida à dádiva da inteligência maior. (nesta mesma época, cheguei a pensar: que pena que o bicho homem não deu certo, talvez os dinos tivessem se saído melhor!)
A escassez de chuva já está nos secando; a falta d'água vai pouco a pouco nos desidratando; o ar, há muito, está nos sufocando; a terra sob nossos pés, rachando; rios e lagos evaporando; oceanos inundando.
E alguns cientistas ambientalistas vêm dizendo até que tudo isso é devido a “ciclos naturais climáticos e de intempéries” a que o planeta periodicamente está sujeito (como as eras glaciais. vamos ter mais?), e que as ações do ser humano não interferem em nada disso! Será mesmo?! E ainda que assim seja, será que não estamos agravando os problemas?! Não deveríamos tentar fazer algo para minimizar isso para passar razoavelmente bem por estes “ciclos naturais”?! Não temos conhecimento e tecnologia para isso?!
Não dá pra colocar uns filtros anti partículas sólidas nas chaminés da China?!
Não dá pra instalar umas usinas termo-solares no sul dos EUA?!
Não dá pra praticar agricultura sem agrotóxicos no Brasil?!
Não dá pra fazer carro elétrico pra todo mundo?!
(ou, pelo menos, só os ônibus?!)
O que falta é atitude, desejo real, ação e, principalmente o tal do “interesse político”. Ou será que, agindo assim, não estaríamos contrariando outros “grandes interesses maiores”?!
Mas não, não é importante se preocupar com a vida! Importante mesmo é se preocupar com a competitividade da indústria nacional ou em aumentar o valor da bolsa social.
E, muito pior, esta situação não é exclusiva do Brasil; é, sim, global, mundial. Todos os países, principalmente os “subdesenvolvidos” e os “emergentes”, estão atrelados a ela. Aliás, vem se impondo muito mais de fora para dentro do país, através das “políticas econômicas globais”, e nós nos subjugamos completamente a ela.
Infelizmente, a imensa maioria dos governantes e políticos, em qualquer lugar do mundo atual, não se preocupa de fato com isso. Quando, mal e mal, colocam isso nos seus papéis programáticos, ainda assim sob pressão política, é por mera, inconfessável e indisfarçável intenção eleitoral.
Pouquíssimos políticos se preocuparam, ou ainda se preocupam, realmente com a Vida propriamente dita – e invariavelmente são “derrotados” nas urnas. Só para citar dois bons exemplos, ambos candidatos à Presidência da República em dois grandes e importantes países, nos últimos 15 anos: Albert Al Gore nos Estados Unidos e Marina Silva no Brasil.
Mas, ambos foram vistos como sonhadores, idealistas, utópicos, foras-da-realidade, e até como malucos, loucos. Foram mal recebidos, mal tratados, desrespeitados, descartados, ridicularizados e humilhados. Foram tidos até como figuras de historinhas de magos e fadas, contadores de contos da carochinha, druidas, duendes (doentes?), ets e seres de outros planetas!
Se você preocupa-se com a Vida, seja lá em quem você votou ou ainda vai votar, faça com que o seu candidato inclua, de fato, na sua agenda legislativa ou executiva, questões diretamente ligadas à salvação, melhoria e manutenção da(s) vida(s) do planeta Terra.
Lute, primeiro, pelo que realmente importa, hoje e sempre! Lute pela Vida!

domingo, 5 de outubro de 2014

Escadas Kafkianas


Escadas Kafkianas

Nada mais intrigante
Nada mais perturbante
Nada mais instigante
Mais misterioso
Mais doloroso
Mais ardiloso
escabroso
tenebroso
e periculoso
do que as extensas, longínquas, indefinidas, intermináveis, tortuosas e torturantes escadas de Kafka.

Titubeantes escadas kafkianas
Degrau a degrau
Patamar a patamar
Que nunca nos sabem levar.
Nada a guiar, nada a orientar
Nada pretendem alcançar
Escaladas somente pra enganar
Nem mesmo um mínimo iluminar.

Escadas cansativas, exaustivas
Escadas traidoras, desesperadoras
Escadas surpreendentes, recorrentes, intermitentes.
Escadas que levam de lugar nenhum até o nada ou do nada até nenhum.

Escadas kafkianas
são apenas escadas que sobem ou descem,
sem rumo ao nada.
Calada, kafka escada
Kafkas escapadas
Escapulidas
És cada
Ex-cada
Por nada.

Tributo aos cento e tantos anos ou mais ou menos do nascimento ou morte, tanto fez, tanto faz, de Franz Kafka.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Lugar Estranho!


Lugar Estranho!

Como é que um lugar tão familiar,
pra de cabeça se lançar, se atirar,
e de corpo inteiro, nu, se entregar,
de repente se torna tão estranho,
desconhecido um tanto tamanho
que nos repele como espantalho?!

É o fundo vazio e seco da piscina,
frio na espinha, visão fria repentina,
sem nada, nem água um quanto.
Em reforma, o verão aguardando.
Aguardando água, um bom tanto.

E eu no fundo desse poço penso:
E se nunca mais chover?!
E se a água acabar de vez?!
E a piscina nunca mais encher?!
Melhor morrer de vez,
ou de vez morrer?!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Estado de Obra


Estado de Obra

Vira e mexe, vez ou outra, de vez em quando, eu me vejo amarrado, emparedado, entijolado e concretado em algum tipo de obra, alguma nova construção, outro puxadinho, mais uma reforma. É o ap de uma filha, é o sítio da ex-sogra, é o escritório da outra filha, é a casa do cunhado, é minha própria casa, e por aí vai. Até que eu gosto muito disso, parece uma espécie de ranço, de encosto, de estigma, de atração subconsciente, uma alta missão espiritual transcendental ou mesmo pura e diabólica maldição, que carrego eternamente comigo como herança da minha antiga profissão: engenheiro – que nada mais é que um pedreiro, um marceneiro, um ferreiro, um carpinteiro, e outros tantos mais “eiros”, todos juntos.
Gosto sim, mas não pode ser mais que uma obra a cada cinco ou seis anos, por que em freqüência maior do que essa eu me sinto muito cansado e desestimulado, estressado por excesso de obra. E gosto principalmente dos trabalhos com madeira – são mais maleáveis, flexíveis e adaptáveis, ou seja, aceitam com mais facilidade mudanças, rearranjos e alterações, o que condiz melhor com meu atual estilo de vida e meus sagrados e universais princípios filosóficos, metafísicos e metas espirituais.
Dia desses, enquanto serrava aqui, martelava ali e lixava lá, me peguei pensando no quê poderia ser mais importante em qualquer obra. Qual material, ferramenta ou insumo seria mais importante em uma construção civil? O tijolo, o cimento, a areia? Sim, mas há outros. O martelo, a pá, o serrote? Talvez, mas nem tanto. O prego, o alicate, o parafuso? Pode ser. A escada, o andaime, a furadeira, o carrinho de mão, a marreta, o arame, a fita isolante, o metro, a fita métrica, a fita...
Pois é, quer saber? Acabei de descobrir ontem! Importante, fundamental, indispensável e essencial mesmo é a fita crepe! Isso mesmo, a Fita Crepe!
A fita crepe, sim, resolve tudo, ajuda em tudo, se aplica em tudo, em toda e qualquer situação, principalmente nas mais drásticas, dramáticas e perigosas. Nas situações e condições de limite extremo, aquelas totalmente fora das CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão), em que um obreiro tem que provar que é um obreiro de verdade, com O maiúsculo. Naqueles momentos em que você já fez de tudo, já apelou pra tudo e pra todos os santos, inclusive pra São José Carpinteiro, pra Mulher dele e pro Filho dele, e nada adiantou... lá vem a fitinha crepe pra resolver a situação!
Ela é mesmo pau-pra-toda-obra, ou melhor, fita-pra-qualquer-emenda. Emenda, remenda e não desemenda. Serve para marcar desde a posição onde vai ser levantada a parede nova até a presença da vidraça recém colocada, pra nenhum desavisado enfiar a cabeça. Marca e rotula toda a fiação da instalação elétrica. Desenha na parede a posição e o formato da nova janela, Veda todos os saquinhos de pregos e parafusos pra não ficar tudo misturado e esparramado. Serve de etiqueta pro quadro de aviso e até pra fazer lista de material. Prende provisoriamente no lugar certo toda e qualquer coisa até que a instalação definitiva possa ser feita. Marca as juntas e dobras das paredes pra servir de guia pro pintor. Isola as áreas onde o pintor, ou aquela tinta, não deve ir de jeito nenhum. Veda, isola e protege todo e qualquer ponto que tenha que ser vedado, isolado e protegido.
Nunca faça uma obra sem ter, no mínimo, meia dúzia de rolos de fita crepe à mão (três da fina, de 2 cm, e três da grossa, de 4 cm).
Viva a fita crepe! Eu não vivo sem fita crepe! Eu amo fita crepe! (Por ser engenheiro eletricista, eu sei que a fita isolante fica um pouco enciumada, mas fazer o quê? É a crepe que está sempre presente nos meus piores momentos)
A fita crepe é o meu verdadeiro pronto-socorro imediato, seguro, infalível, e é até mesmo a minha querida guarda salva-vidas.
Poucos anos atrás, andava eu sobre o meu telhado reformado, fazendo reparos de rotina antes das chuvas, quando, de repente, esbarrei a perna com tanta força na quina-viva de uma calha metálica que a quina dobrou e deixou um belo corte (cerca de 2,5 cm de comprimento por 0,5 cm de profundidade média) na minha coxa direita. O sangue brotou volumoso, caudaloso, forte, intenso, vermelhão, às enxurradas! Qualquer um que visse aquilo diria que eu deveria ir correndo pro hospital ou pro posto de saúde pra dar pontos. Eu também pensei isso.
Segurei firme a ferida, respirei fundo, desci a escada e fui procurar uma solução mais imediata pro problema. Saí procurando pela casa: Esparadrapo? Nada! Band-Aid? Nada! Gaze? Nada! Algodão? Sim, mas... mais nada! Até que me lembrei da minha salvadora fita crepe! Não vacilei: lavei o corte, passei álcool, rejuntei as duas margens de carne, e emendei fortemente com a fita, enrolando-a na coxa. Repeti o processo por três dias. Ao final do terceiro dia, a ferida estava totalmente curada e a cicatrização absolutamente saudável, completa e perfeita.
Bendita fita crepe!

