domingo, 3 de junho de 2018

Crônicas de Istambul


Da série Crônicas de Istambul

Sobre Narizes, Gargantas e Pulmões

Olha que estranho e interessante objeto deixaram, hoje pela manhã, na lixeira de recicláveis, aqui na pracinha em frente à minha janela! Era três, mas já levaram dois, e acho que daqui a pouco alguém vai levar este também. (ver fotos)
Depois de muito analisa-lo à distância, daqui da minha janela, só posso chegar à conclusão que trata-se de um daqueles repugnantes e nojentos recipientes usados como escarradeira, e também cinzeiro, muito comuns em alguns hotéis e locais públicos, principalmente no oriente.
Mas, já vi disso há muito tempo no Brasil, provavelmente em algum hotel de São Paulo, quando, ainda criança, ia muito lá com meu pai comerciante em compras de negócios. Daí, talvez, que a minha prodigiosa memória de infância, minhas lembranças mais fortes e remotas, tenham retido e permitido a minha capacidade de reconhecer imediatamente tais abjetos objetos!
E fico aqui imaginando porque que essa coisa foi deixada ali! E só posso deduzir que algum hotel da região tenha resolvido descarta-los hoje, talvez para desestimular, ou mesmo proibir, tais antigos, seculares, nojentos e danosos hábitos: o escarro e o fumo em locais públicos, inclusive por questão de higiene e saúde dos hóspedes. Lugar de escarrar e de fumar e no privado, ou na privada!
Se foi realmente esta a intenção, ótimo! Já deveria ter sido tomada bem antes, pois Istambul é hoje, e creio que há muito tempo, uma cidade tão cosmopolita quanto Paris, Jerusalém ou São Paulo.
Mais tarde, quando saí pra rua, parei lá na pracinha pra ver de perto aquele OUNI (Objeto Urbano Não Identificado), e identifiquei: pelo estado bastante lastimável, deteriorado e corroído do bojo ou prato da coisa, sem dúvida era mesmo uma, argh!, escarradeira!
E fiquei imaginando: ah, se fosse na minha cidade e se pudesse carrega-lo, eu com certeza o levaria pra casa (bem embrulhado no porta-mala do carro, claro!)
Aquilo bem limpo, com lixadeira pra ferro, escova de aço, jatiadeira de areia, ácido muriático, muito álcool, desinfetantes e aromatizantes, poderia ter uma outra útil, bela e até decorativa serventia, como, por exemplo, um simples vaso de plantas, de preferência uma bem bonita e aromática, perfumosa, que alegrasse, satisfizesse e purificasse muitos narizes, gargantas e pulmões.

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