Vôo Cego
Pequena crônica de uma grande amizade (*)
Conheci os dois por volta de 1968 quando ainda éramos garotos, estudantes, em torno dos nossos primeiros quinze anos, na Escola Técnica (atual CEFET-MG) da Nova Suíça, em BH. Portanto, eles são amigos de longa data, cerca de 40 anos, e hoje já são dois quase respeitáveis senhores sexagenários. Estudaram, mataram aula, gandaiaram, se revoltaram, se perderam, se embebedaram e se encontraram(?) na vida estudantil, juntos, até se formarem em engenharia, no IPUC (atual PUC-MG), um em 78 e outro em 79. Depois, casaram, constituíram famílias, mudaram da Floresta, onde nasceram, para outros bairros, e se tornaram até compadres: o primeiro é padrinho da caçula do segundo e o segundo é padrinho de casamento do primeiro.
Quem é o primeiro e quem é o segundo? Só por questão de ordem alfabética e cronológica: Roberto Corrêa (1952) e Rubem Faria (1954), ou, simplesmente, Roberto e Rubinho, como são conhecidos social, política e familiarmente até hoje – apesar do carinhoso sufixo diminutivo inho ter sido aplicado, aparentemente, de forma trocada (pelo menos no que diz respeito à estatura e ao porte dos dois), essa discrepância foi corrigida recentemente pela família do primeiro, que resolveu passar a chamá-lo, não se sabe bem porque, de Robertinho. A propósito e em tempo: até as suas primeiras esposas têm nomes parecidos: Maira e Mara, respectiva e respeitosamente.
O Roberto gostava, e ainda gosta, de Beatles, Led Zeppelin, Gênesis, Pink Floyd, Mutantes, Chico e Caetano. O Rubinho curtia mais era Roberto e Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Golden Boys, Wanderléia, Charles Azinavour e Pepino de Capri (mais tarde êle apreendeu Beatles com o amigo). O primeiro sempre andava de forma mais desleixada, quase esfarrapada, inclusive as roupas, à moda hippie. O segundo, com calças e camisas sempre impecavelmente muito bem passadas, um dandy – tinha verdadeiro horror a calças jeans furadas ou remendadas. Um lia García Márquez, Aldous Huxley e Leon Eliachar, o outro, Nelson Rodrigues, Milan Kundera e José de Alencar. Um tomava Guaraná, o outro só Coca-Cola. Um gostava do Pasquim, outro do Estado de Minas / Caderno Esportivo. Enquanto um ia pro cinema, o outro corria pro futebol – vale registrar que certa vez, nos anos 1970, eles tentaram participar da criação e montagem de um grupo de teatro(!) (o Zangui-Zarra, ou uma zorra de nome assim!), junto com outros amigos; mas, é claro, isso não deu certo! (houve até repressão político-policial!) Seria uma concordância de interesses muito forte! Não podia dar certo!
Como é que personalidades tão contrárias, opostas, com desejos, perspectivas e expectativas tão diferentes, puderam criar e manter uma amizade por tanto tempo?! Vai ver é aquela mesma velha história: os opostos se atraem, se complementam, simplesmente porque precisam se completar.
E eles costumam ficar meses, até anos, sem se ver, sem nem mesmo conversar por telefone. Mas, encontram-se e conversam até hoje, ainda que bienalmente, e, quando isso acontece, comunicam-se e se tratam como se normalmente viessem se encontrando todos os dias: a introdução da conversa sempre é seu fedaputa, pra lá, seu sacana, pra cá, seu merda, seu porra-louca e por ai vai...
Eu poderia contar muitas histórias interessantes vividas por esses dois sujeitos, que certamente renderiam várias crônicas, tais como: os campings & happenings no Parque do Rio Doce, na Serra do Cipó e em Lagoa da Prata; as viagens de férias pra Guarapari e Marataízes; as barricadas humanas nas entradas da Escola Técnica, em 1968, contra a invasão da escola pelo exército; as panfletagens antiditadura na avenida, nesse mesmo interminável ano; os bailes e festas, da Floresta até o Bonfim; as noites de sábado no Caniço (o point florestino da época); as viagens carnavalescas a Ouro Preto, Viçosa e redondezas; as noitadas de bebedeira nos butecos de Santa Tereza; as primeiras namoradas; os primeiros casos de iniciação sexual... (melhor parar por aqui)...
Mas, uma das melhores histórias, uma das mais interessantes, arrepiantes e hilariantes, até mesmo meio apavorante e terrificante, ainda que bastante edificante e gratificante, é essa aqui, que intitulei de Vôo Cego.
Foi lá pelos idos de 1976, quando os dois ainda eram totalmente solteiros e, conseqüentemente, completamente doidos, inconseqüentes e irresponsáveis. Conheceram um novo colega de escola, o Roberto Não-sei-mais-de-que (talvez seja Carneiro, Cordeiro, ou bicho assim) que era brevetado, isto é, tinha brevê de piloto de avião, pelo menos de Teco-Teco (ou só restrito a isso mesmo!), o qual nem por isso era menos maluco e irresponsável, muito pelo contrário!
Um certo dia, provavelmente depois de uma ácida, sulfúrica e tóxica aula de química, o Xará (como era chamado pelo Roberto) ou “Comandante” (como foi codinomeado pelo Rubinho) – alias, foi êle mesmo quem me contou esse caso – os convidou pra dar um passeio, uma voltinha, de avião. Eles toparam!!! E num belo sábado à tarde, com um maravilhoso “céu de brigadeiro”, lá foram eles pro aeroclube do Carlos Prates. Alugaram um monomotor Cherokee, de quatro assentos, piloto mais três, para um aeroturismo de uma hora sobre a cidade. Os dois Robertos, o piloto e o pretenso e falso co-piloto, foram nos bancos da frente, e o Rubinho foi sozinho no de atrás. Levantaram vôo do Carlos Prates e seguiram rumo leste: Prado, Barro Preto, Centro, Savassi, curvaram pro norte: Sion, Serra, São Lucas, Santa Efigênia, viraram pro oeste: Santa Tereza, Floresta, Horto, Sagrada Família, mais pro norte: Planalto, São Gabriel, Jaraguá, Pampulha, e retornaram – por outros caminhos que não lembram mais ou que já foram apagados da memória devido ao susto e pavor ocorrido na volta.