domingo, 7 de setembro de 2014

Netos


NETOS

Netos são filhos dobrados,
ao quadrado, multiplicados,
à enésima potência elevados.

Netos nos deixam mais perto,
mais alertos, mais abertos,
nos mostram futuro mais certo.

Netos são inexplicáveis,
Intraduzíveis, não interpretáveis,
são simplesmente adoráveis!

Quer uma garantia de que você vai viver mais 30, 50 ou 80 anos?!
Olhe para eles, cuide deles, viva com eles, se apaixone por eles!

Netos são preciosos presentes,
são passado e futuro juntos,
precisos, exatos, no presente.

Netos! Se você já tem,
curta bastante, todo dia, sem parar!
Se ainda não tem,
cobre de quem possa lhe dar!

Netos vêm para renovar,
revigorar, reviver, renascer,
reacender, resgatar, reatar, salvar,
e tudo o mais que tenha a ver, a ser, a dar, a amar!

(Clara e Francisco na varanda dos brinquedos em 06/09/2014)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Muro Deslocado


Muro Deslocado

Hoje ergui um muro de tijolo furado,
sem um pingo sequer de concreto desarmado,
usando apenas arame de aço cozido e temperado,
a guisa de viés e linha de arrematado,
para deixá-lo bem costurado, cintado e aprumado.

Muro dividindo um lado de outro lado:
de um lado, o asfalto desolado,
de outro lado, o mato fechado.
Muro onde não se pode ficar encostado,
sob risco de vê-lo caído, desabado.

Eu que sempre busco horizontes desmurados, desbloqueados,
ergui este muro, obrigado, indignado, sofrido, suado e calado.

Muro que me deixa separado
de certo panorama acalentado.
Que me deixa isolado, apartado,
de certo espaço ilimitado.
Num tempo limitado, confinado.

Eu que vi o de Berlim ser construído, envergonhado,
depois demolido, festejado, por um país unificado.
Ato encerrado, até por Pink Floyd encenado.

Pois hoje ergui um muro de tijolo furado,
sem um pingo sequer amado.
Não é abstrato nem figurado,
é concreto, real, está solidificado.
Mesmo sem concreto armado ou desarmado.

Chuva Passageira


Chuva Passageira

(03/09/2014 – 07:52h)

É chuva forte no Condado da Quinta da Saideira!
Há quanto tempo não via tanta água descendo pelas biqueiras!
Tanta água nas mangueiras, nas parreiras e nas roseiras!
Espero que não seja só outra chuva passageira.

(25 minutos depois)

Que pena!
Foi chuva passageira.
Há que voltar ligeira!
Mas, sem pressa, sem ligeireza.
E não só isso apenas,
pra não secar as torneiras!

(mais tarde...)

Há que ser aguaceiras
Que encharque as cumeeiras
Que transborde pelas beiras
Que desabe pelas ladeiras

E que abra todas as feiras
com frutos das laranjeiras,
das macieiras, das goiabeiras,
das bananeiras e das cerejeiras.
Enfim, abastecendo todas as fruteiras.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Alpha Centauri


Alpha Centauri

É com ela que mais me calo interno.
No fim das noites, das noites de fim de inverno.
É a mais próxima, mas não é a Próxima.
É a Alfa de Centauro que no meu horizonte desce,
bem no ponto cardeal sudoeste.
Em exatos 45º entre o sul e o oeste.
É bem na hora em que o dia vira outro dia.
É no fim das noites sem fins, lá pras bandas de Confins.
E vou com ela, para bem além da minha janela.

domingo, 3 de agosto de 2014

O Vídeo Game e a Bomba Atômica


O Vídeo Game e a Bomba Atômica

(da série “Grandes Paradoxos da Humanidade”, em tributo aos milhões de japoneses vítimas diretas ou indiretas das bombas atômicas detonadas, pelos estadunidenses, sobre Hiroshima e Nagasaki em 06 e 09 de Agosto de 1945)

Com certeza foi coisa feita por um estagiário desocupado, sem par; um estudante maluco pós-graduado em física nuclear; um nerd aloprado pretendendo doutorado em física quântica ou outra quanta ciência similar. Aconteceu no horário de almoço, no intervalo do cafezinho ou num desses momentum de livre, irresponsável, insana e produtiva desocupação.
Num dia qualquer de 1942, num laboratório de Los Alamos da Universidade do Novo México (USA), utilizando a redonda telinha verde de um osciloscópio eletrônico ligado por fios a dois simples potenciômetros de botão (usados à guisa de joysticks), esses aprendizes de cientista maluco, esses incautos detonadores do apocalipse, criaram um joguinho, um passa-tempo, muito simples, uma espécie de ping-pong, fazendo uma bolinha de luz pular ao longo de uma linha horizontal (mesa) e sobre uma pequena linha vertical no meio (rede). Jogava-se em duplas e quem deixasse a bolinha cair perdia o jogo.
Pronto! Estava inventado o primeiro vídeo game da história!
Pois é, enquanto os cientistas e os físicos nucleares desenvolviam a maior arma de destruição em massa que a humanidade já viu, criavam também um dos jogos de diversão mais massificados da história.
O botão que aciona o jogo é o mesmo que detona a bomba!
A mão que diverte é a mesma que mata!

terça-feira, 22 de julho de 2014

Mosquito Lunático


Mosquito Lunático

Exatamente 45 anos depois que o homem pousou na Lua,
uma mosca pousou no meu calendário!
Não resisto, tenho que perguntar:
Será aquele velho e lendário,
caleidoscópico,
microscópico
e imaginário,
mosquito lunar?

sábado, 19 de julho de 2014

João Ubaldo


João Ubaldo!
chutastes o balde
não em baldio,
balde literário, digo.
E já chispastes fora?!
João, e agora,
Ubaldo Ribeiro?
Como ficam teus herdeiros?!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Hexa, Hepta, Octa, Nona...


Hexa, Hepta, Octa, Nona...

