Alguém irremediavelmente viciado em escritas e estrelas, projetando palavras interiores em espaços exteriores.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
a mala
uma mala apavorada
Quando estive em Jerusalém, agorinha em junho passado, na Jerusalém de Cristo, Maomé, Moisés, Arafat e Oz, vi um belo banner ou cartaz de Amós Oz falando de paz, paz entre israelenses e palestinos, claro. E fiquei pensando: quem dera que o Oz fosse o tal mágico e pudesse nos agraciar com essa fantástica e linda magia, a paz (ficaria muito bonito até como manchete de jornal: A Paz de Oz!) Mas, logo me veio aquele sempre triste, desalentador e realista pensamento: coitado, nem que ele fosse o Mágico de Oz ele conseguiria tal incrivel magia. Daí, não sei porque, talvez inspirado pelos ares de Jerusalém, comecei a pensar em Arca da Aliança, Arca de Noé e coisas arcaicas desse tipo. Foi quando me lembrei da mala! Aquela apavorante mala quase abandonada! Acontecera poucos dias antes, logo que pisei em Israel, ainda no aeroporto. Imaginem a cena: 6 da manhã, aeroporto totalmente vazio, eu esperando até 8h pra pegar o primeiro bus pro hotel, sento pra dormir um pouco. De repente, numa cadeira próxima, chega uma senhora, uns 75 anos, bem apressadinha e aparentemente muito nervosa, com uma mala e uma bolsa Abre mala, abre bolsa, troca coisas da mala pra bolsa, e vice-versa, tudo muito rápido, fecha bolsa, fecha mala, pega a bolsa, e vai embora correndo... e deixa a mala pra trás! Imaginem de novo: 7 da manhã, eu sentado numa cadeira no Aeroporto Ben-Gurion, em Israel, com uma mala abandonada quatro cadeiras à minha esquerda! Eu e a mala, a mala e eu, só e abandonados! No principal aeroporto de Israel! Claro que fiquei simplesmente apavorado! Levantei e fui atrás da dona, lógico: lá ia ela correndo pelo imenso corredor dos check-in, quando a vi parar num deles lá no final. Felizmente, quando eu já ia cheguando perto vi que ela, naquele exato momento, se assustou, olhou pro chão, não viu a mala e saiu correndo de volta, e nem me viu. Voltei também, para me assossegar de que ela pegaria mesmo a mala. Ela pegou a mala, voltou pro check-in, e eu voltei a me sentar sossegadamente pra esperar o bus das 8h chegar. Depois de novamente acomodado na cadeira, já meio novamente sonolento, é que vi que havia uma câmera de vigilância direcionada bem para aquelas cadeiras, bem encima de mim, como, claro, há em todo bom aeroporto. E dormi pensando no que pensariam os agentes de segurança israelenses quando vissem aquela cena...
foto by Brumbe: aeroporto Ben-Gurion, Israel
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
PEDRO
Pedro, o quinto neto
Irmão da Clara, do Francisco e da Cecília
Priminho da Paula
Pedro, a quinta pedra fundamental, essencial, majestosa e vital
Quintessencial
Que tenhas, sim, da pedra, a solidez e a firmeza
(mas nunca a dureza)
E que sejas, então, como a sua construção, flexibilidade e lindeza
Pedro, que saibas sempre da pedra a fortaleza e a beleza!
(e, como bem lembra o seu nome,
que curtas bastante rock,
inclusive os stones)
(e, como levas o nome do 1o. Papa,
decidistes nascer no dia de Jesus!)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
presepício
presepício
mais um dezembro badalando seu solstício
milhares de lindos pacotes balançando
nos corredores do hospício
comemoram algum supremo, divino e redentor evento natalício?!
disso não vejo o menor indício!
é só um vício... quanto desperdício!
e o mundo segue avançando pro precipício.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
uns dias nas baías
que alegria!
como diz Caetano:
é só alegria, alegria!
e quase todo ano,
nos fim de janeiro,
pra me sentir inteiro,
como todo bom mineiro,
antes que chegue fevereiro,
vou passar uns dia
lá na Bahia!!!
sábado, 15 de dezembro de 2018
sábado, 24 de novembro de 2018
angels
my angels of the dawn
with the light off,
by candlelight,
are caring for
me, myself alone,
and my glass of wine
(in fact, it is light of electric
I did not say it,
just to not break the metric)
meus anjos da madrugada
com a luz apagada,
à luz de velas,
velam, zelam,
por mim sozinho,
eu e minha taça de vinho
(na verdade, é luz elétrica
eu só não disse,
pra não quebrar a métrica)
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
arrives and departures
partidas e chegadas
quis o inescapável destino
que eu cumprisse o meu destino
onde se vê donde se vai e vem
para/de todo e qualquer destino
(acho que é por isso que eu gosto tanto de viajar, rsrsrsrs)
foto by brumbe, da sua varanda nos confins do mundo: um avião aterrisando na cabeceira noroeste de Confins
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
umbrella
an umbrella!!!
Andava eu pelo centro de Istambul num dia chuvoso, em junho passado, quando reparei que as pessoas estavam olhando pra mim de um jeito mais estranho que o normal - pois eu, como estranho que sempre sou, em terras estrangeiras sempre sou meio visto mais estranho ainda.
Até que notei que eles olhavam mais, e de modo meio assustado e até amedrontado, era para a minha mão, mais precisamente pro objeto que eu carregava na mão direita.
Começou a chuviscar e eu abri o objeto, e, então, eu é que achei estranho a repentina falta de interesse e até um certo alívio das pessoas.
Logo depois, entrei numa loja, fechei o objeto, e ouvi o rapaz da loja, que falava razoavelmente inglês, exclamar: "it is an umbrella!!" (é um guarda-chuva)
Incrível isso: tive que explicar de onde eu era e como conseguira aquele estranho guarda-chuva dobrável! Na Turquia não conhecem isto!
Só mais tarde, na segurança do meu quarto de hotel, é que conclui a razão do estranhamento e até do medo das pessoas: aquilo parecia uma arma! E num país com uma história recente tão cheia de atentados, revoluções e até guerras civis, este receio é, infelizmente, natural.