A certa altura (literalmente, que altura!) dessa volta, o “Comandante” resolveu perguntar se um dos dois caros amigos gostaria de pilotar o avião, um pouquinho só!?... Ao que o irresponsável, deslumbrado e animadinho Robertinho disse alegremente Sim, eu quero! Enquanto o preocupado, apavorado e arrependido Rubinho, suando frio e às bicas, disse peremptoriamente Não, de jeito nenhum! Sucedeu que o também totalmente alucinado “Comandante” deu mais ouvido ao sim do seu xará e, por alguns poucos segundos, talvez um minuto e pouco – para desespero total do Rubinho –, o manche (ou era volante, mesmo?!) esteve nas mãos do Roberto. E o Xará-comandante disse que nesse lapso de tempo não aconteceu nada de mais, apenas um leve tremor nas asas e na cabine, muito provavelmente provocados pela própria tremedeira do passageiro no banco de trás.
Aterrisaram sem problemas – logicamente após esperarem alguns bons minutos (pro Rubinho, uma eternidade!) até que não houvesse nenhum outro Teco-Teco levantando ou pousando. Tudo sob o controle dos bons e bem treinados olhos do “Comandante”, visto que esse era o único meio de comunicação (olhometro!), tanto ar-terra quanto ar-ar! Rádio, radar ou coisa assim?! Nem pensar! Não tinha pára-quedas e nem ao menos cinto de segurança!
Tempos depois, o Robertinho amigo do Rubinho me disse que na cabeça dele ainda há uma infame, insólita e tenebrosa pergunta que, desde aquele episodio, não quer calar: Se por desgraçada ventura aquele avião caísse, o que será que o Rubem faria enquanto o Roberto corria?!
Pois é, a vida costuma ser assim mesmo: às vezes voamos cegamente levados pelas mãos dos outros, sem termos a menor idéia do que estamos fazendo ou do que está acontecendo. Mas, o que importa mesmo é podermos chegar, bem e ilesos, em terra firme e segura, aprendendo e apreendendo o bom e o melhor daquilo que já passou, já voou para tempos distantes.
(*) Esse texto foi integralmente avaliado, aprovado e autorizado pelos dois amigos.
Alguém irremediavelmente viciado em escritas e estrelas, projetando palavras interiores em espaços exteriores.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
domingo, 18 de abril de 2010
Santo Milagreiro
Santo Milagreiro
O tal santo da casa nunca faz milagres
O santo dos milagres vem é de fora
Sao milagreiro é santo-de-fora
Santo-de-casa é santinho
Fica sempre quietinho
Santo do pau-oco
Sossegadinho
Apagadinho
Folgadão
Murcho
Caído
Meio
O santo-de-fora é que é milagreiro
Milagreiro é santo estrangeiro
É um santo de pau-inteiro
Inteiro de pau-santo
É santo pauleiro
Um fogueteiro
É andarilho
Arruaceiro
Um tanto
Rueiro
Inteiro
Todo
O tal santo da casa nunca faz milagres
O santo dos milagres vem é de fora
Sao milagreiro é santo-de-fora
Santo-de-casa é santinho
Fica sempre quietinho
Santo do pau-oco
Sossegadinho
Apagadinho
Folgadão
Murcho
Caído
Meio
O santo-de-fora é que é milagreiro
Milagreiro é santo estrangeiro
É um santo de pau-inteiro
Inteiro de pau-santo
É santo pauleiro
Um fogueteiro
É andarilho
Arruaceiro
Um tanto
Rueiro
Inteiro
Todo
After all, the animal's arrival.
all and al rhyme series
After all, the animal’s arrival.
After all,
we never will see the great arrival
of a man really actual,
who could seems something more than an animal.
And that’s all.
Inside of a big blue ball
under the aurora boreal
they consummated their bridal,
what was very beneficial
for the proper place of their burials.
To make a call
for a carnival
inside a cathedral
isn’t just comical,
it’s also criminal.
To make a good deal
you can just give a dial,
but avoid to have dubious attitudes in dual,
because, then, you’ll been disloyal
and any agreement can become dramatical.
The editorial,
in its part most essential,
comparing to the others is equal
and isn’t so eventual,
because it treats about the eternal
problem of stamp extramarital.
All these things called by names like ecclesiastical,
ecumenical,
evangelical,
or existential,
are so vagues, empties and ethereals
that seems something from origin’s extraterrestrial.
The Big Final
of the (FFF) Football
Federal
Festival
at next sunday, 06/06/06, will fall.
The final goal,
as it usually happens, in general,
took a half of the crowd to an ecstasy global
and the other half to a depress glacial.
The governmental
entity is committing a gradual
mistake of order grammatical,
and it’s so deeply guttural,
that it seems genetical.
Standing at the hall
of the hospital
she waits for a heal
of her habitual
crisis hysterical.
If the ideals
of two individuals
are so identicals,
this can’t be incidental
but, perhaps, intentional.
For write and jaw
as a crazy jackal
the arrogant boss of the journal
had to face the judicial
and, after, was arrested to the jail.
A perfectly legal,
and seemly loyal,
politician of the “right liberal”,
acting in defense of the citizens of the local,
can be politically correct and logical,
but, also, extremely lethal.
In front of the mall,
the orchestra of martial’s
was performing a magical
piece of the musical
dedicated to someone’s memorial.
To have a numeral
instead of to have a nominal,
nowadays is perfectly normal
and accepted as natural.
It cannot be official
and neither even original,
beyond to be, maybe, just occasional,
but it always means a very great overall:
when someone succeed to surpass an ordeal.
It wouldn’t be considered professional,
been as principal
activity or as punctual,
any kind of practical
of order political.
To the revival
of an unreal
and affected power as Royal,
he ruled like a racial
rascal
Pulling the seal
she found a small
and very special
signal
which provides hers survival.
That trial
had been typical
of a tradicional
and tropical
country ruled by the tyrannical.
For an universal
and unilateral
decision, cannot be unequivocal,
because it is unusual
and unnatural.
The hierarchy was so vertical
that neither the vassals
and neither even the vandals
could once in the life, at less, eat a good veal,
even one virtual.
Behind the waterfall,
touching wall-to-wall,
he found an wherewithal
as a kind of windfall.
Depois de tudo, a chegada do animal.
Depois de tudo,
nós nunca veremos a grande chegada
de um homem realmente real,
que possa parecer alguma coisa mais que um animal.
E isso é tudo.
Dentro de uma grande bola azul
sob a aurora boreal
eles consumaram seu casamento,
o que foi muito benéfico
para o próprio lugar do seus enterros.
Fazer uma chamada
para um carnaval
dentro de uma catedral
não é apenas cômico,
é também criminoso.
Para fazer um bom contrato
você pode apenas dar um telefonema,
mas evite ter dúbias atitudes duplas,
porque, então, você estará sendo desleal
e qualquer acordo pode se tornar dramático.