O futebol brasileiro é tão superior ao do resto do mundo, já ganhou tantas copas, já cedeu tantas outras, e está tão acostumado com isso – ganhar, ganhar e só ganhar – que pode se dar ao luxo de vencer copas apenas em terras estrangeiras, e em sua própria casa oferecê-las aos menos dotados de habilidade, talento e proficiência na arte de praticar o maior esporte coletivo da humanidade. O Brasil vem adotando, assim, a prática de, quando sediar as copas, sempre doá-las, gentil, educada e humanitariamente, a irmãos menores, tais como: Uruguai, Alemanha e Argentina.
Daí a explicação do estupendo, inesperado, cabalístico e aparentemente incompreensível 7x1 de 08/7 às 17hs no jogo 61 (6+1=7) que antecede o 7º. e último jogo – observem a quantidade de setes envolvidos no evento, o que tem tudo a ver com as 7 letras de Germany: É que havia um sério risco de irmos novamente para o jogo da final e, pior, ganharmos, já que todos os outros possíveis campeões – Espanha, França, Itália, Inglaterra, Gana e Costa Rica – eleitos por nós para, dessa vez, ganhar em nossa casa, já haviam sido eliminados e a Argh..tina (a pior e eternamente rejeitada opção) vinha correndo e ameaçando por fora.
Por isso tivemos que entregar o jogo pra Alemanha, por que era a nossa última esperança, pois somente ela ainda parecia capacitada a barrar os nossos “hermanos” do sul. E tínhamos que entregar por um placar bem dilatado e feito rapidamente, no máximo em 20 minutos, pra não haver risco de os germânicos perderem o pique e também o jogo – vai que o Frederico, louca e inadvertidamente, resolvesse deitar a fazer gol...
(Tá certo que o nome da nossa ex-província, o Uruguai, também tem sete letras, e que ela poderia ser uma boa opção para nos bater por 7x1. Afinal, numa final, já bateram por 2x1, bastava apenas mais cinco. Mas como ela já abocanhou a copa de 1950 e veio com boca muito grande querendo morder também esta, perdeu a boquinha)
Talvez um dia o Brasil se canse de ganhar tantas copas e venha a querer ganhar uma última em casa para fechar com chave-de-ouro os seus séculos de supremacia no cenário futebolístico mundial.
E isso poderá muito bem ocorrer na próxima copa no Brasil, daqui a no máximo uns vintes anos (temos que aproveitar tantos ótimos estádios sobrando, antes que as florestas tropicais os devorem e não sobre nada), para a colocação da décima e derradeira estrela, a de decacampeão, plagiando o América Mineiro – e aí faremos como em certos vorazes jogos de tabuleiro: trocaremos dez estrelinhas verdes por uma grande estrela de ouro, que valha por dez – aliás, poderia ser uma estrela diferente, tipo estrela de Davi, de seis pontas, ou a Mercedes-Benz de três pontas, pra homenagear os alemães; se eu fosse da FIFA eu padronizaria essas estrelas... mas isso já é outra história completamente diferente.
Mas, antes desta nossa decantada decacopa, ou antes que ela realmente decante, pra não perder o cacoete e o costume, venceremos mais algumas copas fora de casa: o Hexa na Rússia, o Hepta no Qatar (ou onde quer que se possa catar), o Octa em... o Nona em...

terça-feira, 8 de julho de 2014

Fireplace


Fireplace

My fireplace on fire,
by the first, and probably
also by the last one, time,
in this our so short winter time.
listening Lana Del Rey’s “Born to die”,
and drinking a good and honest wine.

At the end of the night,
on the fireplace no fire.
But, Lana is still playing
and I have, not hidden,
a last one bottle of wine.

2014, Saturday, 5th July

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Astrolábios


Astrolábios (*)

Segundo a Astrofísica Ocidental:
Cada átomo do seu corpo já foi parte de uma estrela.
Desintegrado, atomizado, em poeiras estelares.
Alpheratz? Arcturus? Antares?
Você veio de qual delas?
Cada elétron, próton, bóson, cada quark-pares,
subatômicas partículas estelares
de pulsantes pulsares.
Energias nucleares.
Ora, pensais sentir estrelas?
Sua luz na cabeça? Seu calor na veia?
Plêiades? Andrômeda? Cassiopeia?
Serão seus braços, majoritários
de um dos braços de Sagitários?
Que constelação toca sua mão?
Que galáxia habita seu cérebro?
Cada célula do seu corpo compõe um universo.
Átomos estelares em moléculas corporais.
Cada asteroide, cada satélite, cada cometa,
cada meteoro, cada sol e cada planeta.
Estilhaços de almas,
de almas estilhaçadas.
Mas, primeiro, a Oriental Metafísica Astral, já havia afirmado:
Cada estrela do universo é parte de espíritos incorporados.
Constituem corpóreas almas imortais.
Mentes e cérebros estrelados.
Estrelas no céu da boca.
Boca nos seus
lábios astrais.

(*) Astrolábio – sm, astr. ant. – instrumento em forma de globo terrestre, que se usava para observar a posição dos astros e medir a latitude e a longitude.

Brumbe (C) 2014 - all rights ahead

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Arquibaldos e Geraldinos


Arquibaldos e Geraldinos (*)

Eu estava ouvindo a música agorinha no rádio, e lembrei de um efeito colateral musical e cultural, negativo, da Copa – não da Copa em si, mas, sim, dessa ditatorial e bitolada padronização global imposta pela FIFA aos estádios brasileiros.
Daqui a alguns anos nenhum brasileiro saberá o quê o Adoniran Barbosa quis dizer nessa sua famosa e popular música em “como um pega na geral” e muito menos o que significa “arquibaldo” e “geraldino”, simplesmente por que a FIFA baniu, destruiu, as arquibancadas e as gerais dos nossos estádios.
(*) As expressões Arquibaldo e Geraldino foram criadas pelo genial Nelson Rodrigues que, entre outras coisas jornalísticas, teatrais e artísticas, foi, e até hoje é, o maior cronista futebolístico do Brasil.
O que a FIFA não entendeu, ou não quis entender, ou não quis nem saber, é que cadeirinhas coloridinhas são para torcidas européias comportadinhas. Elas não comportam as festivas, explosivas e desorganizadas torcidas brasileiras.
Somos livres, folgados e relaxados por natureza, e precisamos de muito espaço pra pular, deitar e rolar. Precisamos fazer imensas e sincronizadas coreografias e acrobacias, grandes ondas e marés humanas, e não apenas simples “olas”. Essas inconvenientes e limitantes cadeirinhas nos emperram, nos engessam. Essas cadeirinhas nos aprisionam.
Daqui a alguns campeonatos estaduais e nacionais quero ver quantas ainda resistirão assentadas. Antes da Copa da Rússia teremos de volta, no Brasil, as nossas largas, dolorosas, calorosas e democráticas arquibancadas-gerais – porque, então, serão somente arquibancadas, sem gerais.
É desnecessário dizer, mas digo assim mesmo, que a reconstrução de estádios, em qualquer país e em qualquer copa, visa (não só visa, mas coca-cola, continental, castrol, etc), acima de tudo, atender aos interesses financeiros e comerciais da FIFA e dos seus parceiros públicos e privados, nacionais e multinacionais, e não a duvidosas e questionáveis benfeitorias para melhorar a acomodação e o conforto do público.
Os nossos antigos e queridos estádios, como o Mineirão, o Maracanã e o Beira-Rio, poderiam sediar perfeitamente qualquer Copa do Mundo em qualquer época do mundo. Não necessitavam de reforma alguma. Exceto a dos WC públicos, pra ninguém sair arrancando vaso sanitário pra jogar na cabeça dos adversários.
Fico pensando no estádio Independência da Copa de 50, todo em concreto sobre tijolo, onde até os estadunidenses e os ingleses jogaram muito bem. Será que os jogadores e os torcedores de hoje são melhores e mais sensíveis do que os de 1950? Pernas e bundas mais delicadas?!
Em prol da memória futebolística nacional: resgatem e restaurem as nossas gloriosas e insubstituíveis arquibancadas, conquistadas palmo a palmo, digo pé a pé, em duras, concretas e gloriosas batalhas campais, digo estadiais. Não somente as fachadas dos nossos estádios, mas também suas arquibancadas, deveriam ser tombadas pelo IPFHAN (Instituto do Patrimônio Futebolístico, Histórico e Artístico Nacional).
Só porque ouvi a musica que diz "como um pega na geral..."

terça-feira, 10 de junho de 2014

Caminhando Através da Parede Zodiacal


Caminhando Através da Parede Zodiacal

(English source-code in the sequence)

Depois de tudo,
enfim, ele estava agindo
como gente, pessoa, unido,
num saudável jogo coletivo.
(ainda que não fosse de Copa do Mundo)

E, nesta última chamada,
ele estava clamando
e tudo fazendo
por um bom acordo,
coisa bem concordada.