E vi como corri o risco de ser novamente detido por agentes da polícia local, no exterior!
(Lembrei dessa estória porque hoje o meu neto Francisco, 4 anos, também disse que isto parecia uma arma!)
domingo, 21 de outubro de 2018
Luzia
Luzia
Lá vai Luzia, a mulher sem cabeça que por essas bandas se via. Ela mesma, a Luzia da Paleontologia, que há mais de 10.000 anos por aqui vivia, e morreu, ali pertinho, bem por detrás daqueles morros(*)
Pois é, a mulher que mudou, ou nos fez entender melhor, a história do povoamento e da própria civilização de todo o continente americano, teve seus restos mortais encontrados bem ali, a menos de 10 km da minha casa. Desconfio até que já vi seu ectoplasma decapitado vagando pelas beiras dessa lagoa e por esses matos afora, onde eu costumo também caminhar e vaguear.
Mulher forte, valente, predestinada! Enfrentou eras e eras de frio e de fogo, e "sobreviveu" para nos contar a nossa história! Ela já viu, inclusive, sua primeira casa, sua caverna, ser destruída por explosões de dinamite, pela ganância dos homens. E já, também, viu seu museu, sua última casa, ser abandonado e incendiado, pelo desprezo dos homens.
Pobre Luiza! Da última vez que a vi, meses atrás, ali na beira da lagoa seca, ela me parecia mais triste e desconsolada do que nunca, como se tivesse perdido a cabeça de vez, lá nos confins do mundo!
Ah, mas amanhã de manhã eu tenho que ir lá correndo para falar pra ela:
Não fique triste não, Luzia! Ontem acharam a sua cabeça de novo! (Meio queimada, esturricada, é verdade. Mas, tem problema não, ela já está muito acostumada com isso)
(*) Foto by Brumbe, da sua varanda: os restos mortais da antiga Lagoa do Sumidouro, no Parque Estadual do Sumidouro. Seguindo adiante, por trás dos morros, encontra-se Confins, inclusive o aeroporto (**) e a Lapa Vermelha (atual mina de calcário fornecedora das indústrias cimenteiras da região) onde morava Luzia.
(**) A propósito, se você costuma viajar de avião e passa por BH, fique sabendo que a caverna da Luzia era bem no final da pista, distante apenas 1 km da cabeceira noroeste: você passa exatamente por cima donde estava a cabeça dela!
sábado, 13 de outubro de 2018
rosas brancas
Minha simples, humilde e discreta roseira branca,
plantada lá num canto esquecido do jardim
Fica o ano inteiro pelada, desrosada,
pouco ou nada tratada e cuidada
A gente vai e vem e passa,
e mal mal nota a sua presença
Mas, uma vez por ano, as suas lindas rosinhas brancas,
nos presenteiam com sua beleza, seu perfume e sua graça
plantada lá num canto esquecido do jardim
Fica o ano inteiro pelada, desrosada,
pouco ou nada tratada e cuidada
A gente vai e vem e passa,
e mal mal nota a sua presença
Mas, uma vez por ano, as suas lindas rosinhas brancas,
nos presenteiam com sua beleza, seu perfume e sua graça
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
trinta livros
Trinta Livros
Nunca consegui pensar em só 10 livros, ou apenas 20, que mais marcaram minha vida. Mas, consegui listar 30 (em que pese meus "marcantes" totalizarem, seguramente, mais de 50, se não 100!) Aí vão os 30 (em ordem alfabética pelo título em português, e sem os artigos definidos A, O, As, Os):
Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll
Apanhador no Campo de Centeio - J D Salinger
Capitães da Areia - Jorge Amado
Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez
Fundação - Isaac Azimov
Gaia Ciência - Friedrich Nietzsche
God - Reza Aslan (original em inglês)
Hamlet - William Shakespeare
Homem e seus Simbolos - Carl Jung
Homem que Calculava - Malba Tahan
Incidente em Antares - Érico Verissimo
Livro do Desassossego - Fernando Pessoa
Livro dos Espíritos - Allan Kardec
Lobo da Espepe - Hermann Hesse
Lord of The Rings - JRR Tolkien (original em inglês, todos os volumes)
Meditações Metafísicas - René Descartes
Memórias do Subsolo - Fiodor Dostoiévski
1984 - George Orwell
Miseráveis - Victor Hugo
Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto
Política - Aristóteles
Ponto de Mutação - Fritjof Capra
Príncipe - Nicolau Maquiavel
Processo - Franz Kafka
República - Platão
Tao da Física - Fritjof Capra
Uma Breve História do Tempo - Stephen Hawking
Universo Elegante - Brian Greene
Veias Abertas da América Latina - Eduardo Galeano
Coincidentemente, ou não, o único autor que cito aqui duas vezes, Fritjof Capra, é o único, dessa lista, que eu conheci pessoalmente. Ele esteve no Brasil, inclusive em BH, em 2003 para um ciclo de palestras, e eu tive o prazer de participar de uma rodada de perguntas (só não me lembro mais da resposta, muito menos da pergunta! rsrsrsrs)
Nunca consegui pensar em só 10 livros, ou apenas 20, que mais marcaram minha vida. Mas, consegui listar 30 (em que pese meus "marcantes" totalizarem, seguramente, mais de 50, se não 100!) Aí vão os 30 (em ordem alfabética pelo título em português, e sem os artigos definidos A, O, As, Os):
Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll
Apanhador no Campo de Centeio - J D Salinger
Capitães da Areia - Jorge Amado
Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez
Fundação - Isaac Azimov
Gaia Ciência - Friedrich Nietzsche
God - Reza Aslan (original em inglês)
Hamlet - William Shakespeare
Homem e seus Simbolos - Carl Jung
Homem que Calculava - Malba Tahan
Incidente em Antares - Érico Verissimo
Livro do Desassossego - Fernando Pessoa
Livro dos Espíritos - Allan Kardec
Lobo da Espepe - Hermann Hesse
Lord of The Rings - JRR Tolkien (original em inglês, todos os volumes)
Meditações Metafísicas - René Descartes
Memórias do Subsolo - Fiodor Dostoiévski
1984 - George Orwell
Miseráveis - Victor Hugo
Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto
Política - Aristóteles
Ponto de Mutação - Fritjof Capra
Príncipe - Nicolau Maquiavel
Processo - Franz Kafka
República - Platão
Tao da Física - Fritjof Capra
Uma Breve História do Tempo - Stephen Hawking
Universo Elegante - Brian Greene
Veias Abertas da América Latina - Eduardo Galeano
Coincidentemente, ou não, o único autor que cito aqui duas vezes, Fritjof Capra, é o único, dessa lista, que eu conheci pessoalmente. Ele esteve no Brasil, inclusive em BH, em 2003 para um ciclo de palestras, e eu tive o prazer de participar de uma rodada de perguntas (só não me lembro mais da resposta, muito menos da pergunta! rsrsrsrs)
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sábado, 15 de setembro de 2018
botina velha
Botinas velhas
Hoje aposentei minha botina velha,
puida, surrada, curtida, esfarrapada
Mas, fica uma grande saudade dela,
dos caminhos que percorri com ela
sob dias de sol, chuva, lama, poeira
e em noites nubladas ou estreladas
RIP, minhas velhas companheiras!