O editorial,
em sua parte mais essencial,
comparando com outros, é igual
e não tão eventual,
porque trata do eterno
problema de cunho extraconjugal.
Todas essas coisas tratadas como eclesiásticas,
ecumênicas,
evangélicas,
ou existenciais,
são tão vagas, vazias e etéreas
que parecem alguma coisa de origem extraterrestre.
A Grande Final
do (FFF) Festival
Federal
de Futebol
vai cair dia 06/06/06, no próximo domingo.
O gol final,
como acontece, em geral,
levou metade da torcida ao êxtase global
e a outra metade à depressão glacial.
A entidade governamental
está cometendo um gradual
erro de ordem gramatical,
tão profundamente gutural,
que parece ser genético.
Parada na entrada
do hospital
ela espera pela cura
da sua habitual
crise histérica.
Se os ideais
de dois indivíduos
são muito idênticos,
isto pode não ser acidental
mas, talvez, intencional.
Por escrever e falar tanto
como um louco chacal,
o arrogante chefe do jornal
teve que encarar o judiciário
e, depois, foi levado para a prisão.
Um perfeitamente legal,
e aparentemente leal,
político da “direita liberal”,
agindo em defesa dos cidadãos do local,
pode ser politicamente correto e lógico,
mas, também, extremamente letal.
Em frente ao shopping,
a orquestra marcial
estava tocando uma mágica
peça do musical
dedicado em memória de alguém.
Ter um número
ao invés de ter um nome,
hoje em dia é perfeitamente normal
e aceito como natural.
Pode não ser oficial
e nem mesmo original,
além de ser, talvez, apenas ocasional,
mas sempre significa uma grande cobertura: alguém
conseguir superar uma experiência difícil e dolorosa.
Não deveria ser considerado profissional,
seja como atividade principal
ou como ação puntual,
qualquer tipo de prática
de ordem política.
Para reviver
um irreal
e pretensioso poder Real,
ele governou como um desonesto
racial.
Puxando o selo
ela encontrou um pequeno
e muito especial
sinal
que possibilitou a sua sobrevivência.
Aquele julgamento
foi bem típico
de um tradicional
e tropical
país governado pela tirania.
Pois uma decisão
universal e unilateral
não pode ser inequívoca,
porque não é usual
nem natural.
A hierarquia era tão vertical
que nem os vassalos
e nem mesmo os vândalos
podiam, ao menos uma vez na vida, comer um filé,
mesmo um virtual.
Atrás da cachoeira,
tateando de parede a parede,
ele encontrou suprimento suficiente
como uma espécie de inesperado presente surpresa.
After all, the animal’s arrival.
After all,
we never will see the great arrival
of a man really actual,
who could seems something more than an animal.
And that’s all.
Inside of a big blue ball
under the aurora boreal
they consummated their bridal,
what was very beneficial
for the proper place of their burials.
To make a call
for a carnival
inside a cathedral
isn’t just comical,
it’s also criminal.
To make a good deal
you can just give a dial,
but avoid to have dubious attitudes in dual,
because, then, you’ll been disloyal
and any agreement can become dramatical.
The editorial,
in its part most essential,
comparing to the others is equal
and isn’t so eventual,
because it treats about the eternal
problem of stamp extramarital.
All these things called by names like ecclesiastical,
ecumenical,
evangelical,
or existential,
are so vagues, empties and ethereals
that seems something from origin’s extraterrestrial.
The Big Final
of the (FFF) Football
Federal
Festival
at next sunday, 06/06/06, will fall.
The final goal,
as it usually happens, in general,
took a half of the crowd to an ecstasy global
and the other half to a depress glacial.
The governmental
entity is committing a gradual
mistake of order grammatical,
and it’s so deeply guttural,
that it seems genetical.
Standing at the hall
of the hospital
she waits for a heal
of her habitual
crisis hysterical.
If the ideals
of two individuals
are so identicals,
this can’t be incidental
but, perhaps, intentional.
For write and jaw
as a crazy jackal
the arrogant boss of the journal
had to face the judicial
and, after, was arrested to the jail.
A perfectly legal,
and seemly loyal,
politician of the “right liberal”,
acting in defense of the citizens of the local,
can be politically correct and logical,
but, also, extremely lethal.
In front of the mall,
the orchestra of martial’s
was performing a magical
piece of the musical
dedicated to someone’s memorial.
To have a numeral
instead of to have a nominal,
nowadays is perfectly normal
and accepted as natural.
It cannot be official
and neither even original,
beyond to be, maybe, just occasional,
but it always means a very great overall:
when someone succeed to surpass an ordeal.
It wouldn’t be considered professional,
been as principal
activity or as punctual,
any kind of practical
of order political.
To the revival
of an unreal
and affected power as Royal,
he ruled like a racial
rascal
Pulling the seal
she found a small
and very special
signal
which provides hers survival.
That trial
had been typical
of a tradicional
and tropical
country ruled by the tyrannical.
For an universal
and unilateral
decision, cannot be unequivocal,
because it is unusual
and unnatural.
The hierarchy was so vertical
that neither the vassals
and neither even the vandals
could once in the life, at less, eat a good veal,
even one virtual.
Behind the waterfall,
touching wall-to-wall,
he found an wherewithal
as a kind of windfall.
Depois de tudo, a chegada do animal.
Depois de tudo,
nós nunca veremos a grande chegada
de um homem realmente real,
que possa parecer alguma coisa mais que um animal.
E isso é tudo.
Dentro de uma grande bola azul
sob a aurora boreal
eles consumaram seu casamento,
o que foi muito benéfico
para o próprio lugar do seus enterros.
Fazer uma chamada
para um carnaval
dentro de uma catedral
não é apenas cômico,
é também criminoso.
Para fazer um bom contrato
você pode apenas dar um telefonema,
mas evite ter dúbias atitudes duplas,
porque, então, você estará sendo desleal
e qualquer acordo pode se tornar dramático.
O editorial,
em sua parte mais essencial,
comparando com outros, é igual
e não tão eventual,
porque trata do eterno
problema de cunho extraconjugal.
Todas essas coisas tratadas como eclesiásticas,
ecumênicas,
evangélicas,
ou existenciais,
são tão vagas, vazias e etéreas
que parecem alguma coisa de origem extraterrestre.
A Grande Final
do (FFF) Festival
Federal
de Futebol
vai cair dia 06/06/06, no próximo domingo.
O gol final,
como acontece, em geral,
levou metade da torcida ao êxtase global
e a outra metade à depressão glacial.
A entidade governamental
está cometendo um gradual
erro de ordem gramatical,
tão profundamente gutural,
que parece ser genético.