Mas, isto não era igual
a estar emergindo,
sem sentimento algum, no fim da jornada,
de uma longa queda, do poço final?

Pois, o objetivo, o gol,
já estava indo,
mesmo não se ouvindo,
para a UTI do hospital.

Bem que ele era um sujeito de boa índole,
mas não sabia nem imaginar
o perigo de ficar jogando, brincando,
com um chacal.

Um sabe-tudo,
que estava apenas mantendo
seu jeito de ir vivendo.
O que poderia ser fatal.

Alguém considerado como mágico,
que poderia muito bem estar fazendo
simplesmente nada
além do normal.

Como que dominando um trauma difícil e doloroso,
ele estava apenas obedecendo
a ordem interior de seguir em frente, ir passando,
sobre qualquer tipo de paixonite sentimental.

Porém, com seu olhar estranho e misterioso,
ele poderia apenas estar questionando:
Porque diabos alguém gostaria de continuar correndo
atrás de uma nova versão de si próprio, nada original?

Este sinal
estava claramente mostrando, dizendo,
ou apenas sutilmente significando,
alguma coisa extremamente típica, banal.

Talvez o universal
entendimento global
da causa fundamental
de o mundo estar valorizando tanto os vândalos,
pontas-de-lança do mal.

(e ele pensava: se quiser comer um bom xis’tudo
não adianta eu ficar aqui imitando
o jeito de todo mundo, bocejando,
porque ficarei desgraçadamente desarrumado)

Então, depois de cair do muro do estádio,
onde ele estava desafiadoramente caminhando,
os olhos do menino giravam como que se ampliando
e, vendo estrelas, correu por todo o cinturão do zodíaco.

Walking Across the Zodiacal’s Wall

After all,
at last, he was acting
like an unique, united, being,
in a healthy game of ball.
(not yet one of the World Cup, at all)

And, in this last call,
he was claming,
and all doing,
for a good deal, well agreed thing.

But, wasn’t it equal
to be emerging,
in the journey’s end, without any feeling,
in the final pool, after a long fall?

Due the target, the goal,
was already going,
even without be hearing,
to the ITU hospital.

All right, he was a guy of good ideal,
but couldn’t help been imagining
such a thing like to stay joking
with a jackal.

One know-it-all
who were just keeping
his way to go living.
What could be lethal.

Someone considered as magical,
who could very well be making
simply nothing
beyond the normal.

whoever that takes over an ordeal
and were just obeying
the core order to go ahead, passing,
over any kind of “passionitic” sentimental.

Otherwise, with his quizzical,
he could be just questioning:
What a hell somebody wants to remain running
for his new no original revival?

This signal
was clearly showing, saying,
or just softly signifying,
about anything extremely typical.

Maybe the universal
And global understanding
of the fundamental cause of the world been valueing
so much the vandals,
arrow’s point of the evil.

(and he thought: if I really want to eat a good x’all,
isn’t enough to stay here xeroxing
the way they are doing it, yawning,
because I’ll be damnly at an yaw)

Then, after fall from the stadium wall,
where he was challengly walking,
the kid’s eyes were spinning as if zooming
and, seeing stars, ran across all the belt of the zodiacal.

(by Brumbe © 2009, reediting his all & ing rhyme series)

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Em Terra de Ninguém

Da série Copa do Mundo em Vídeo Verso

Em Terra de Ninguém

Em terra de ninguém (*)
a gente não sabe se vai ou se vem,
nem eles, nem você, nem eu também,
bem ou mau, mau ou bem.
Em outros casos se diz, porém,
que em casa de qualquer alguém,
caso a porta esteja aberta num guinem,
(ou seja, caso eles muito bem a guinem)
mas, em centímetros, não mais de 100,
qualquer um pode entrar muito bem.
Seja lá pras bandas de Santarém ou Itanhaém,
lá longe, nos calorentos trópicos, bem além,
em chão onde nunca pisou Matusalém,
onde há meio século é terra de ninguém,
(500 anos mais 14, diga-se bem)
sempre se acha alguém, um sô-ninguém,
(um Luis, uma Dilma, um Zé Dirceu,
que, se não é meu nem seu, é de quem?!)
que compre tudo, mesmo o que não convém,
e que se venda baratinho, por apenas um vintém.
Vá, vai lá, que sempre tem.
Mais um circo, sem pão, aí vem.
E os demônios dizem “amém”!

(*) Na verdade, isso aqui não é terra de ninguém.
O dono se sabe quem é, se conhece muito bem.
Mas a ela, ele nunca vem, há quem por ele vem.
Pois mora longe, bem ao norte do Golfo de Darién.


My comment in the facebook:

Pois Copa pra mim é isto: O espetáculo que ocorre dentro das quatro linhas, no campo de futebol, me interessa muito. Mas, o circo político-comercial-explorador-interesseiro que acontece fora dos gramados, extracampo, não me interessa nem um pouco, me dá náuseas e ânsias de vômito.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eletrocardiograma Ampliado e Explicado

Da série Copa do Mundo em Prosa e Verso:

Eletrocardiograma Ampliado e Explicado
(ou reduzido ao amplamente inexplicável)

Num gráfico de volume anual de telecom no mundo
começo a enxergar coisas que eu não explico:
por trás de tudo, no fundo, como pano de fundo,
na curva de tráfego das mídias e seus picos,
vejo reflexos de todas as Copas do Mundo
se alternando com os Jogos Olímpicos.
Será isso o eletrocardiograma do mundo?!
Mais uma vez, estou a ver poesia na engenharia,
com tal interpretação poética de coisa tão hermética?!
Pois é, isso é que dá um engenheiro eletricista
cismar de querer ser técnico humanista,
ousar se ligar em ciências humanas:
No ócio, fugindo do próprio negócio,
troca osciloscópios e microscópios
por telescópios e caleidoscópios,
e ao invés de ver gráficos elétricos,
em simples e retas linhas cartesianas,
começa a enxergar eletrocardiogramas,
e acabará vendo neurônios como meros espectros
em seu próprio e derradeiro eletroencefalograma.

(depois desse Prosão em Verso, para Versão em Prosa,
ver postagem anterior: O Eletrocardiograma do Mundo)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Eletrocardiograma do Mundo


O Eletrocardiograma do Mundo

Num congresso internacional de telecomunicações que assisti no final do século passado, um dos palestrantes apresentou este gráfico, que representa, de forma bem resumida, mas bastante real, o comportamento do tráfego mundial de telecomunicações (telefonia, dados, tv, rádio e internet), em totais anuais, ao longo do tempo – ele apresentou um período de apenas dez anos (1988 a 1998), mas essa forma de onda se repetia igualmente nas décadas anteriores, e, certamente, se repete até hoje.
Observa-se claramente que os anos pares apresentam picos ou aumentos significativos de volume de tráfego, e esses picos ocorrem justamente em meados do ano (meses de junho e julho).
E o que é que acontece no mundo exatamente nesses anos e meses?!
É óbvio que são as Copas do Mundo e as Olimpíadas, que, alternadamente, se repetem a cada quatro anos, e mexem com todo o planeta – na verdade, os picos dos anos de Copa são um pouco mais elevados do que os dos anos de Olimpíadas, mas isso não vem ao caso.
O caso é que desde então, em todos os anos pares, ou seja, ano sim, ano não, quando vai chegando junho, eu não consigo deixar de pensar naquele simples gráfico cartesiano e na sua bela forma de onda cíclica, periódica, quase senoidal.
É claro que o meu colega engenheiro apresentou isso motivado por alguma questão essencialmente técnica, tais como: segurança de rede, interligação de sistemas, integração de redes nacionais e internacionais, maior utilização de cabos ópticos nas interligações, investimento setoriais e globais para incremento das redes, o que esperar (ou não esperar) do Governo Lula nos investimentos, ou coisa que o valha.
Mas eu, engenheiro um tanto quanto renegado, desvirtuado e alucinado, vi naquele gráfico algo muito além dessas políticas de investimentos, dessas técnicas avançadas e dessas estratégias tecnológicas.
O que vi ali foi o Eletrocardiograma do Mundo, de um coração planetário que pulsa mais forte a cada dois anos, com freqüência cardíaca à razão, ao ritmo, de um pulso anual, com picos de onda máximos a cada dois anos.