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
Tá pronta!!!
Tá pronta!!!
Enfim, exatamente
depois de um ano e meio
(pra crianças até 1m e meio)
está pronta por inteiro
a casinha na árvore,
a casa do cajueiro,
que eu só, e somente,
mais o espírito das árvores,
construímos pros meus netos
e pros netos de toda a minha gente
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
inclusão ou exclusão ?
Incluir ou Excluir?!
Há tempos já não penso em Esquerda ou Direita, em Capitalismo ou Socialismo, em Ocidente ou Oriente, Norte ou Sul, "1os. Mundos" ou "2os. Mundos", ou em dualidades desse tipo.
Há muito só vejo no mundo uma outra preponderante modalidade desse antagônico, milenar e anacrônico dualismo político, seja ela inerente, consequente, subjacente ou pertencente, ou não, às bipolaridades anteriormente colocadas:
O Inclusivo e o Exclusivo, o Exclusivista e o Inclusivista, o Inclusivismo e o Exclusivismo, ou seja: quem quer excluir e quem quer incluir (os outros).
Pense nisso:
O sistema sócio-político-econômico, a ideologia, a filosofia, os princípios, o partido político que você apoia/adota/devota e o seu devoto candidato à presidência (ou à qualquer outra coisa), defendem e pretendem praticar políticas, programas e ações que EXCLUEM ou que INCLUEM outras pessoas, outros grupos e classes sociais, outros povos e etnias, outras regiões e territórios, outras tribos e facções, outros pensamentos, ideias, desejos e ideais, a diversidade, a variedade, a multiplicidade, outras opções sexuais e preferências sentimentais, atividades não-comerciais, simples rituais existenciais, práticas transcendentais, outras filosofias de vida, vidas mais filosóficas e menos robóticas, outras religiões, credos e seitas ("aceitas" ou "não aceitas"), outras opiniões, etc... 'inclusive' outras posições políticas?
Escolha: você quer Inclusão ou Exclusão?
(Sei que, por esse post, há grande chance de eu ser "excluído" de muitas listas de amigos. Fazer o quê? Só esperar novas "inclusões", ou não. rsrsrs)
Há tempos já não penso em Esquerda ou Direita, em Capitalismo ou Socialismo, em Ocidente ou Oriente, Norte ou Sul, "1os. Mundos" ou "2os. Mundos", ou em dualidades desse tipo.
Há muito só vejo no mundo uma outra preponderante modalidade desse antagônico, milenar e anacrônico dualismo político, seja ela inerente, consequente, subjacente ou pertencente, ou não, às bipolaridades anteriormente colocadas:
O Inclusivo e o Exclusivo, o Exclusivista e o Inclusivista, o Inclusivismo e o Exclusivismo, ou seja: quem quer excluir e quem quer incluir (os outros).
Pense nisso:
O sistema sócio-político-econômico, a ideologia, a filosofia, os princípios, o partido político que você apoia/adota/devota e o seu devoto candidato à presidência (ou à qualquer outra coisa), defendem e pretendem praticar políticas, programas e ações que EXCLUEM ou que INCLUEM outras pessoas, outros grupos e classes sociais, outros povos e etnias, outras regiões e territórios, outras tribos e facções, outros pensamentos, ideias, desejos e ideais, a diversidade, a variedade, a multiplicidade, outras opções sexuais e preferências sentimentais, atividades não-comerciais, simples rituais existenciais, práticas transcendentais, outras filosofias de vida, vidas mais filosóficas e menos robóticas, outras religiões, credos e seitas ("aceitas" ou "não aceitas"), outras opiniões, etc... 'inclusive' outras posições políticas?
Escolha: você quer Inclusão ou Exclusão?
(Sei que, por esse post, há grande chance de eu ser "excluído" de muitas listas de amigos. Fazer o quê? Só esperar novas "inclusões", ou não. rsrsrs)
domingo, 19 de agosto de 2018
oratório
oratório
Entre portas fechadas,
ocultas, lacradas,
permanentemente trancadas,
há um pequeno oratório,
pseudo genuflexório,
pra onde se levam dores,
se elevam fervores,
se destravam temores,
se matam horrores
Oratório de preces devotadas,
ungidas, expurgadas,
cantadas e sacramentadas
Mas, tem nada de cristos, virgens,
anjinhos ou santinhos
É apenas onde eu guardo os vinhos
que bebo pelas madrugadas
sonhando com a mulher amada
Foto by Brumbe do seu oratório-adega
(pra cada oração, uma garrafa)
terreios
é uma meia-lua,
descendo inteira,
à meia noite e meia,
meio cheia, nas beiras,
bem no meio do meu terreio,
resplandecendo todas as clareiras.
sexta-feira, 17 de agosto de 2018
queijo cruzado
da minha nova série engasgastronômica
(dos engasgos astronômicos)
Receitas Caluniárias do Dia após Dia
(Capítulo sobre Sobremesas):
Queijo Fatiado ao Mel Cruzado, ou
Mel em Cruz sobre Queijo Fatigado:
Corte quatro fatias de queijo curado ou sarado, não doente ou já invalidado (de qualquer tipo, marcar, nacionalidade, procedência, origem ou destino), como (mas ainda não comido) no prato mostrado (pode ser, inclusive, queijo prato mesmo, pois vai pro prato do mesmo queijo, digo, jeitio), resultando um reticulado, ou quadriculado, em forma de um cruzado.