Parada na entrada
do hospital
ela espera pela cura
da sua habitual
crise histérica.
Se os ideais
de dois indivíduos
são muito idênticos,
isto pode não ser acidental
mas, talvez, intencional.
Por escrever e falar tanto
como um louco chacal,
o arrogante chefe do jornal
teve que encarar o judiciário
e, depois, foi levado para a prisão.
Um perfeitamente legal,
e aparentemente leal,
político da “direita liberal”,
agindo em defesa dos cidadãos do local,
pode ser politicamente correto e lógico,
mas, também, extremamente letal.
Em frente ao shopping,
a orquestra marcial
estava tocando uma mágica
peça do musical
dedicado em memória de alguém.
Ter um número
ao invés de ter um nome,
hoje em dia é perfeitamente normal
e aceito como natural.
Pode não ser oficial
e nem mesmo original,
além de ser, talvez, apenas ocasional,
mas sempre significa uma grande cobertura: alguém
conseguir superar uma experiência difícil e dolorosa.
Não deveria ser considerado profissional,
seja como atividade principal
ou como ação puntual,
qualquer tipo de prática
de ordem política.
Para reviver
um irreal
e pretensioso poder Real,
ele governou como um desonesto
racial.
Puxando o selo
ela encontrou um pequeno
e muito especial
sinal
que possibilitou a sua sobrevivência.
Aquele julgamento
foi bem típico
de um tradicional
e tropical
país governado pela tirania.
Pois uma decisão
universal e unilateral
não pode ser inequívoca,
porque não é usual
nem natural.
A hierarquia era tão vertical
que nem os vassalos
e nem mesmo os vândalos
podiam, ao menos uma vez na vida, comer um filé,
mesmo um virtual.
Atrás da cachoeira,
tateando de parede a parede,
ele encontrou suprimento suficiente
como uma espécie de inesperado presente surpresa.
Uma pessoa, um lugar, uma hora.
Uma pessoa, um lugar, uma hora
A pessoa certa, no lugar certo, na hora certa… é a salvação plena, absoluta, milagrosa.
A pessoa certa, no lugar certo, na hora errada... é um sonso, perdido no tempo.
A pessoa certa, no lugar errado, na hora errada... é uma pobre vítima intencional.
A pessoa certa, no lugar errado, na hora certa... é um bobo, perdido no espaço.
A pessoa errada, no lugar certo, na hora certa... é um mero espectador eventual.
A pessoa errada, no lugar certo, na hora errada... é um mero espectador atrasado.
A pessoa errada, no lugar errado, na hora certa... é uma pobre vítima acidental.
A pessoa errada, no lugar errado, na hora errada... é a danação total, final, irremediável.
A person, a place, a time
The right person, in the right place, at the right time... is the plenty and miraculous salvation
The right person, in the right place, at the wrong time... is a goof, lost in the time
The right person, in the wrong place, at the wrong time... is a poor intentional victim
The right person, in the wrong place, at the right time... is a fool, lost in the space
The wrong person, in the right place, at the right time... is a mere eventual witness
The wrong person, in the right place, at the wrong time... is a mere later witness
The wrong person, in the wrong place, at the right time... is a poor accidental victim
The wrong person, in the wrong place, at the wrong time... is the final, irremediable damnation
A pessoa certa, no lugar certo, na hora certa… é a salvação plena, absoluta, milagrosa.
A pessoa certa, no lugar certo, na hora errada... é um sonso, perdido no tempo.
A pessoa certa, no lugar errado, na hora errada... é uma pobre vítima intencional.
A pessoa certa, no lugar errado, na hora certa... é um bobo, perdido no espaço.
A pessoa errada, no lugar certo, na hora certa... é um mero espectador eventual.
A pessoa errada, no lugar certo, na hora errada... é um mero espectador atrasado.
A pessoa errada, no lugar errado, na hora certa... é uma pobre vítima acidental.
A pessoa errada, no lugar errado, na hora errada... é a danação total, final, irremediável.
A person, a place, a time
The right person, in the right place, at the right time... is the plenty and miraculous salvation
The right person, in the right place, at the wrong time... is a goof, lost in the time
The right person, in the wrong place, at the wrong time... is a poor intentional victim
The right person, in the wrong place, at the right time... is a fool, lost in the space
The wrong person, in the right place, at the right time... is a mere eventual witness
The wrong person, in the right place, at the wrong time... is a mere later witness
The wrong person, in the wrong place, at the right time... is a poor accidental victim
The wrong person, in the wrong place, at the wrong time... is the final, irremediable damnation
Ram'on the hill
Trinta e sete anos depois… achei isso nos meus antigos alfarrábios manuscritos em papel:
Ram’on the hill
(Ramon na montanha, parodiando “The fool on the hill” dos Beatles)
Ramon subiu na montanha, e a única coisa que êle queria era apenas sentir sua mãe natureza, ama-la, vive-la e contempla-la em paz, mas as máquinas lá embaixo não deixavam.
Lá de baixo, da cidade grande, subiam até êle milhões de decibéis diabólicos e ele, assim, não conseguia o silêncio necessário e essencial para poder ver, ouvir, sentir, amar e contemplar a sua querida mãe.
Ramon então desceu à cidade, encarou a maquinaria toda, e disse: Cumequié?! Vocês não vêem que eu quero silêncio?! Ou são cegas e surdas, suas imbecis?!...
Depois, Ramon subiu novamente à sua montanha, virou pra sua mãe e disse: Mãe, oh mãe, não deixes que a matem assim! Diga alguma coisa, mãe! Faça alguma coisa!
Então, Ramon sentou-se numa pedra encima da montanha, apoiou os cotovelos nos joelhos, escorou o queixo nas mãos, fechou os olhos e não viu mais nada. Sentiu o frio da noite, ouviu o silêncio das máquinas, saboreou o perfume da terra, amou a e à luz da lua, contemplou não sei mais o quê, e morreu em paz.
Uma companhia qualquer de mineração fez explodir uma gigantesca carga de dinamite, e Ramon e sua amada montanha vieram abaixo. Pobre Ramon, não sabia que a sua montanha era 80% (oitenta por cento) minério-de-ferro puro de alto valor industrial.
Vai virar ferro e aço japonês ou alemão que depois serão transformados em chassis, motores, latarias e carcaças de ônibus americanos, caminhões italianos e carros brasileiros que, reincorporados então sob a forma desses estranhos animais, fantasmagoricamente se rematerializarão lá embaixo, na cidade grande, pra incrementar ainda mais a demoníaca e infernal poluição atmosférica e sonora.
