Alguém irremediavelmente viciado em escritas e estrelas, projetando palavras interiores em espaços exteriores.
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Quando o amor vai embora
Quando o amor vai embora
Quando o amor vai embora, sempre deixa para trás…
garrafas e copos vazios, encima da mesa espalhados,
lençóis, colchas e travesseiros, sobre a cama embolados,
sapatos, meias e acessórios pelos cantos atirados,
camisas, calças, blusas e vestidos amarrotados,
cabelos molhados, despenteados e desarrumados,
manchas de vinho nas fronhas e nos lençóis,
manchas de batom no pescoço, na camisa e na cueca,
(mas, fiquem tranqüilos, nada mais aqui rima com eca!)
espalhadas pelo chão, pequenas embalagens quadradas,
sobre as cadeiras e os sofás, toalhas molhadas jogadas,
marcas de unhas na nuca, nas coxas e nas costas,
marcas de dentes nos braços, nos seios e nas nádegas,
música ainda ligada e luzes meio apagadas,
portas e janelas fechadas, pudores destravados,
cheiros e sabores de um na boca do outro,
texturas epidérmicas de um nos lábios do outro,
o suor dos dois na pele de ambos colados,
um homem e uma mulher vagando pela cidade,
uma estranha e inefável sensação de felicidade,
uma falta de chão e um céu cinzento chorão,
um calor que só esfria e não mais contagia,
uma tristeza, um vazio, uma saudade, uma nostalgia,
dois corpos entregues, dois seres desintegrados,
duas almas levitando, dois espíritos largados,
dois amantes se amando, apenas dois namorados,
livres, leves, soltos, pairando no ar,
dois apenas, que pena, a penar.
(by Brumbe, em algum momento entre 1997 e 2014, em homenagem à namorada do momento que não foi tão momentânea assim – ai de mim!)
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