Esparrame, ou mesmo derrame, filetes ou gotas de mel sobre a superfície das fatias de queijo, e (muito importante!) preenchendo as lacunas, interstícios ou intervalos entre as fatias (do tal reticulado), pois somente assim se obtém o verdadeiro, legítimo, inigualável e curável Queijo ao Mel Cruzado.
Depois, é só comer... É uma delícia!
Mas, coma com moderação pra não ficar com o queixo de mel melado e de queijo fatiado enfastiado
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terça-feira, 14 de agosto de 2018
emparelhados
um par astronômico
uma parelha celestial
Lua e Vênus lado a lado
agora emparelhados
um casal sideral
uma rara e bela conjunção
só pra nossa terrestre admiração
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
telhados
ontem, noite já dormindo,
eu estava vendo Vênus
talhando seu caminho
de telhado a telhado
yesterday, night sleeping,
i was at venus seeing
her own way routing
from roof to roof
sexta-feira, 13 de julho de 2018
corpos estelares
Corpos Estelares
Estava escrito nas estrelas,
estrelas em corpos escritas
nos braços, nas pernas,
no peito, nos seios,
nos pés, mãos e costas,
em estelares corpos
de estrelas incorporadas.
Amores e destinos escritos
em estrelas corporais:
depois de anos-luz de procura,
enfim encontrei as minhas estrelas
num corpo terrestre gravadas!
Como um anjo protetor,
uma divindade amante,
sob a forma de Deusa-Mulher,
para reviver, revigorar, renascer
todo o meu ser.
Foto: as minhas estrelas no corpo dela
sexta-feira, 22 de junho de 2018
lareira 83
Registro de Lareira No. 83
(2018/june, 22 - 07:52 pm)
É fogo de solstício
real, nada de artifício,
num solstício de inverno
E, pelo puta frio que fazendo,
talvez seja o meu hospício
me queimando, purificando,
no quinto dos infernos
Pois não vejo qualquer indício
de paz nas terras, no céu, no fogo,
no ar, nas águas ou no mar
Nada de armistício
Então, como sempre,
caminho pra fogueira do suplício,
pra botar meu espírito a queimar,
no fogo do auto-sacrifício
sábado, 16 de junho de 2018
Çemberlitas
Israeli Turkey Tour (*)
From the Ben-Gurion,
logo depois do Vale de Ayalon,
chego a Hahaganah,
a caminho do Nahalat,
nos muros e portões de Tel Aviv,
just to tell you i'm living,
only to tell'n'live.
Diante de Belém, Nazaré, Jerusalém,
palavra humana alguma adianta,
verbo nenhum consegue falar além!
To Bizâncio, Constantinopla, Istambul,
pra me sentir inteiro, completo, full,
no lugar exato, no ponto certo,
entre o ocidente e o oriente,
meridiano meio incerto.
Em Vezneciler, Beyazit, Sultanahmet,
para saber o que realmente é
AyaSophia e Blue Mosquee,
fui parar em Çemberlitas,
pra coisas tantas tão bonitas,
por demais já ditas e escritas,
por mim apenas repetidas.
(*) favor não confundir com "Turismo do Peru Israelense"
Foto: Guia Visual Folha de São Paulo
segunda-feira, 4 de junho de 2018
passo a passo
passo a passo
Cada passo que dou em novas terras
é, claro, um passo desconhecido,
é sempre um passo novo,
um passo em direção ao estranho,
incógnito, impessoal, gélido
Mas, quanto mais passos dou,
mais o novo lugar
vai se tornando familiar
E, como um velho conhecido,
me faz sentir abraçado, acolhido,
amigo, aquecido
step by step
Each'n'every step I take on new lands
is, of course, a step unknown
It is always a new step,
a step toward a stranger,
incognito, impersonal, icy ground
But, the more steps I take,
the more the new place
glimpes me its familiar traces
And, as an old friend,
makes me feel embraced,
welcomed, warmed
domingo, 3 de junho de 2018
Crônicas de Istambul
Da série Crônicas de Istambul
Sobre Narizes, Gargantas e Pulmões
Olha que estranho e interessante objeto deixaram, hoje pela manhã, na lixeira de recicláveis, aqui na pracinha em frente à minha janela! Era três, mas já levaram dois, e acho que daqui a pouco alguém vai levar este também. (ver fotos)
Depois de muito analisa-lo à distância, daqui da minha janela, só posso chegar à conclusão que trata-se de um daqueles repugnantes e nojentos recipientes usados como escarradeira, e também cinzeiro, muito comuns em alguns hotéis e locais públicos, principalmente no oriente.
Mas, já vi disso há muito tempo no Brasil, provavelmente em algum hotel de São Paulo, quando, ainda criança, ia muito lá com meu pai comerciante em compras de negócios. Daí, talvez, que a minha prodigiosa memória de infância, minhas lembranças mais fortes e remotas, tenham retido e permitido a minha capacidade de reconhecer imediatamente tais abjetos objetos!
E fico aqui imaginando porque que essa coisa foi deixada ali! E só posso deduzir que algum hotel da região tenha resolvido descarta-los hoje, talvez para desestimular, ou mesmo proibir, tais antigos, seculares, nojentos e danosos hábitos: o escarro e o fumo em locais públicos, inclusive por questão de higiene e saúde dos hóspedes. Lugar de escarrar e de fumar e no privado, ou na privada!