Escrito num dia qualquer de julho de 1973, na Floresta, em BH, mais ou menos na mesma época em que grande parte da Serra do Curral foi detonada pelo mesmo motivo que a montanha do Ramon.
Ram’on the hill
(Ramon na montanha, parodiando “The fool on the hill” dos Beatles)
Ramon subiu na montanha, e a única coisa que êle queria era apenas sentir sua mãe natureza, ama-la, vive-la e contempla-la em paz, mas as máquinas lá embaixo não deixavam.
Lá de baixo, da cidade grande, subiam até êle milhões de decibéis diabólicos e ele, assim, não conseguia o silêncio necessário e essencial para poder ver, ouvir, sentir, amar e contemplar a sua querida mãe.
Ramon então desceu à cidade, encarou a maquinaria toda, e disse: Cumequié?! Vocês não vêem que eu quero silêncio?! Ou são cegas e surdas, suas imbecis?!...
Depois, Ramon subiu novamente à sua montanha, virou pra sua mãe e disse: Mãe, oh mãe, não deixes que a matem assim! Diga alguma coisa, mãe! Faça alguma coisa!
Então, Ramon sentou-se numa pedra encima da montanha, apoiou os cotovelos nos joelhos, escorou o queixo nas mãos, fechou os olhos e não viu mais nada. Sentiu o frio da noite, ouviu o silêncio das máquinas, saboreou o perfume da terra, amou a e à luz da lua, contemplou não sei mais o quê, e morreu em paz.
Uma companhia qualquer de mineração fez explodir uma gigantesca carga de dinamite, e Ramon e sua amada montanha vieram abaixo. Pobre Ramon, não sabia que a sua montanha era 80% (oitenta por cento) minério-de-ferro puro de alto valor industrial.
Vai virar ferro e aço japonês ou alemão que depois serão transformados em chassis, motores, latarias e carcaças de ônibus americanos, caminhões italianos e carros brasileiros que, reincorporados então sob a forma desses estranhos animais, fantasmagoricamente se rematerializarão lá embaixo, na cidade grande, pra incrementar ainda mais a demoníaca e infernal poluição atmosférica e sonora.
Escrito num dia qualquer de julho de 1973, na Floresta, em BH, mais ou menos na mesma época em que grande parte da Serra do Curral foi detonada pelo mesmo motivo que a montanha do Ramon.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Em torno da ponte
Em torno da ponte
embaixo da ponte
bebo da água
que me leva à fonte
encima da ponte
pego a estrada
que vai pro horizonte
ao lado da ponte
fico parado
enquanto o rio passa
paralelo à ponte
construo outra
redundante
sob a ponte
cavo um túnel
como variante
sobrevoando a ponte
lanço a carga
detonante
agora só há lados
desconectados
sem pontes
Around the bridge
under the bridge
I drink from the water
that lead me to the font
upon the bridge
I take the road
that goes to the horizon
at the side of the bridge
I stay stoped
while the river flows
parallel at the bridge
I build another
redundant
tubing the bridge
I dig a tunnel
as a variant
flying over the bridge
I throw the load
detonanting
now there are just sides
disconnecteds
without bridges
embaixo da ponte
bebo da água
que me leva à fonte
encima da ponte
pego a estrada
que vai pro horizonte
ao lado da ponte
fico parado
enquanto o rio passa
paralelo à ponte
construo outra
redundante
sob a ponte
cavo um túnel
como variante
sobrevoando a ponte
lanço a carga
detonante
agora só há lados
desconectados
sem pontes
Around the bridge
under the bridge
I drink from the water
that lead me to the font
upon the bridge
I take the road
that goes to the horizon
at the side of the bridge
I stay stoped
while the river flows
parallel at the bridge
I build another
redundant
tubing the bridge
I dig a tunnel
as a variant
flying over the bridge
I throw the load
detonanting
now there are just sides
disconnecteds
without bridges
Agindo como um doido clamando por nada
ing rhyme serie
Acting
as a mad being
claiming
for nothing
He was really acting
as a mad crazy being,
while he was calling
attention at what he was doing
as soon as it was emerging
from his freak feeling.
Apart from to where he was going,
what they were there having
were very well inspiring
him, without any joking,
to always be keeping
his mad way of living.
Even making
anything else but nothing,
he was only obeying,
as much as the time was passing,
without any questioning,
the order to go away, running.
Someone could exit by there saying
that he was just taking
some suspicious understanding
about how to stay himself valueing
as the time keep walking.
However, he was just xeroxing,
yet that been slowly yawning,
the world’s zooming.
Agindo
como um doido
clamando
por nada
Ele estava realmente agindo
como uma pessoa louca, desvairada,
enquanto chamava
atenção para o que fazendo estava,
tão logo isso emergia
da sua sensibilidade descontrolada.
Exceto por onde êle caminhava,
o que eles estavam fazendo lá
muito bem o inspirava,
sem brincadeira alguma,
a sempre manter
seu louco modo de viver.
Mesmo realizando
coisa alguma além de nada,
êle estava somente obedecendo,
tanto quanto o tempo estava passando,
sem nenhum questionamento,
a ordem de seguir em frente, correndo.
Alguém poderia sair por aí dizendo
que êle estava apenas tentando adquirir
algum suspeito conhecimento
sobre como se valorizar, se sobressair,
enquanto o tempo continuava passando.
Todavia, êle estava apenas imitando,
ainda que vagarosamente bocejando,
a rápida corrida do mundo.
Agindo como um doido clamando por nada
versao completa
Ele estava realmente agindo e se comportando como uma pessoa louca, desvairada, enquanto chamava a atenção para o que estava fazendo – não importava o que, onde, quando, como, pra que e nem porque –, tão logo isso emergia das profundezas da sua sensibilidade descontrolada.
Exceto por onde êle caminhava – e veja bem que ele, como todo doido, andava bastante –, o que eles estavam fazendo por lá, o inspirava e incentivava muito bem (sem gozação ou brincadeira alguma) a sempre querer manter esse seu louco modo de viver; pois, na sua santificada inconsciência de louco, êle sabia muito bem que somente assim poderia continuar a ser visto e ouvido com alguma sensatez (do ponto de vista dêle!)
Mesmo realizando coisa alguma além de nada, êle sabia que estava somente obedecendo – tanto quanto o tempo, inextricavelmente, estava passando –, sem nenhum questionamento, dúvida ou vacilo, a ordem de sempre seguir em frente, rápido, correndo!
Alguém, maldosamente, poderia sair por aí dizendo que ele, malandramente, estava apenas tentando adquirir algum suspeito tipo de conhecimento, de alguma neometafísica técnica pseudoparapsicológica, ou coisa que o valha, sobre como se valorizar, se sobressair, ou mesmo sobreviver, enquanto o tempo continuava passando.