(Mais uma vez, estou a ver poesia na engenharia,
com essa interpretação poética de coisa tão hermética?!
Pois é, isso é que dá um engenheiro eletricista
cismar em querer ser humanista,
ousar se ligar em ciências humanas:
Troca osciloscópios por microscópios,
e ao invés de ver meros gráficos elétricos,
em simples e retas linhas cartesianas,
começa a enxergar eletrocardiogramas,
e acabará registrando neurônios como espectros
em seu próprio e derradeiro eletroencefalograma)

Um mundo em que a cada dois anos todo mundo se liga, se conecta, esportivamente, em torno dos mesmos interesses, simplesmente por pura diversão, por lazer e nada mais, pra nada mais fazer. Por bem da verdade, por algo mais: competição, vitória, títulos e troféus (e glória e grana).
Mas, em que pese haver nesse espírito competitivo ainda um pouco, ou muito, da alma do animal guerreiro e predador que ainda somos, as Copas e as Olimpíadas têm, pelo menos, o mérito de tentar aglutinar e canalizar esse nosso instinto belicoso para fins mais pacíficos e nobres, por meio de instrumentos bem mais sadios e benéficos do que flechas, machados, lanças, espadas, fuzis, metralhadoras e bombas.
Apesar, também, de toda essa exagerada e perniciosa exploração política, comercial e econômica a que estes eventos estão sujeitos, ajude o coração do mundo a bater cada vez mais forte, curta a Copa, viva a Copa, torça pro Brasil, pra Nigéria, pra Itália, pro Irã, pro Japão ou pro país que você bem quiser (menos pra Argh...tina!).
Outros bilhões de pessoas estarão fazendo isso pelo mundo afora ao mesmo tempo em que você também estará!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

The Absence of Audience

The Absence of Audience
(revised version at the extents)
(in Portuguese in the sequence)

The absence
of audience
had been due to the simple lack of coherence
between the benevolence
and the decency.
Or had it been just by fault of adherence?

At such a conference,
happened a difference:
not like a casual coincidence,
faulted, by the speaker, competence,
and, by the hearers, credence.

It, at last, had needed a good defense,
at least one more dense
glance,
over the essence
of the existence.

Hence,
probably they’ll consider this emergence,
this imminence,
instead to remain building fences
against all and any interference.

The Innocence and the Nonsense

The loss of innocence
can bring more independence
and give license
to the irreverence
of the nonsense,
against the magnificence
of the blind obedience
to the rules of the good science.

In the presence
or in the occurrence
of any offense,
it is better to have prudence
and patience
to avoid bad sentences
and false references
obtained by consequence
of supposed resilience.
It is all about a question of just transparence.

At last, the tense
tendencies
to the violence
and the truculence
can only mean hidden desires to transference
to/from bad senses of conscience.

A ausência de audiência
(versão revisada)

A ausência
de audiência
deveu-se à simples falta de coerência
entre a benevolência
e a decência.
Ou isto aconteceu por pura falta de aderência?

Em tal conferencia,
aconteceu uma diferença:
não como casual coincidência,
faltou, ao orador, competência,
e, aos ouvintes, crença.

Ela necessitava, afinal, de uma boa defesa,
pelo menos de um olhar
mais denso,
sobre a essência
da existência.

Daqui pra frente,
provavelmente eles considerarão essa emergência,
essa iminência,
ao invés de continuar construindo cercas
contra toda e qualquer interferência.

A inocência e a falta de senso

A perda da inocência
pode trazer mais independência
e dar licença
para a irreverência
do nonsense
contra a magnificência
da cega obediência
às regras da boa ciência.

Na presença
ou na ocorrência
de qualquer ofensa,
é melhor ter prudência
e paciência
para evitar maus julgamentos
e falsas referencias
obtidas por conseqüência
de suposta resiliência.
É tudo apenas uma questão de justa transparência.

Afinal, as tensas
tendências
para a violência
e a truculência
podem significar apenas ocultos desejos de transferência
de/para maus sensos de consciência.

(by Brumbe in a conference, from his “ence and ense rhyme series”)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Divine Paranoia (religiously corrected edition)


Divine Paranoia

(religiously corrected edition)

Religious men in a vain and insane race
Are claiming to heavens for a new church
A reliable one, one much fully of grace
In which the common people could trust

If you have a faith, hold it tight
If you don’t, one you must find

Angels are falling through on serious trouble
To get an efficiently faster and digital way
To have better success in guarding people
On their hallucinated high-tech day by day

If you have a faith, throw it away
If you don’t, you better don’t say

Christ consulted the old gospels and bibles
Searching for a good and convincing reason
For has been changed by grenades and rifles
For has been completely left alone in abandon

If you have a faith, very well
If you don’t, go to the hell

Buddha sited again under the honourable tree
Is guessing why his sweet and peaceful words
Instead of making the people’s mind free
Were overthrow by blind and bloody swords

If you have a faith, send it to the hell
If you don’t, you better don’t tell

Mohammed doesn’t simply get to comprehend
How the beautiful teachings of his dear Quran
Written to promote the people’s grow up and stand
Are producing so many crazy killer bomb men

If you have a faith, you’ll never die
If you don’t, you’re lost in the lie

Moses turning the pages of his ancient Torah
Is wondering how this nice and wisdom speech
Just coined to turn the gentiles much better fair
Could be so cannibally replaced by nails and teeth

If you have a faith, you’ll never lie
If you don’t, poor and weak you’ll die

Neither all the Orixás
With all their good iorubas
Succeed to bring here something better
How I would like to say Oxalá!

If you have a faith, you can avoid the capital sin seven
If you don’t, go free to the seventh heaven

God, looking at all his creations, stars and starts,
Is asking himself how to find just one brightly clue
That justify why he has been switched by bosons and quarks
That justify why he has became so untruth and blue

If you have a faith, you’ll go to heaven
If you don’t, think about, at least, seven

Even Kardec, revisiting his beauty and magnificent code,
Is asking himself why he didn’t got its inner matter core:
That his holly spirits are just different forms of life,
Being like us, above us, materially embody under ultra very high
and light quantic energy and electromagnetic frequency forms

If you really are a high and free spirit,
You can choose one or none of it

back chorus or free crying:

If you have a faith, your bad days are gone
If you don’t, it is necessary to find one
If you have a faith, you’re a good man
If you don’t, you are fully damn
If you have a faith, you’re not bad
If you don’t, you are very mad
If you have a faith, you’re mad
If you don’t, you’re not so bad
If you have a faith, get happiness
If you don’t, have only sadness
If you have a faith, you’re loved and adored
If you don’t, you’re hated and bored
If you have a faith, have a lazy
If you don’t, you are crazy
If you have a faith, you’re cool
If you don’t, you’re just fool
If you have a faith, you’re fool
If you don’t, you’re very cool
If you have a faith, it is your end
If you don’t, you’re a great man
If you have a faith, you’re a great man
If you don’t, it is just your end


Divina Paranóia

(edição religiosamente corrigida)

Homens religiosos numa vã e insana corrida
Estão clamando aos céus por uma nova igreja
Uma acreditável, muito mais cheia de graça
Na qual as pessoas comuns pudessem crer

Se você tem uma fé, agarre-a com firmeza
Se você não tem, você precisa achar uma

Anjos estão recaindo em sérios problemas
Para obter um meio digital mais rápido e eficiente
Para ter melhor sucesso na guarda das pessoas
Nos seus alucinantes dia-a-dia de alta tecnologia

Se você tem uma fé, jogue-a fora
Se você não tem, melhor não dizer

Cristo consultou os velhos evangelhos e bíblias
Procurando por uma boa e convincente razão
Por ter sido trocado por granadas e rifles
Por ter sido deixado completamente só e abandonado

Se você tem uma fé, muito bem
Se você não tem, vá pro inferno

Buda novamente sentado sob a honorável árvore
Está elucubrando porque suas doces e pacificas palavras
Ao invés de tornar livres as mentes das pessoas
Foram aniquiladas por cegas e sanguinárias espadas

Se você tem uma fé, mande-a pro inferno
Se você não tem, melhor não contar

Maomé simplesmente não consegue compreender
Como os belos ensinamentos do seu querido Alcorão
Escrito para promover crescimento e altivez nas pessoas
Estão produzindo tantos loucos matadores homens-bomba

Se você tem uma fé, você nunca morrerá
Se não tem, você está perdido na mentira

Moisés folheando as páginas do seu ancestral Torá
Está imaginando como essa bela e sábia escritura
Cunhada apenas para tornar os gentios mais civilizados
Pode ser tão canibalmente substituída por unhas e dentes

Se você tem ume fé, você nunca mentirá
Se você não tem, pobre e fraco você morrerá

Nem todos os Orixás
Com todos os seus bons iorubas
Conseguiram trazer algo melhor para cá
Como eu gostaria de dizer: Oxalá!