Se foi realmente esta a intenção, ótimo! Já deveria ter sido tomada bem antes, pois Istambul é hoje, e creio que há muito tempo, uma cidade tão cosmopolita quanto Paris, Jerusalém ou São Paulo.
Mais tarde, quando saí pra rua, parei lá na pracinha pra ver de perto aquele OUNI (Objeto Urbano Não Identificado), e identifiquei: pelo estado bastante lastimável, deteriorado e corroído do bojo ou prato da coisa, sem dúvida era mesmo uma, argh!, escarradeira!
E fiquei imaginando: ah, se fosse na minha cidade e se pudesse carrega-lo, eu com certeza o levaria pra casa (bem embrulhado no porta-mala do carro, claro!)
Aquilo bem limpo, com lixadeira pra ferro, escova de aço, jatiadeira de areia, ácido muriático, muito álcool, desinfetantes e aromatizantes, poderia ter uma outra útil, bela e até decorativa serventia, como, por exemplo, um simples vaso de plantas, de preferência uma bem bonita e aromática, perfumosa, que alegrasse, satisfizesse e purificasse muitos narizes, gargantas e pulmões.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Yerushalayim
Ah! Jerusalém!
Jerusalém é indescritível, não interpretável, intraduzível, não textualizável, não analisável, inquestionável!
Jerusalém é simplesmente pra se ver, sentir, calar e arrepiar!
(e, claro!, filmar e fotografar)
Mas, como eu já tinha elaborado um texto sobre esta viagem (o que, aliás, sempre faço, semanas ou meses, antes das viagens), aí vai:
Jerusalém
Quando eu era criança e ouvia falar sobre Jerusalém, ficava pensando: é "Jesus além"?! quem ou o quê pode ser, ou estar, além de Jesus?! ou será que é o próprio Jesus que vai além?!
Não sou católico nem nada, acredito muito pouco em religiões e nada em igrejas, mas admiro e respeito profundamente muitos dos seus princípios, fundamentos e filosofias, principalmente os de alguns seres iluminados como Buda, LaoZi, Moisés, Maomé e Jesus.
Estes três últimos são, inclusive, os maiores inspiradores e "fundadores" das três grandes religiões monoteístas que têm Jerusalém como a "sua" cidade sagrada, principal e "capital": judaismo, islamismo e criatianismo, respectiva e respeitosamente.
(E hoje, diante daquele muro, que chamam "das Lamentações" - que para mim, que felizmente tenho pouco ou nada a lamentar, poderia ser um muro de exaltações e felicitações -, eu renovei e reforcei meu profundo respeito e admiração pelos homens que realmente oram e têm fé e esperança em algo superior, sublime, divino, que mereça suas preces.
E lá, de repente, colocando as duas mãos espalmadas no Muro, talvez eu tenha feito a maior e mais profunda, se não a única e verdadeira, oração ou meditação de toda a minha vida! Pra quem?! Pra que?! Pra minha família, amigos, pessoas, pra Palestina, pra Israel, pro Brasil, pra Bangladesh, pra Escandinávia, pro Morro do Papagaio, pra favela da Maré, pra Wall Street, pra av. Paulista, pra Cuba, pro USA... pro Mundo, simplesmente e somente para Paz no mundo!)
E eu sempre desejei conhecer um pouco mais além, e, talvez com muita ousadia, pretensão e rebeldia, seguir caminhos também mais além, quem sabe, bem além de Jerusalém.
E aqui estou eu, hoje, na própria Jerusalém, com muita alegria, prazer e satisfação, com profundo respeito, carinho e reverenciação, andando pelos caminhos da terra onde o Homem Jesus caminhou e deixou sua luz.
Sou de uma família altamente cristã e católica, inclusive com padres, freiras, ministros de eucaristia, vicentinos, bispos e até arcebispo, e dedico a eles esses meus passos em Jerusalém, pois eles mereciam, e sempre merecerão, estar aqui muito mais do que eu.
(Nota triste: exatamente enquanto eu escrevia isso na semana passada, 14/05, ainda no Brasil, aqui bem perto, em Gaza, 52 palestinos eram mortos e outros 1000 e tantos eram feridos, pelas forças militares israelenses, devido aos protestos pela mudança da embaixada americana de Telavive para Jerusalém, em comemoração dos 70 anos da criação do estado de Israel)
Foto: minha foto oficial de Jerusalém (chegando e encostando no Muro)
terça-feira, 22 de maio de 2018
Mar Palestino
Hoje, no Mediterrâneo Palestino,
o céu e o mar se misturaram,
se embolaram, se desaguaram
em juntado desatino:
um céu marinho
e um mar celestino
segunda-feira, 21 de maio de 2018
domingo, 20 de maio de 2018
Tel Aviv
da série Minhas Janelas pelo Mundo:
Minha Janela Israelense, em Telavive
É muito estranho estar, pela primeira vez, num país permanentemente em estado de alerta, tensão, preocupação, pisar numa região sob constante risco de atentados, terrorismo e até de guerra.
Mas, Telavive me surpreende! Não vejo aqui o clima de tensão e medo que achei que encontraria. Muito ao contrário, a cidade é muito alegre, luminosa e festiva.
Talvez isto seja devido à entrada do verão que já está chegando pra valer!
Aliás, tanto o clima, o sol, o calor, quanto a a arquitetura e o urbanismo das áreas mais novas da cidade lembram muito as regiões mais modernas do Rio e de Salvador.
Agora, então, esta cidade vai ficar ainda melhor, pois na semama passada a embaixada americana foi transferida daqui para Jerusalém, o que reduziu sensivelmente os riscos de tragédias aqui (transferidos também para a podre e já tão sofrida Jerusalém!) (*)
Em que pese eu, na semana que vem, ir também à Jerusalém... Mas, fiquem tranquilos, vou procurar ficar sempre bem longe da nova embaixada americana em Israel!
(*) Trágica, insana e desnecessária transferência "diplomática"! Custou a vida, só na semana passada, de mais de 60 palestinos, fora os milhares de feridos, em Gaza!