Todavia, mesmo que ainda hoje poucos, ou ninguém, acreditem, êle estava apenas tentando imitar, ainda que vagarosamente bocejando e quase caindo de sono, a rápida e louca corrida do mundo.
Mas, nesse triste e derradeiro estágio de insanidade, êle já se parecia ainda mais com um velho, decrépito e desvairado muslin fundamentalista, no meio do deserto, clamando a deus... por nada, e pregando... para ninguém.
Tudo agora era apenas um sol escaldante, miragens estonteantes, areia até o horizonte e pedras aos montes.
Acting as a mad being claiming for nothing
full version
He was really acting and behaving as a crazy person, a real freakish, while he was calling the people’s attention to what he was doing – doesn’t matter what, where, when, how, for what, neither why –, as soon as this was emerging from the depths of his uncontroled sensibility.
Apart from where he was walking – and look well that he, like every madman, walks a lot –, what they were doing by there, were very well inspiring and incentiving him (without any joking) to always want to maintain this his crazy way of life; for, in his saintly unconscience of a crazy, he knows very well that only thus he could continue to be seen and listen with some senseness (from his point of view!)
Even didn’t holding any thing beyond of nothing, he knows that he was just obeying – as much as the time was inextricably going by –, without any questioning, any doubt or any vacillation, the order to always go ahead, fast, quickly, running!
Somebody could malevolently goes around there saying that he trampingly was just trying to acquire some suspicious kind of knowledge, from some neometaphysical ‘n’ pseudoparapsychological technic, or such a thing like this, about how to be valued, to be distinguished or, even, to survive, for while the time was continuesly passing.
However, even that yet nowadays less, or nobody, were believing, he was just trying to imitate, still that slowly yawning and almost falling on sleep, the speedy and crazy race of the world.
But, at this sad and last stage of insanity, he already was still more resembleding like an ancient, decrept and freakish fundamentalist muslin, in the middle of the desert, claiming in god... for nothing, and preaching... to nobody.
All now just was a scaldly sun, mirages stupendous, sand till the horizons and heaps of stones.
Acting
as a mad being
claiming
for nothing
He was really acting
as a mad crazy being,
while he was calling
attention at what he was doing
as soon as it was emerging
from his freak feeling.
Apart from to where he was going,
what they were there having
were very well inspiring
him, without any joking,
to always be keeping
his mad way of living.
Even making
anything else but nothing,
he was only obeying,
as much as the time was passing,
without any questioning,
the order to go away, running.
Someone could exit by there saying
that he was just taking
some suspicious understanding
about how to stay himself valueing
as the time keep walking.
However, he was just xeroxing,
yet that been slowly yawning,
the world’s zooming.
Agindo
como um doido
clamando
por nada
Ele estava realmente agindo
como uma pessoa louca, desvairada,
enquanto chamava
atenção para o que fazendo estava,
tão logo isso emergia
da sua sensibilidade descontrolada.
Exceto por onde êle caminhava,
o que eles estavam fazendo lá
muito bem o inspirava,
sem brincadeira alguma,
a sempre manter
seu louco modo de viver.
Mesmo realizando
coisa alguma além de nada,
êle estava somente obedecendo,
tanto quanto o tempo estava passando,
sem nenhum questionamento,
a ordem de seguir em frente, correndo.
Alguém poderia sair por aí dizendo
que êle estava apenas tentando adquirir
algum suspeito conhecimento
sobre como se valorizar, se sobressair,
enquanto o tempo continuava passando.
Todavia, êle estava apenas imitando,
ainda que vagarosamente bocejando,
a rápida corrida do mundo.
Agindo como um doido clamando por nada
versao completa
Ele estava realmente agindo e se comportando como uma pessoa louca, desvairada, enquanto chamava a atenção para o que estava fazendo – não importava o que, onde, quando, como, pra que e nem porque –, tão logo isso emergia das profundezas da sua sensibilidade descontrolada.
Exceto por onde êle caminhava – e veja bem que ele, como todo doido, andava bastante –, o que eles estavam fazendo por lá, o inspirava e incentivava muito bem (sem gozação ou brincadeira alguma) a sempre querer manter esse seu louco modo de viver; pois, na sua santificada inconsciência de louco, êle sabia muito bem que somente assim poderia continuar a ser visto e ouvido com alguma sensatez (do ponto de vista dêle!)
Mesmo realizando coisa alguma além de nada, êle sabia que estava somente obedecendo – tanto quanto o tempo, inextricavelmente, estava passando –, sem nenhum questionamento, dúvida ou vacilo, a ordem de sempre seguir em frente, rápido, correndo!
Alguém, maldosamente, poderia sair por aí dizendo que ele, malandramente, estava apenas tentando adquirir algum suspeito tipo de conhecimento, de alguma neometafísica técnica pseudoparapsicológica, ou coisa que o valha, sobre como se valorizar, se sobressair, ou mesmo sobreviver, enquanto o tempo continuava passando.
Todavia, mesmo que ainda hoje poucos, ou ninguém, acreditem, êle estava apenas tentando imitar, ainda que vagarosamente bocejando e quase caindo de sono, a rápida e louca corrida do mundo.
Mas, nesse triste e derradeiro estágio de insanidade, êle já se parecia ainda mais com um velho, decrépito e desvairado muslin fundamentalista, no meio do deserto, clamando a deus... por nada, e pregando... para ninguém.
Tudo agora era apenas um sol escaldante, miragens estonteantes, areia até o horizonte e pedras aos montes.
Acting as a mad being claiming for nothing
full version
He was really acting and behaving as a crazy person, a real freakish, while he was calling the people’s attention to what he was doing – doesn’t matter what, where, when, how, for what, neither why –, as soon as this was emerging from the depths of his uncontroled sensibility.
Apart from where he was walking – and look well that he, like every madman, walks a lot –, what they were doing by there, were very well inspiring and incentiving him (without any joking) to always want to maintain this his crazy way of life; for, in his saintly unconscience of a crazy, he knows very well that only thus he could continue to be seen and listen with some senseness (from his point of view!)
Even didn’t holding any thing beyond of nothing, he knows that he was just obeying – as much as the time was inextricably going by –, without any questioning, any doubt or any vacillation, the order to always go ahead, fast, quickly, running!
Somebody could malevolently goes around there saying that he trampingly was just trying to acquire some suspicious kind of knowledge, from some neometaphysical ‘n’ pseudoparapsychological technic, or such a thing like this, about how to be valued, to be distinguished or, even, to survive, for while the time was continuesly passing.
