sábado, 13 de abril de 2013

Estrelas Caídas

 
Estrelas Caídas
(Falling Stars - reedição de Seres Estelares)
 
Na aula inaugural de Astro-Biologia Sistêmica, ou Sistemas de Biologia Astronômica, da 7ª. Série do 3º. Ciclo, no ano de 2143, o professor apresentou aos alunos a seguinte teoria, para discussão: Certas antiqüíssimas filosofias místico-espirituais do oriente, inclusive o hinduísmo, o budismo e o zen-budismo, proclamam e professam, há milênios, que não só a Terra, mas também o Sol, a Lua, as estrelas, os cometas e todos os astros do cosmos, de todo o universo, são seres vivos de fato. Não apenas simbólica, figurativa ou metaforicamente falando, mas realmente vivos, sensíveis, ágeis, pensantes, atuantes e inteligentes, como nós, seres de carne e osso, só que com outras composições bio-físico-materiais, é claro.
E, mais que isso, além de constituírem seres viventes individuais, eles se comunicam, se relacionam, se influenciam, interagem entre si, formando verdadeiras comunidades cósmicas, universais, inclusive estabelecendo hierarquias de poder e comando entre eles. É dito, também, que a vida no nosso universo somente ocorre e se manifesta plenamente, em sua expressão máxima, mais perfeita e sublime, nesses níveis cósmicos, nas esferas astronômicas, e não no nosso nível terreno, animal, humano – e que nós estaríamos aqui, vida após vida, em constante processo de evolução, como seres espirituais, para um dia ascendermos, transcendermos, desse nível mundano para aquele, universal.
Um dos alunos, meio sarcástica e zombeteiramente, perguntou: Então, um dia, nós todos, nos tornaremos estrelas?!
Isso mesmo! Há tempos venho pensando que sim, afirmou o professor: se existem bilhões ou trilhões de estrelas e planetas no universo e se também existem, muito provavelmente, bilhões ou trilhões de seres viventes como nós nesse mesmo universo, será que não há uma relação direta, biunívoca, uma real relação de vida, entre esses dois tipos de seres, entre os seres como nós e esses seres astronômicos, entre o microcosmo e o macrocosmo? Isso me lembra um famoso e antigo ditado místico-religioso que diz que “assim como é em cima, é embaixo”, ou vice-versa, completou o mestre. Como esse nosso universo é, sábia e sabidamente, regido pelas dualidades, pelos pares, duplas, opostos ou não, é perfeitamente plausível que os seres desse universo possam ter dois tipos de vida: essa aqui, embaixo, e outra lá, em cima. Ou que essas vidas possam se refletir, se manifestar e se incorporar sob duas formas concretas e distintas: uma, aqui, no micro, e outra, lá, no macro. E, ainda, que as duas, por meio de alguma forma ou canal misterioso, se relacionem, se comuniquem, se influenciem e interajam entre si.
Visto que na Terra, assim como em todo o nosso Universo, tudo está em constante movimentação, expansão e evolução, essas duas formas de vida também assim estariam. Desse modo, é bastante provável, e possível, que as formas de vida micro estejam se desenvolvendo e evoluindo em direção aos seus respectivos pares de formas de vida macro, para se tornarem iguais, ou, melhor ainda, para se unificarem, no estágio final desse processo evolutivo, em uma só vida, num único ser vivo. Outro modo, ou outro ponto de vista, que explicaria a mesma coisa, seria o de definir o micro, o homem, como uma minúscula parte que, temporária e periodicamente, se separaria do macro, o astro, e se incorporaria, encarnaria, como outro ser individual, nos níveis de baixo, para viver e cumprir certas etapas do processo evolutivo que somente seriam possíveis nos mundos do microcosmo.
Apontando para o telão, prosseguiu o professor: Partindo, agora, para uma linha de raciocínio um pouco mais ousada e detalhada entre os dois cosmos, o micro e o macro, é possível até tentar estabelecer uma relação e uma classificação hierarquizada entre os seus respectivos habitantes ou entidades, conforme apresentado resumidamente neste quadro.
No imenso monitor tridimensional de PIHI (Plasma de Iridium-Hélio Ionizado) apareceu uma tabela simples, com duas colunas e sete linhas – o que poderia ter sido projetado em qualquer tela plana bidimensional, mas o professor não queria perder a oportunidade de dramatizar e espetacularizar sua apresentação. O título de cada uma das duas colunas era: MACRO e MICRO. Em cada uma das sete linhas da coluna MACRO, estava escrito: Estrela; Planeta; Satélite; Cometa; Meteoro; Meteorito; Poeira Cósmica. E em cada uma das sete linhas da coluna MICRO, correspondendo a cada um dos sete elementos da coluna MACRO, estava escrito: Ser Inteligente (homem e mulher); Elefante, Vaca, Cavalo, Tubarão, Baleia e similares; Leão, Cachorro, Tigre, Gato, Golfinho e afins; Pássaros e Peixes de grande porte; Pássaros e Peixes de pequeno porte; Mosquito, Borboleta, Abelha, Pernilongo, Besouro e parentes; Vermes, Germes, Vírus e Bactérias em geral.
Prosseguiu o professor: É muito instigante, e até preocupante, constatar que, segundo essa teoria, assim como a poeira cósmica pode envolver uma estrela, e, seu baixo corolário, como germes e bactérias podem viver sobre a pele do homem, outros interessantes relacionamentos físicos ou orgânicos desse tipo podem ocorrer, tal como, por exemplo, um ser inteligente, como o homem, que viva na crosta de um planeta, como a Terra, estar vivendo, na verdade, sobre o correlato cósmico do couro de uma vaca ou de um elefante – o ruim disso é que há um certo perigo de a vaca ou o elefante acharem que esses vermes estão danificando os seus belos couros, e resolverem eliminá-los, exterminá-los, de alguma forma.
Por outro lado, completou, pode ser muito excitante e gratificante verificar que planetas, satélites e cometas podem estar gravitando e girando em torno dos homens, atraídos e magnetizados pelos parceiros cósmicos destes, as estrelas.
Finalmente, talvez cada um de nós, homens e mulheres desse mundo, tenha a sua própria e única estrela correlata, a sua parte cósmica, a sua estrela-guia, em algum ponto do universo, nos guardando e nos aguardando.
Talvez formas de expressão, bordões ou chavões tão comuns e corriqueiros como “ela é uma grande estrela”, “ele tem estrela”, ”nasce uma estrela”, “virou uma estrelinha”, ou “somos poeira das estrelas”, sejam muito mais profundos, concretos, reais e verdadeiros do que jamais imaginamos.
O mestre encerrou a aula concluindo: Valeria, enfim, reformular, e ao mesmo tempo responder afirmativamente, a pergunta que o menino, ali, colocou no início: Então, um dia, todos nós retornaremos para as estrelas, retornaremos como estrelas, nos tornaremos estrelas.
A propósito, sabiam que, de fato, toda a matéria do universo é composta, nada mais nada menos, de poeira das estrelas? ("és pó, e ao pó retornarás") Isso mesmo, as estrelas nascem, crescem e morrem como qualquer um de nós e tudo no universo; e, ao morrer, explodem e se transformam em simples poeira cósmica que, mais tarde, formarão novas estrelas, novos planetas, novos seres, e assim por diante, num ciclo constante e infinito: poeira, estrela, gente, poeira, gente, estrela, poeira...      
Talvez você seja Sirius, talvez ele ou ela seja Vega...
Deixe sua estrela brilhar!
Robert Silvercore
 


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