Alguém irremediavelmente viciado em escritas e estrelas, projetando palavras interiores em espaços exteriores.
sábado, 23 de maio de 2015
Bacalhaul
Bacalhaul
Numa mesa portuguesa,
com certeza
de dona portuguesa,
leal é lial.
Não sei se cá é mesmo lialdade
ou se é pura falta de lealdade
com o português.
Talvez é que,
seja lá porque,
lial seja "o" teu
e leal seja "ao" meu.
Mas, sob qualquer ortografia
(mera questão de geografia)
seja leal, seja lial,
valeu pelo vinho
e pelo bacalhau.
(Taberna Pedralva, em frente ao Castelo de Braga, Braga, Portugal)
PS: Antes que os meus queridos amigos portugueses se sintam eventualmente constrangidos, ou até mesmo ofendidos, quero deixar claro que isto é muito mais que uma mera brincadeira. É uma homenagem a um belo e romântico costume dos casais de namorados da região do Minho nas suas festas populares. As estampas destas toalhas de mesa são cópias exatas dos bilhetinhos amorosos que eles trocam entre si. Há, também, o fiel e LEAL trabalho das bordadeiras que mantêm a tradição de elaborar os bordados exatamente da forma como foram escritos e desenhados em tais bilhetinhos. Ocorre que, assim como acontece em qualquer lugar do mundo, nem todos os namorados são perfeitamente "letrados". É como uma namoradeira bordadeira brasileira mineira que escreva e borde: "ti amo dimais da conta sô". Enfim, o que eu quis, acima de tudo, foi ressaltar e homenagear o caráter pitoresco e curioso de uma dupla tradição popular muito bonita e interessante da região do Minho, em Portugal: a de seus casais de namorados e a de suas fieis e leais bordadeiras.
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