However, even that yet nowadays less, or nobody, were believing, he was just trying to imitate, still that slowly yawning and almost falling on sleep, the speedy and crazy race of the world.
But, at this sad and last stage of insanity, he already was still more resembleding like an ancient, decrept and freakish fundamentalist muslin, in the middle of the desert, claiming in god... for nothing, and preaching... to nobody.
All now just was a scaldly sun, mirages stupendous, sand till the horizons and heaps of stones.
Aquecendo os tambores do Olodum
Aquecendo os tambores do Olodum
Gente muito boa o Marcelinho Fonseca, meu cunhado-amigo-irmão – pois é, dizem que existe ex-mulher e até ex-sogra, mas que, assim como é impossível a existência de ex-filhos ou ex-pais, também não existem ex-cunhados, e uma vez cunhado, cunhado é, ou está, literalmente; e o Marcelinho, mais que um cunhado, é um cunhado-amigo-irmão.
Quando o Marcelinho ainda morava em Salvador, eu viajava muito a trabalho por esse Brasil afora, principalmente pelo Nordeste, e costumava adotar Salvador como minha “base” para essas viagens.
Tão logo eu descia no aeroporto dois de julho, ligava meu celular, chamava o Marcelinho e, seca e invariavelmente, falava: “Tô aqui, cheguei.” E ele, depois de responder como seu costumeiro, eloqüente e caloroso “Diga aí, meu irmão! Que bom que você está aqui...”, se colocava total, absoluta, inteira e exclusivamente à minha disposição, pra qualquer coisa, especialmente pra sair pela cidade à noite:
Cidade baixa, pelourinho, cidade alta, elevador lacerda, baixa do sapateiro, cidade velha, cantina da dona celina, largo de são..., pituba, amaralina, farol da barra, placafor, rio vermelho, campo santo, campo grande, alberto roberto, Itapoan, piatã, boca do rio, estrada do côco, camaçari, travessa de são..., liceu de artes e oficio, Itaparica, camapuã, praia da barra, praia do forte, Interlagos, sergipe, alagoas... e por aí vai (não necessariamente nesta ordem), ou melhor, por aí íamos.
Numa dessas vezes, eu disse a ele que gostaria muito de conhecer o Olodum... Pô, massa! Tudo bem – disse ele –, só se for agora, hoje à noite, vamos lá, playboy! E lá fomos nós...
Nesta época o Olodum ainda realizava seus ensaios e apresentações públicas, semanais, no seu terreiro original, o Terreiro do Olodum, nos fundos de um casarão antigo no Pelourinho, toda terça-feira à noite.
Chegamos e entramos na hora em que o terreiro abriu, mais ou menos às 18h, e saímos e fomos embora só na hora em que o terreiro fechou, mais ou menos às 06h da manhã da quarta-feira.
Aproximadamente doze horas, metade de um dia, uma noite inteira de vigília, ao som dos incríveis e fantásticos tambores do Olodum.
Quando chegamos, estávamos praticamente somente nós dois ali, de pé, bebendo cerveja adoidado e fumando (nem tanto), bem de frente ao bloco e aos tambores. Mas o povo foi chegando, gente foi entrando e se amontoando, e de repente, lá pras tantas, já era um mar de gente, tomando conta de todo o terreiro, que nem era tão grande assim, mais ou menos só uns quatrocentos metros quadrados de cimento bruto, acomodando cerca de mil e duzentas pessoas maleáveis. E nós dois ali, firmes e irredutíveis, de frente para os tambores.
E o batuque foi aumentando, as batidas subindo, o ritmo crescendo, acelerando e desacelerando, o sangue fervendo, os nervos eletrificando, tambores, surdos, e taróis se altercando, se alterando, se intercalando, se sobrepondo, o tórax vibrando como caixa de ressonância de tudo aquilo, o coração disparando, alma e corpo se purificando e o espírito se elevando. E nós dois ali, bêbados e trôpegos, perante os tambores.
Lá pras altas horas da madrugada aquela turba já não era apenas um mar de gente apreciando um belíssimo bloco de tambores em execução, era muito mais que isso, era um corpo só, uma coisa só dançando e se movendo, alucinada e alucinante, num só ritmo, no mesmo padrão, na mesma cadência dos sons dos tambores, pra frente e pra trás, pros lados, pra cima e pra baixo, todos harmoniosamente juntos, como uma onda humana, indo e voltando incessantemente, em êxtase total – e olha que, pelo que me afirmaram, só rolou cerveja mesmo, nada de outros baratos mais fortes; o que, a julgar pelo porte físico dos negões da segurança do local, era plenamente crível.
Parecia uma espécie de celebração, um festival, um ritual de iniciação ou de louvação, daqueles que nos remetem ao nosso passado mais remoto, das tribos nômades, das cavernas, das origens da raça mesmo; porém, realçando, sobretudo, o seu lado mais belo, sublime e grandioso, o que só a musica é capaz de traduzir e transmitir.
Foi uma festa realmente incrível, magnífica, majestosa, uma maravilhosa, estonteante e inebriante variedade de ritmos e sons africanos, brasileiros, caribenhos, asiáticos, oceânicos, ocidentais e orientais, tudo junto... e nós dois continuamos ali, até o final, cambaleantes e irremovíveis, defronte aos tambores.
Mas, para mim, uma outra coisa bem interessante, colateral, aconteceu naquela noite: acontece que os couros de certos tambores precisavam ser aquecidos constantemente para que não se deformassem, ou seja, não podiam ficar muito moles, mas sempre bem retesados e firmes (ou é o inverso, sei lá, num lembro!) de forma a manter uma boa qualidade de som, e isso era propiciado por simples aquecimento!
Como isso era feito? Muito simples: o general da banda, ou o sujeito responsável pela manutenção do aquecimento tamboral, pegava um chumaço de jornal, botava fogo na ponta e passava próximo dos couros, em movimentos circulares uniformes (próximo o bastante pra não incendiar os tambores, é claro, mesmo porque isso o próprio som do Olodum já se encarregava de fazer).
Ocorreu que, como eu era um dos mais próximos aos tambores e estava fumando toda hora (vício desgraçado!), o tal sujeito mantenedor do calor vinha toda hora pegar meu isqueiro emprestado pra botar fogo no jornal pra esquentar os tambores, e foi essa ladainha a noite toda: ele estendendo o jornal, eu botando fogo, ele aquecendo os tambores...
E até hoje eu tenho esse isqueirinho guardado comigo (só não sei onde), só para um dia poder dizer pros meus netinhos: um dia, ou melhor, uma noite, esse isqueiro aqueceu os tambores do Olodum.