Foto: Na verdade, tenho mais que uma janela, tenho um terraço inteiro, do meu apart-hotel, com vista panorâmica de 360 graus de Telavive, com direito a um pedaço da costa oriental do Mediterrâneo.
sexta-feira, 11 de maio de 2018
mochilão
bom mesmo
é entrar no quarto
parar em frente ao armário
e olhar lá pra cima, pro maleiro,
e me sentir completo, pleno, inteiro
pegar uma escadinha e subir lá
pra fazer o que raro se faz:
puxar o velho mochilão
e desce-lo ao chão
abrir portas e gavetas
pegar calças e camisetas
e tudo mais que você necessita
passaporte
euro, dirham, libra
o quê o espírito comporte
tudo que viva, emocione e vibra
fechar o armário
sair da casa
pegar um avião
quinta-feira, 10 de maio de 2018
pato surfista
da minha longa série Histórias de Uma Casinha na Árvore Sob o Ponto de Vista das Crianças Donas da Casinha na Árvore:
o pato surfista
é um pato ou um camelo?
um camato ou um patelo?
um pato ou um dromedário?
um dromedato ou um patário?
tô achando que é um pato surfista
olha as ondinhas que ele tá pegando!
ou serão ondas que ele nada fazendo?
ou é um pato tirando onda, exibicionista?
pescoço comprido, cisne, ganso
pescoço curto, pato, marreco
(sempre os dois mais mansos)
sem pescoço, rã, sapo, perereco
sem corcova, vaca, cavalo
uma corcova, dromedário
duas corcovas, camelo
três ou mais corcovas?!
em outro sistema planetário
Foto 1: o pato surfista dentro da casinha na árvore (detalhe do acabamento final de fechamento do telhado, em madeira pinus, da casinha na árvore)
Foto 2: o pato visto da janela da casinha na árvore
quinta-feira, 3 de maio de 2018
leite em latão
leite em latão
e a gente subia
na carroceria
do caminhão
e balançando ia
de latão em latão
na traseira do caminhão
férias de puro deleite
crianças só dente de leite
viajando entre os galões do leite
era o único meio de locomoção
na carroceria de um caminhão
um de manhazinha, outro à tardão
(air-bag, cinto de segurança?!
braços, pernas, barriga, pés e mãos)
pra ir e voltar das fazendas e sítios
dos padrinhos, cumprades e tios
lá nos interior das minas gerais
trem, carro, ônibus, jamais
só traseira de caminhão
(bons tempos iguais?!
infelizmente nunca mais!!)
e hoje encontro esse latão
na sala da casa galão
como ornamentação
será ele um daqueles
que me serviu de banco e apoio de mão
na carroceria daquele caminhão?
(ele estava meio enferrujadão,
mas passei verniz e zarcão
e ficou bão, bonitão!)
sábado, 28 de abril de 2018
AM FM
AM FM
em amplas amplitudes
em frequentes ondulações
de ciclos e pulsos por segundo
aos milhares, aos milhões
kilohertz, megahertz
modos de modular sinais
em ondas, em modulações
eletrosonorizações
Amplitude Modulations
Frequency Modulations
my deep and pure emotions
in high electromagnetizations
tá tocando no rádio
seja em amplitude modulada
seja em frequência modulada
frequentemente amplificam
as minhas emoções
quarta-feira, 25 de abril de 2018
pela metade
pela metade
lá vai mais uma lua ao meio
quase no meio da noite
no meio do céu
meia lua
meio inclinada
meio virada pro norte
à meia luz, meio embassada
e eu, com a cabeça meio nublada
sigo cá, meio sem meio,
no meio do sul,
pela metade
do nada
segunda-feira, 23 de abril de 2018
lareira
é um lugar escuro,
de cinza sujo,
preto
de fuligem,
portal de passagem
é a porta,
o frontispício,
a boca devoradora
da minha lareira,
que logo estará acesa
queimando fogo inteira,
torrando boa e má madeira,
pra incendiar ou acalmar,
arrebatadora, acalentadora,
o meu espiritual,
meditacional
e invernal
hospício
(e como é no fim,
é no meio e no princípio)
segunda-feira, 16 de abril de 2018
arvorecendo
É um lugar pra brincar, bagunçar, crescer, enraizar, florescer, arvorizar e viver.
É uma casa meio engraçada, sem porta nem janela fechada, já avarandada, por fora tem tudo, por dentro ainda nada, no meio da sala tem até uma árvore bem grande, troncuda e copada, com frutos pra cajuada.
Relatório/Registro de Obra No. 3, 4 ou 5:
Depois de mais ou menos um ano e pouco, ou tanto, de trabalho árduo, cansativo e suado, e muito gratificante, prazeroso e edificante, eu estou, enfim, e afinal, concluindo a construção da Casinha na Árvore que eu mais os espíritos das árvores estamos fazendo para os meus netos, no meu sítio.
Tudo pronto: base, pilares, piso, escada, colunas, vigas, paredes, telhado.
Agora só falta montar a porta, as seis janelinhas e os gradis da varandinha e da escada.
Daqui a mais ou menos uns três ou seis meses, com uma margem de segurança de uns 78 dias para mais ou para menos, estará tudo seguramente concluido.
Ressalta-se que as pinturas, interna e externa, das paredes e, possivelmente, do piso, do telhado, e até da própria árvore, será de inteira responsabilidade, por decisão e execução, dos 4, 5, 6 ou + futuros proprietários da casinha.
Depois de pintada, revirada e rabiscada pela criançada, vai, sim, virar uma casa bem mais engraçada!
terça-feira, 3 de abril de 2018
protexto
sempre será dia
seja em contexto
seja em contesto
de fazer poesia
de protesto
ACIMA A LITERATURA!
EM MEIO À CONJUNTURA
ABAIXO A DITADURA!
sexta-feira, 23 de março de 2018
lounge
lown propagation sound
(som baixo em propagação)
longe
bem longe
do fundo do salão
vinha um suave lounge
um vinho suave de longe
delicado e sonolento som
suave e sonhador lounge
som que vinha de longe
chegava bem lounge
no fundo da alma
muita paz, calma
multipropagação
som em profusão
eletromagnetização
onde?! lá de longe
an alone lounge
a lovely alone
lá no fundo
do salão
longe
quinta-feira, 15 de março de 2018
algo em mim
Algo em mim doia
Algo em mim doi
Ah, como doi!