Se você tem uma fé, você pode evitar o sétimo pecado capital
Se você não tem, siga livre para os sétimo céu

Deus, olhando todas as suas criações, estrelas e princípios,
Está se perguntando como achar apenas uma brilhante dica
Que justifique porque êle foi trocado por bósons e quarks
Que justifique porque êle se tornou tão não crível e triste

Se você tem uma fé, você irá pro céu
Se você não tem, pense sobre, ao menos, sete (ou vá pro beleléu)

Mesmo Kardec, revisitando seu belo e magnífico código,
Está se perguntando porque ele não chegou ao centro da questão:
Que seus santos espíritos são apenas diferentes formas de vida:
Seres como nós, materialmente incorporados sob formas de
Energia quântica e frequência eletromagnética altamente
Superiores e mais leves do que as nossas

Se você é realmente um espírito livre e superior
Você pode escolher um ou nada disso

coro (ou choro) livre ou coro de fundo:

Se você tem uma fé, seus dias ruins acabaram
Se você não tem, precisa achar uma
Se você tem uma fé, você é um bom homem
Se você não tem, você está danado (ou fudido)
Se você tem uma fé, você não é mau
Se você não tem, você é apenas louco
Se você tem uma fé, você é muito doido
Se você não tem, você não é tão ruim
Se você tem uma fé, tem felicidade
Se você não tem, tem só tristeza
Se você tem uma fé, você é amado e adorado
Se você não tem, você é odiado e aborrecido
Se você tem uma fé, tenha descanso
Se você não tem, você é demente
Se você tem uma fé, você é legal
Se você não tem, você é idiota
Se você tem uma fé, você é bobo
Se você não tem, você é jóia
Se você tem uma fé, é o seu fim
Se você não tem, você é um grande homem
Se você tem uma fé, você é um grande homem
Se você não tem, é o seu fim.

Divine Paranoia (short version)

Priests in an insane race
Are claiming for a church
One really full of grace
In which people could trust

If you have a faith, hold it tight
If you don’t, one you must find

Angels are on serious trouble
To get a faster and digital way
To better guarding people
On their high-tech day by day

If you have a faith, throw it away
If you don’t, you better don’t say

Christ consulted the Bibles
Searching for a good reason
For has been changed by rifles
For has been left alone

If you have a faith, very well
If you don’t, go to the hell

Buddha sited under the tree
Is guessing why his words
Instead of making minds free
Were surpass by bloody swords

If you have a faith, send it to the hell
If you don’t, you better don’t tell

Mohammed doesn’t comprehend
How the teachings of his Quran
Written to promote grow and stand
Are producing so many bombmen

If you have a faith, you’ll never die
If you don’t, you’re lost in the lie

Moses turning the pages of the Torah
Is wondering how this wisdom speech
Coined to turn the gentiles better fair
Can be so cannibally replaced by teeth

If you have a faith, you’ll never lie
If you don’t, poor and weak you’ll die

Neither all the Orixás
With all their good iorubas
Succeed to bring here something better
How I would like to say: Oxalá!

If you have a faith, avoid the capital sin seven
If you don’t, go free to the seventh heaven

God, looking at all his stars and starts
Is asking himself how to find one clue
Justifying why he’s been switch by quarks
Justifying why he’s became so blue

If you have a faith, you’ll go to heaven
If you don’t, think about, at least, seven

Even Kardec, revisiting his magnificent code,
Is asking himself why he didn’t got its matter core:
That his holly spirits are just different forms of life,
Being like us, materially embody under very ultra high
quantic energy and electromagnetic frequency forms

If you really are a high and free spirit,
You can choose one or none of it

(By Brumbe, in one unfaithful 2008's day)

domingo, 6 de abril de 2014

FRANCISCO


Francisco

Francisco chegou!
Maior que todos os rios
Maior que oceanos e mares
Mais importante que as cidades
Reinando mais que reis e majestades
Mais santificado que os santos
Eminente mais que outros tantos
Pontificando mais que o papa recente
Chegando como um segundo sol nascente
Que a nenhum outro se compara
É o primeiro irmãozinho da Clara
Absoluto, uno, ser único
É o meu neto Francisco

