sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O Silêncio da Casa


O silêncio da casa

O silêncio da casa e o silêncio do lugar
são mais do que o silêncio de uma casa e o silêncio de um lugar.
São muito mais do que isso, mais do que esse lugar tão vulgar.
E esse “muito mais” é, como diria Fernando Pessoa,
um silêncio de vida (e eu digo, silêncio de pessoa).
Mas não o final e mortal silêncio da vida,
que esta, em mim, acho que ainda habita.
Mas, um silêncio de vida propriamente dita,
de vida em movimento, de vida que se agita.
Um silêncio de gente, de ruidosas e martelantes vozes,
de barulhos, de som, de coisas quebrando o silêncio,
como gente martelando e quebrando nozes.
Como depois de todo Natal, quando isso é fatal,
pois que é quando mais se ouve tal silêncio,
seja pro bem, seja pro mal.
(aliás, no Natal, só como depois do Natal,
pois a ceia, depois de tanto vinho que tomo,
de tão tonto, se insisto e como,
costuma cair meio mal)
Lucidamente voltando pra casa silenciosa
(mas nem por isso, de forma alguma, odiosa nem ociosa):
Esse silêncio não é um silêncio bom e nem é um silêncio ruim,
mesmo que às vezes um silêncio possa ser bom ou ruim,
ou possua simultaneamente essas duas qualidades opostas,
como um não e um sim,
de condições inescapavelmente impostas.
Não, ele não é bom nem ruim.
É somente um silêncio, que
(novamente como diria o grande Fernando Pessoa)
não me traz sossego e nem desassossego.
Perguntarias porque?
Talvez por que a ele não me apego.
É apenas silêncio.
Só ouço silêncio.
Silencio.

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