quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Tempus Ventus


Tempus Ventus
(Vento da hora)

Se há demora
o tempo a leva embora
no passar das horas
sem demora.

E fica o mormaço de um nunca mais
e um vento que sopra o jamais
de uma nova brisa nos quintais.

Um vento que não sopra jamais
Um tempo sem nada mais
Uma trava em todos os portais.

Tempo que vira vento
Vento que não vira tempo

É um tempo que flui como o vento.
É um vento portador de vagas imemoriais
que se quer inutilmente passar por tempo.

E a tua demora
é o tempo que vai embora
deixando apenas um jamais
com gosto de nunca mais.

Quando lhe dei meu tempo
você o levou como vento
sem menos nem mais.

Sim, senhora!
Deixou os meus aposentos irreais
perdeu a hora e foi embora
para nunca mais.

E agora?
Ficou só o vento frio que trespassa os vitrais.
Calor nessas horas?
Só se eu botar fogo nesse ap sem demora,
queimando cadeiras, livros, revistas e jornais!

Leblon, inverno de 2003.

(quando escrevi
lembrei e entendi
as ruas que percorri
nisso que Adriana diz:
“caminho ao longo do canal
faço longas cartas pra ninguém
e o inverno no Leblon é quase glacial”)

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