sexta-feira, 28 de março de 2014

O Golpe de 1964


O Golpe de 1964

A melhor forma, mais eficiente, mais duradoura, para se paralisar, dominar e destruir um povo é amordaçar, sufocar e aniquilar a sua cultura, a sua educação, os seus costumes, num todo, a sua própria civilização – e os maiores líderes e estrategistas da história (de qualquer naipe: políticos, militares, sociais, religiosos, etc) sabiam perfeitamente disso há milênios.
A história “oficial” nos diz que o que aconteceu no Brasil há cinqüenta anos, no dia 31 de março de 1964, foi uma “revolução” para livrar o país das “garras do comunismo”. Mero, oportuno e conveniente pretexto, pura invencionice, balela, enganação. Mesmo que o governo civil, democraticamente eleito, da época realmente tivesse alguma, ou mesmo muita, tendência socialista, comunista ou “esquerdista”, aquilo não foi uma “revolução anti-comunista”.
Foi um golpe, um Golpe de Estado contra a Nação. E nem importa se foi um golpe militar, civil, religioso, nada disso. O que importa é que foi uma ação premeditada, muito bem orquestrada e eficazmente realizada contra a Civilização Brasileira, sua cultura, sua inteligência, sua educação, seus costumes, seus projetos, seus desejos, seus objetivos, seus anseios, seus sonhos, seu destino. Uma tragédia: o maior crime contra a Civilização Brasileira desde o ano de 1500 dC.
É claro que esse golpe objetivou, acima de tudo, atender os interesses econômicos e financeiros do mundo capitalista visando a manutenção, a solidificação e a escravização do mercado de consumo brasileiro e latino-americano para as “potencias econômicas” do ocidente – é como reza a tese geo-econômico-política estadunidense: para onde for o Brasil, vai toda a América Latina.
Não tenham dúvida de que o Brasil que se desenhava e se projetava a partir das décadas de 1950 e 1960 era realmente uma grande ameaça à hegemonia social, política, econômica e até mesmo militar, das “grandes potencias ocidentais”. Para elas, aquele Brasil poderia desequilibrar fortemente a balança geopolítica, socioeconômica e militar mundial “contra” elas.
Podem ter certeza, também, de que essas “potencias ocidentais” não estavam nem um pouco preocupadas se o Brasil, naquele momento, estava tomando um caminho à “esquerda”, à “direita”, ou qualquer outro caminho que seja, pois todo e qualquer caminho que o Brasil tomasse, por conta própria, por sua livre vontade, por seu livre arbítrio, era extremamente ameaçador, porque significaria que ele estaria de fato adquirindo ou praticando uma coisa muito natural e simples (em três palavras): Independência, Soberania e Poder!
Foi a aniquilação, a destruição, a extinção de uma nação, no sentido maior e mais importante que o conceito de Nação tem e merece ter. Foi o que tantas vezes já vimos acontecer na história da humanidade, quando os mais “fortes” querem neutralizar, dominar ou destruir os mais “fracos”.
Não por acaso, é óbvio, os donos das cabeças pensantes mais importantes e proeminentes da época foram perseguidos, caçados (cassados também), exilados, torturados, mutilados e até mortos. E, pelo menos qualitativa e proporcionalmente falando, no Brasil da década de 1960 havia muito mais gente pensando, mais gente estudando, mais educação, mais cultura, mais inteligência e muito mais gente com capacidade de avaliar e criticar as coisas do que no Brasil da década de 1970 pra cá.
Desde os anos 1970, o sistema escolar e educacional brasileiro vem se degradando, degringolando, piorando continuamente. Quem vê e acompanha a situação desde então, sabe muito bem disso independentemente do que dizem as avaliações e as estatísticas oficiais.
Se você entrasse numa escola universitária nos anos 1970 e perguntasse quem sabia quem era Jean Luc Godard, João Cabral de Melo Neto ou Giuseppe Verdi, certamente pelo menos 40% da turma saberia dizer.
Se você entrar numa faculdade superior, hoje, e perguntar quem sabe quem era Amácio Mazzaropi, Fernando Pessoa ou Chico Science, talvez nem 5% da turma saiba dizer.
Se você aplicasse nessas duas escolas uma mesma prova com apenas essas cinco questões: solucionar um sistema de equações do 1º. grau; conjugar o verbo Recomendar no futuro do pretérito; escrever o enunciado da 1ª. Lei da Termodinâmica; dizer qual é a capital do Canadá; e falar que foi o líder da Inconfidência Mineira; a turma de 1970 tiraria no mínimo nota 6, enquanto que a turma de 2014 talvez nem chegasse a 2.
Os resultados, as conseqüências sociais, políticas, econômicas, financeiras, educacionais, culturais, e até religiosas, do Golpe de 1964, são trágicos, vergonhosos, lastimáveis, e estão aí agora, na nossa cara, principalmente nas periferias das grandes cidades e no interiorzão do país - aparentemente salvaram-se apenas parte das classes A e B que sofreram, direta e literalmente, o golpe na cabeça.
Agregue-se a isso, fechando o quadro negro, a nossa maior desgraça nacional, que hoje impera principalmente nos gabinetes executivos públicos e privados, a qual, em última instancia, é fruto (podre) desse cinqüentenário estado educacional e cultural brasileiro: a corrupção desenfreada e generalizada.
Será que isso vem acontecendo por pura incompetência, omissão ou displicência nossa? Foi um terremoto, um tsunami, um cataclismo, um dilúvio que se abateu sobre a nossa terra? Ou não será que foi um “fato extraordinário”, uma “ação inesperada”, uma “força oculta” que se impôs?
E qual é a melhor forma de provocar essa tragédia de modo mais eficiente, e por longo prazo, se não aniquilando a inteligência, a educação, a cultura e, principalmente, a capacidade de avaliação crítica de um povo?
E como manter a dominação e a escravização mental e intelectual de um povo nos tempos atuais? Como, no século XX, poderia ser feita a inicialização e a manutenção dessa ignorância generalizada?
Vamos responder isso em duas etapas: a primeira falando da ação inicial, momentânea, que preparou, alimentou e deflagrou o Golpe, e a segunda explicando a ação permanente, duradoura, que manteve, solidificou e perpetuou o Golpe.
A primeira, como prova da montagem do Golpe, da intervenção e da própria ação de apropriação, vale citar apenas uma, mais objetiva e contundente: o uruguaio Eduardo Galeano, um dos maiores historiadores latino-americanos, no seu livro As Veias Abertas da América Latina, apresenta: “Na ocasião do golpe de Estado contra João Goulart, os Estados Unidos tinham no Brasil a sua maior embaixada no mundo. Lincoln Gordon, o embaixador, treze anos depois reconheceu para um jornalista que, já tempos antes do golpe, seu governo vinha financiando as forças que se opunham às reformas (Reformas de Base do Governo Goulart). ‘Que diabo’, disse Gordon, ‘isto era mais ou menos um hábito naquele período (...) a CIA estava acostumada a dispor de fundos políticos’. Na mesma entrevista, Gordon explicou que, nos dias do golpe, o Pentágono enviou um porta-aviões e quatro navios-tanques às costas brasileiras, ‘para o caso de as forças anti-Goulart necessitarem de ajuda’. Esta ajuda, esclareceu, ‘não seria apenas moral. Nós daríamos apoio logístico, abastecimento, munições e petróleo’. [Revista Veja, No. 444, de 09 de Março de 1977).
Para a segunda, infelizmente não achei as provas, pois como é de costume na história da humanidade quando a “história” que vale é aquela contada pelos “vencedores”, parece que tais provas já foram por demais escondidas, camufladas, maquiadas ou simplesmente extintas, apagadas, deletadas.
(Portanto, não posso falar sobre isso. Mas lanço a questão, repetindo: Como manter a dominação e a escravização mental e intelectual de um povo nos tempos atuais? Como, no século XX, poderia ser feita a inicialização e a manutenção dessa ignorância generalizada? Isso eu mesmo respondo, é muito simples: como um bom, eficiente, abrangente e monopolista meio de comunicação (TV, por exemplo) que faça constante e maciçamente a propaganda, a divulgação massacrante, dos interesses políticos, sociais e econômicos do dominador. Agora, para você responder: Você conhece alguma grande rede de comunicação brasileira que se expandiu espantosamente rápido, através de negociações, aquisições e associações um tanto obscuras e suspeitas, exatamente a partir de 1965, e que se encaixa perfeitamente como sendo o “meio” acima descrito? Pois uma das provas “apagadas”, da qual me lembro, se referia a um certo “presentinho”, “de grego”, dado pelo governo estadunidense ao Brasil, via ABC (American Broadcasting Company) e/ou Grupo Time-Life, como retribuição e agradecimento pelo sucesso do Golpe).
Muita gente diz hoje em dia, e eu concordo muito, mas parcialmente, que para desenvolvermos a nação e o país, dependemos somente de nós mesmos, principalmente privilegiando e incrementando, e muito, a Educação do povo (isto é claro: um povo ignorante é muito mais facilmente dominado). Concordo plenamente que a Educação é a chave-mestra para a soberania, o desenvolvimento e a independência de um povo, Só receio (daí a minha concordância parcial) que isso vá demandar muito mais tempo do que pensamos (décadas, talvez mais que um século), porque o golpe de 1964 feriu de forma pontual, cirúrgica e profunda exatamente isso: a nossa Educação e a nossa Cultura – investimentos que requerem longo prazo para dar resultados.
O Golpe de 1964 nos presenteou ainda, com grande e trágica ironia, como efeito colateral perverso, retardado (retardado mesmo, em todos os sentidos), o advento do Lula e sua Turma, agora nos anos 2000, pois “eles” são um subproduto, uma conseqüência indireta (ou direta mesmo), de 1964 – assim como o povo que os elege.
Se a cultura e a civilização brasileira, inclusive sua democracia, tivessem seguido seu curso de evolução natural nesses últimos cinqüenta anos, sem nefastas e danosas interferências externas do tipo desse golpe, dificilmente teríamos Lulas no Brasil de hoje, e muito menos antes.
Em outras palavras: numa Civilização Brasileira como a que deveria ter se desenvolvido após os anos 1960, seria muito difícil o surgimento de lideranças sócio-políticas com o perfil do Lula, simplesmente porque não teriam a quem liderar (a não ser que o Lula tivesse curso superior, pós-graduação, doutorado ou mestrado e larga experiência política anterior em outros cargos executivos públicos – mas, no caso, a sua capacidade e poder de liderança estariam na mesma medida, proporção e peso da capacidade de avaliação e crítica dos seus liderados, que, certamente, não seriam apenas operários; haveria médicos, engenheiros, veterinários, físicos, arquitetos, matemáticos, psicólogos, sociólogos, psicanalistas, advogados, juízes, músicos, artistas, industriais, comerciantes, professores, publicitários, estudantes ...)
Se não tivesse ocorrido o Golpe de 1964, talvez até passássemos por algum tipo de experiência política esquerdista, socialista ou até mesmo comunista – o que poderia ter sido bastante salutar para os músculos, os nervos, o cérebro e a alma da nossa democracia. Quantas grandes, fortes e seculares democracias do mundo, principalmente européias, já não passaram por isso e sobreviveram, se mantiveram, ainda melhor e mais sólidas?! Porém, esse direito pleno e inalienável nos foi descarada, covarde e criminosamente roubado no dia 31/03 daquele ano.
Mas, caso a tivéssemos, com certeza essa experiência teria causas, motivações e conseqüências completamente diferentes das desses insanos, irreais e utópicos Lulismos e Chavismos que tentam se alastrar por aí. Teria sido uma experiência melhor ou pior? Impossível dizer. Mas, o simples fato de poder ter a oportunidade e a liberdade de experimentar qualquer tipo de modelo ou regime político já é, em si, algo tremendamente positivo.
Pra finalizar à moda brasileira, de um jeitinho um pouco mais relaxado, irônico e engraçado: Sabiam que os militares resolveram aplicar o golpe no dia 31/03 só pra não cair no 1º. de Abril, Dia da Mentira?! Verdade! E que nos Estados Unidos da América esse mesmo dia, o 1º. de Abril, é o Fool’s Day deles, mas que tem um significado ligeiramente diferente do nosso: Dia dos Bobos?! Pois é, e até deveríamos ter traduzido e abrasileirado isso melhor: o Fool’s Day deles seria o nosso Fudei!