Numa outra certa vez – ou foi “incerta” vez? – nós saímos de Interlagos e pegamos a estrada do coco e desnorteamos rumo norte pra ir comprar peixe fresco pro almoço... (mas essa já é uma outra estória)
Gente muito boa o Marcelinho Fonseca, meu cunhado-amigo-irmão – pois é, dizem que existe ex-mulher e até ex-sogra, mas que, assim como é impossível a existência de ex-filhos ou ex-pais, também não existem ex-cunhados, e uma vez cunhado, cunhado é, ou está, literalmente; e o Marcelinho, mais que um cunhado, é um cunhado-amigo-irmão.
Quando o Marcelinho ainda morava em Salvador, eu viajava muito a trabalho por esse Brasil afora, principalmente pelo Nordeste, e costumava adotar Salvador como minha “base” para essas viagens.
Tão logo eu descia no aeroporto dois de julho, ligava meu celular, chamava o Marcelinho e, seca e invariavelmente, falava: “Tô aqui, cheguei.” E ele, depois de responder como seu costumeiro, eloqüente e caloroso “Diga aí, meu irmão! Que bom que você está aqui...”, se colocava total, absoluta, inteira e exclusivamente à minha disposição, pra qualquer coisa, especialmente pra sair pela cidade à noite:
Cidade baixa, pelourinho, cidade alta, elevador lacerda, baixa do sapateiro, cidade velha, cantina da dona celina, largo de são..., pituba, amaralina, farol da barra, placafor, rio vermelho, campo santo, campo grande, alberto roberto, Itapoan, piatã, boca do rio, estrada do côco, camaçari, travessa de são..., liceu de artes e oficio, Itaparica, camapuã, praia da barra, praia do forte, Interlagos, sergipe, alagoas... e por aí vai (não necessariamente nesta ordem), ou melhor, por aí íamos.
Numa dessas vezes, eu disse a ele que gostaria muito de conhecer o Olodum... Pô, massa! Tudo bem – disse ele –, só se for agora, hoje à noite, vamos lá, playboy! E lá fomos nós...
Nesta época o Olodum ainda realizava seus ensaios e apresentações públicas, semanais, no seu terreiro original, o Terreiro do Olodum, nos fundos de um casarão antigo no Pelourinho, toda terça-feira à noite.
Chegamos e entramos na hora em que o terreiro abriu, mais ou menos às 18h, e saímos e fomos embora só na hora em que o terreiro fechou, mais ou menos às 06h da manhã da quarta-feira.
Aproximadamente doze horas, metade de um dia, uma noite inteira de vigília, ao som dos incríveis e fantásticos tambores do Olodum.
Quando chegamos, estávamos praticamente somente nós dois ali, de pé, bebendo cerveja adoidado e fumando (nem tanto), bem de frente ao bloco e aos tambores. Mas o povo foi chegando, gente foi entrando e se amontoando, e de repente, lá pras tantas, já era um mar de gente, tomando conta de todo o terreiro, que nem era tão grande assim, mais ou menos só uns quatrocentos metros quadrados de cimento bruto, acomodando cerca de mil e duzentas pessoas maleáveis. E nós dois ali, firmes e irredutíveis, de frente para os tambores.
E o batuque foi aumentando, as batidas subindo, o ritmo crescendo, acelerando e desacelerando, o sangue fervendo, os nervos eletrificando, tambores, surdos, e taróis se altercando, se alterando, se intercalando, se sobrepondo, o tórax vibrando como caixa de ressonância de tudo aquilo, o coração disparando, alma e corpo se purificando e o espírito se elevando. E nós dois ali, bêbados e trôpegos, perante os tambores.
Lá pras altas horas da madrugada aquela turba já não era apenas um mar de gente apreciando um belíssimo bloco de tambores em execução, era muito mais que isso, era um corpo só, uma coisa só dançando e se movendo, alucinada e alucinante, num só ritmo, no mesmo padrão, na mesma cadência dos sons dos tambores, pra frente e pra trás, pros lados, pra cima e pra baixo, todos harmoniosamente juntos, como uma onda humana, indo e voltando incessantemente, em êxtase total – e olha que, pelo que me afirmaram, só rolou cerveja mesmo, nada de outros baratos mais fortes; o que, a julgar pelo porte físico dos negões da segurança do local, era plenamente crível.
Parecia uma espécie de celebração, um festival, um ritual de iniciação ou de louvação, daqueles que nos remetem ao nosso passado mais remoto, das tribos nômades, das cavernas, das origens da raça mesmo; porém, realçando, sobretudo, o seu lado mais belo, sublime e grandioso, o que só a musica é capaz de traduzir e transmitir.
Foi uma festa realmente incrível, magnífica, majestosa, uma maravilhosa, estonteante e inebriante variedade de ritmos e sons africanos, brasileiros, caribenhos, asiáticos, oceânicos, ocidentais e orientais, tudo junto... e nós dois continuamos ali, até o final, cambaleantes e irremovíveis, defronte aos tambores.
Mas, para mim, uma outra coisa bem interessante, colateral, aconteceu naquela noite: acontece que os couros de certos tambores precisavam ser aquecidos constantemente para que não se deformassem, ou seja, não podiam ficar muito moles, mas sempre bem retesados e firmes (ou é o inverso, sei lá, num lembro!) de forma a manter uma boa qualidade de som, e isso era propiciado por simples aquecimento!
Como isso era feito? Muito simples: o general da banda, ou o sujeito responsável pela manutenção do aquecimento tamboral, pegava um chumaço de jornal, botava fogo na ponta e passava próximo dos couros, em movimentos circulares uniformes (próximo o bastante pra não incendiar os tambores, é claro, mesmo porque isso o próprio som do Olodum já se encarregava de fazer).
Ocorreu que, como eu era um dos mais próximos aos tambores e estava fumando toda hora (vício desgraçado!), o tal sujeito mantenedor do calor vinha toda hora pegar meu isqueiro emprestado pra botar fogo no jornal pra esquentar os tambores, e foi essa ladainha a noite toda: ele estendendo o jornal, eu botando fogo, ele aquecendo os tambores...
E até hoje eu tenho esse isqueirinho guardado comigo (só não sei onde), só para um dia poder dizer pros meus netinhos: um dia, ou melhor, uma noite, esse isqueiro aqueceu os tambores do Olodum.
Numa outra certa vez – ou foi “incerta” vez? – nós saímos de Interlagos e pegamos a estrada do coco e desnorteamos rumo norte pra ir comprar peixe fresco pro almoço... (mas essa já é uma outra estória)
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