Alquebrado
Humilhado
Mal pago
Espancado
Desprezado
Achincalhado
Algo em mim doia
No coração, no espirito, no corpo
E continua, assim, dia após dia
Como perseguição doentia
Ao meu querido professor
Que já não aguenta tanta dor
Ah, algo em mim doia
Algo em mim ainda doi!
Para Alckmin & Dória
(contra toda esta dor, eu chego a pensar que algo de mim daria, ou fugiria, ou que, com álcool em mim, esta dor não tanto doeria!)
(curto e grosso: só ficando bêbado, pra não sentir tanta desgraça!)
Em desagravo aos professores da rede pública de São Paulo
Algo em mim doi
Ah, como doi!
Alquebrado
Humilhado
Mal pago
Espancado
Desprezado
Achincalhado
Algo em mim doia
No coração, no espirito, no corpo
E continua, assim, dia após dia
Como perseguição doentia
Ao meu querido professor
Que já não aguenta tanta dor
Ah, algo em mim doia
Algo em mim ainda doi!
Para Alckmin & Dória
(contra toda esta dor, eu chego a pensar que algo de mim daria, ou fugiria, ou que, com álcool em mim, esta dor não tanto doeria!)
(curto e grosso: só ficando bêbado, pra não sentir tanta desgraça!)
Em desagravo aos professores da rede pública de São Paulo
terça-feira, 6 de março de 2018
cruzamentos
Carolina
Não Feche o Cruzamento
São placas de trânsito para quem transita em São Paulo
São pauleira para quem transita entre placas de trânsito
(que eu vi agora na TV, na Rede Brasil/MG)
Poderia ser na Ipiranga com São João
na Rio Branco com Pres. Vargas, no Rio,
no DF, no Eixo Monumental com o Eixão,
na Afonso Pena com Amazonas, em BH,
num dos becos da Vila Taquaril,
em toda esquina do Brasil,
ou em qualquer lugar!
Carolina é uma moça muito bonita,
capaz de parar o trânsito em qualquer rua do país.
Por isso, quando Carolina anda por aí,
os DETRANs de todos os Estados da União pedem encarecidamente, quase como num antecipado lamento:
Carolina, não feche o cruzamento!
segunda-feira, 5 de março de 2018
Sahara
pra lá de Marrakech,
se viver se quer,
é preciso atravessar o Sahara,
cruzar o Grande Deserto,
passar Argélia, Líbia, Egito
e seguir bem além
até chegar em Jerusalém
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
interestelar
era um antigo sonho cósmico,
um celeste, interplanetário,
meio astronômico,
tão estelar e singular,
quase intergaláctico:
de estar com ela,
no lugar dela,
junto com ela,
no espaço-tempo dela,
viajando, navegando,
ou apenas flutuando, levitando,
eu entorno dela gravitando,
por espaços infinitos adentro
pelos tempos eternos afora.
(by Brumbe às 07:27h, acordando...)
foto: Estação Espacial Internacional
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
sol em cinzas
Sol em cinzas
É sempre assim,
depois do Natal,
do Ano Novo
e do Carnaval:
Cadeiras e mesas
tão brancas e francas,
antes tão vivas, falantes,
festivas, andantes, dançantes,
agora tão rígidas, paradas,
vazias, desocupadas,
silenciosas, abandonadas.
Assim é, principalmente,
nas quartas de cinzas à tarde,
sob este sol inclemente
que aqui ainda arde.
É eu fico aqui assim,
calado, quieto, sossegado,
assim já há muito acostumado
com as melancolias de tais dias.
(quem sabe na Semana Santa
me chegue aqui outra festança?)
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
mais dia, menos dia
mais dia, menos dia
viver sozinho é muito triste
e cada triste dia sozinho,
no mínimo, são dois dias a menos de vida:
este dia que já se foi
e aquele que a morte rouba da vida
por se antecipar em um dia.
mas, quando sozinho não se vive,
ao menos se ganha um dia:
este feliz dia não sozinho.
pois a morte, espera-se, fica lá no seu dia
esperando parada, quietinha.
viver sozinho é muito triste
e cada triste dia sozinho,
no mínimo, são dois dias a menos de vida:
este dia que já se foi
e aquele que a morte rouba da vida
por se antecipar em um dia.
mas, quando sozinho não se vive,
ao menos se ganha um dia:
este feliz dia não sozinho.
pois a morte, espera-se, fica lá no seu dia
esperando parada, quietinha.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
paralelepípedos
Paralelepípedos ao Sol (postface de 23/1)
São das ruas calorentas, tranqüilas e sonolentas, de areia, sol, pedra e sal, em que eu mais gosto de caminhar, em lugares assim que nem esses arraiais.
Ruas onde, ainda por cima, sempre sopra uma leve ventania e uma suave maresia que veem lá dos oceanos orientais.
PS: dos Paralelepípedos da Madrugada (postface de 19/1) eu não falei nada porque a rua estava muito calada.
Foto 1: paralelepípedos ao sol
Foto 2: paralelepípedos da madrugada
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
maresia
Voando para um porto seguro, a caminho de um arraial de ajuda, só esperando não aportar tão seguramente a ponto de ficar trancoso. (rsrsrs)
Estou morrendo de saudade e desejo do mar e das minhas ensolaradas, quentes, aconchegantes, apaziguantes, calorosas, salinas e arenosas origens trópico-litorâneas.
Afinal, todos nós (mesmo os Mineiros!) somos seres das águas, filhos das águas, e precisamos frequentemente retornar à fonte para renascer, nos rebatizar e reviver.
É preciso se jogar, se perder, soçobrar, submergir, naufragar, emergir e se salvar no mar, sob pena de, perdendo a identidade aquático-marítima, desaprender a nadar e morrer afogado.