quarta-feira, 26 de março de 2014

31/03/14


31/03/14

Não há nada a comemorar, é somente para lembrar,
para nossos mútuos pêsames, nosso íntimo pesar.
E nem mesmo lembrar para que não se repita,
nem ao menos para que se pense, se reflita,
porque não há necessidade de se repensar, não tem jeito,
algo que há muito está irremediável e desgraçadamente feito!
Trinta e Um de Março de Mil, Novecentos e Sessenta e Quatro.
Enganador, maquiavélico, de fantoches e marionetes, teatro!
São os cinqüenta anos, o cinqüentenário,
do nosso infame e permanente calvário!
Um dos dias mais tristes e vergonhosos,
desdenhosos, escabrosos e calamitosos,
da História do Brasil e do Mundo!
Dia trágico, sujo, falso, imundo.
O dia em que o Brasil perdeu a grande chance de realmente
começar a ser uma país livre, forte, soberano e independente,
para, mais uma vez, se tornar uma simples colônia periférica
de outro grande império do norte, agora da própria América!
Triste e desgraçada sina colonial,
selada por impérios do norte glacial:
começou com o velho império central,
ameaçou pender pra um império oriental
e acabou se dando a um império ocidental.
E bem que o Brasil poderia ter sido, nada mal,
um neutro, belo, alegre e festivo império tropical.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Primeira Lei da Termodinâmica


Primeira Lei da Termodinâmica ou Princípio de Conservação da Energia

Uma colônia de amebas, um formigueiro, uma colméia, uma planta, uma árvore, o corpo humano ou o de qualquer ser vivo (e mesmo morto), um carro, um avião, uma cidade, um país, uma usina nuclear, o nosso cérebro ou qualquer outro animal, planetas e estrelas, uma galáxia, o próprio universo (ou multiversos), tudo, absolutamente tudo, funciona segundo a Primeira Lei da Termodinâmica – que, doravante, chamaremos apenas de PLT (favor não confundir com CLT, que é outra coisa completamente diferente).
A PLT foi descoberta e desenvolvida – porque as leis fundamentais da Física, da Química e da Matemática não são criadas nem inventadas por ninguém, pois já estão na natureza e no universo desde o princípio dos tempos; são, sim, simplesmente descobertas e desenvolvidas – pelo cientista francês Sadi Carnot (1824). Na verdade, muitos cientistas, até mesmo gregos de 100 anos AC, pesquisaram e estudaram a termodinâmica, mas, o primeiro que esboçou os princípios físicos e matemáticos da PLT, foi esse francês.
A forma ou expressão mais simples para explicar e entender a PLT é a seguinte: [E=T-C] Em qualquer sistema dinâmico, aberto ou fechado, a Energia(E) absorvida é igual ao Trabalho(T) realizado menos o Calor(C) liberado. Pois, para que qualquer trabalho seja realizado é necessário que haja um certo dispêndio de energia e, de quebra, ainda há liberação de calor, ainda que mínimo. É desnecessário dizer (mas eu digo assim mesmo) que todo trabalho que se preze produz alguma coisa.
E praticamente tudo no nosso universo pode ser entendido como sendo um sistema dinâmico, animal, vegetal, mineral, mecânico, elétrico, eletrônico, etc – exceção, talvez, apenas para uma simples pedra (ainda assim, segundo a Física Quântica, nos níveis subatômicos até mesmo as pedras são sistemas dinâmicos).
Porém, a energia absorvida nunca é totalmente transformada em trabalho útil, e sempre há uma parcela, mínima que seja, que é transformada em calor, útil ou não. Não há máquina, organismo ou processo, por mais perfeito e “ideal” que seja, que consiga transformar toda a energia que consome em trabalho útil, e sempre há perdas, sob a forma da própria energia ou de calor – lembrando que o calor também é uma forma de energia.
Seu carro, por exemplo, transforma em trabalho útil (movimento) apenas 30% da energia gerada pela queima do combustível, o resto, 70%, é transformado em calor desnecessário, que é despejado no meio ambiente – na verdade, mais cedo ou mais tarde, esse calor “inútil” um dia voltará a realizar algum tipo de “trabalho” no meio ambiente onde foi descartado (o derretimento de uma geleira no Ártico pode ser um exemplo típico disso), reequilibrando, assim, o balanço de energia do sistema maior, no caso, o próprio planeta.
Portanto, o balanço final de energia de qualquer sistema dinâmico é sempre igual ou maior que zero, e nunca menor. É zero quando a energia, o trabalho e o calor gerados permanecem dentro do próprio sistema, e é maior que zero quando parte disso, ou tudo, é liberado ou transmitido para outros sistemas menores ou maiores – até, eventualmente, chegar ao sistema final: o próprio universo.
A PLT tem tudo a ver com outra lei famosa, uma sua irmã mais velha, similar e complementar, aquela de outro francês, o Antoine Lavoisier (~1780): “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” – mas isso já é uma outra história. Por isso, é importante ressaltar também que, segundo a PLT, a Energia ou os Teragigaquatrilhões de Megakilowatts, que havia no primeiro micromilisegundo após a ocorrência do Big-Bang é exatamente igual ao somatório de todo o calor ou energia, cinética ou potencial, que há, agora mesmo, em todo o universo.
Assim, tudo, desde os aglomerados de vírus e bactérias até as galáxias e o universo inteiro, passando pelas complexas sociedades humanas e até mesmo as comunidades espirituais localizadas em torno do orbe terrestre - aliás, eles, os espíritos, mais do que ninguém, pois trabalham diretamente com energia pura –, funciona de acordo com a PLT.
A PLT é tão importante que há séculos é referenciada, citada e “aplicada” – mesmo que as pessoas não saibam disso – em áreas do conhecimento humano bastante distintos da matemática, da física e da química, como, por exemplo, na medicina (funcionamento dos órgãos do corpo humano), na economia (comportamento dos mercados de bens e de capitais) ou na psiquiatria (princípios básicos da loucura: absorção e interiorização do conhecimento (energia), compreensão, discussão e tratamento do conhecimento (trabalho), e comunicação e exteriorização do conhecimento (calor) – aliás, é exatamente isso que eu estou tentando fazer agora, digitando essas 967 palavras).
Se Deus realmente existe e se foi Ele mesmo quem criou o universo, com certeza Ele utilizou as Leis da Física para poder fazer isso. Se foi assim, também podem estar certos de que a Primeira Lei que Ele teve que obedecer foi a PLT. Sim, porque pra sair por aí criando coisas a torto e a direito, e ser um criador ecologicamente correto, Ele necessariamente tinha que saber que tudo que Ele criasse consumiria energia, produziria trabalho e geraria calor, muitas vezes como subproduto totalmente desnecessário.
A Segunda Lei da Termodinâmica, a SLT (novamente, favor não confundir com CLT), também é muito importante e particularmente interessante para mim – sujeito apocalíptico confesso – devido ao que ela estabelece com relação à entropia dos sistemas fechados ou sua tendência natural à desordem, à degradação e ao caos generalizado. Mas isso fica para outra oportunidade – se o universo não entrar, brevemente, nesse caos irreversível em direção ao colapso final (o Big-Crunch).
Por último, vale notar que, em última instancia, enquanto a PLT diz como as coisas se criam e se desenvolvem, a SLT diz como elas começam, imediatamente depois, a se degenerar e se destruir. É como dizia o Vinicius de Morais: “a gente mal nasce e já começa a morrer”.