É essencial, necessário, vital, renovar-se para poder novamente merecer as bênçãos e as graças dos especiais e superiores espíritos e divindades das águas.
E lá vou eu, depois de quase três longos anos (acho que nunca fiquei tanto tempo assim desmareado e desalinizado!) de separação, secura, destempero, friagem, falta de insolação, solidão e desolação.
Enfim, estou voltando aos mares, nem que seja por apenas quinze dias.
Quinze dias... pra um Mineiro que já viveu dez anos no litoral isso é muito pouco, mas, melhor um pouco do que nada, vamos lá.
Às vezes tenho a leve impressão, como o aroma de uma boa e suave maresia que o vento leste trazia (e que o meu olfato ainda sente de fato), que o fim dos meus dias vai se dar, inescapavelmente, à beira-mar.
(Post no facebook em 09/01/2018)
domingo, 7 de janeiro de 2018
steams
21:13
an incense vaporizing
the room and the house
a lounge
on the tv steaming ears and mind
a good wine
vaporizing the mouth and the body
one night
steaming spirits and stars
a rain out there
vaporizing the universe
something inside
steaming the soul
summer's night vapors
21:25
sábado, 6 de janeiro de 2018
vapores
20:34
Um incenso vaporiza a sala e a casa
Um lounge na tv vaporiza o ouvido e a mente
Um bom vinho vaporiza a boca e o corpo
Uma noite vaporizando espíritos e estrelas
Uma chuva lá fora vaporiza o universo
Uma coisa cá dentro vaporiza a alma
Vapores de uma noite de verão
20:47
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
broombee
broombee
Vez em quando as pessoas me perguntam qual é origem, a procedência, e o significado do meu enigmático, meio místico, quase mitológico e pseudo-sobrenome “Brumbe”. Depois de anos, décadas, de polêmicas, especulações, invencionices, deturpações e falsas interpretações, resolvi contar e real, única e verídica história por trás, ou na base, nos alicerces, desse nome.
É certo, e é fato, que as primeiras vezes que tal nome foi pronunciado em alto e bom som, literalmente gritado e exclamado, aqui na superfície do hemisfério sul desse planeta, foi lá nos campos graníticos de futebol de rua, as famosas e dolorosas “peladas”, sobre as pedras irregulares, cascalhadas e lascadas da rua Silva Jardim no bairro Floresta em BH, pelas crianças da rua, meus amigos e companheiros de joelhos, pernas e pés constantemente ralados e esfolados.
Em primeiro lugar, contrariando e desmentindo o que muitos imaginam, e que eu mesmo já cheguei a “aceitar” e propagar como verdade, não foram aqueles meninos que inventaram tal nome. Fui eu mesmo que mencionei e confidenciei isso a eles, como sendo o meu verdadeiro, ancestral e milenar sobrenome, o nome da minha família em sua origem e formação mais remota que se tem notícia, a maior e mais profunda raiz da sua árvore genealógica.
Acontece que “Brumbe” é a simples forma aportuguesada e abrasileirada da expressão em inglês britânico “Broom Bee”, que significa “Abelha Vassoura”. E acontece também que “Abelha Vassoura” é a tradução literal e real do duplo, estranho e estrangeiro nome “Put’k’ris Tsotskhi” (talvez, hoje, fala-se: Putikris Totiski ou Sotiski), da língua georgiana da Geórgia (aquela vizinha da Rússia, e não aquele Estado dos USA).(e por sinal, e talvez não por coincidência, na grafia da língua georgiana este nome parece com um monte de abelhinha voando em carreirinha).
É que a minha tal família ancestral originou-se e estabeleceu-se nos confins da Geórgia, quase em território russo (o qual, aliás, o Putin, que não tem nada a ver com Putikris, anda querendo invadir e tomar pra Rússia).
Ocorre que esta família georgiana-quase-russa sempre foi, e ainda é, grande criadora de abelhas e produtora de mel e derivados, e sempre teve especial predileção pelas abelhas da espécie Tsotskhi (Vassoura), que produzem o mel mais puro, saudável e delicioso do planeta, talvez de toda a galáxia (dizem que é porque elas têm esse rabinho em forma de vassoura, daí seu nome, e que varrem cuidadosa e meticulosamente as suas colméias todos os dias, e que por isso o seu mel e de melhor qualidade – mas isto é mera especulação, crendice e folclore, ainda não há comprovação científica e “apiculturística” disso).
Assim, em homenagem às abelhas-vassoura, o casal primordial da família, o Olaf e a Elza, o “adão e a eva” dos atuais Brumbies euro-americanos, meus quaquaravós, resolveu adotar, inclusive com registro passado em cartório, o sobrenome Put’k’ris Tsotskhi.
Séculos mais tarde, quando grande parte da família – talvez temendo a ameaça da forte concorrência “apiculturista” czarista, e, depois, comunista –, migrou, ou se exilou, para a Europa Ocidental e até para toda a América (inclusive para a Geórgia americana), o nome Putkris Tsotskhi teve que ser obviamente alterado e amenizado para uma versão um pouco mais legível e palatável – até mesmo por questão de respeito à saúde e à integridade física da língua e da boca de quem ousasse pronunciá-lo.
Optou-se pela nomenclatura mais mundialmente aceita e entendível do inglês britânico, e, assim, este putz-trostki-nome adquiriu a bela, doce e sonora forma de Broom Bee, ou Broombee.
Para a versão hispano-portuguesa, especialmente a brasileira – que jamais poderia ter nada relacionado a Put ou Putz, devido às óbvias conotações pejorativas, obscenas e sexistas que acarretaria, inclusive a seus portadores –, chegou-se a pensar em coisas do tipo Abelhoura ou Vassorelha, mas, convenhamos, isto seria tão danoso quanto qualquer nome que contivesse Put ou Putz.
Assim, aqui no Brasil, o Broombee assumiu a forma reduzida de Brumbe, e aqui estou eu a representá-lo como único sobrevivente da família em território brasileiro (Já andei pesquisando no Google e afins, e não encontrei mais ninguém. Se souberem de mais alguém, me avisem)
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