sábado, 10 de novembro de 2012

dans a la notre-dame

dentro da notre-dame

ainda ontem, já como parte do meu inabalável e irrevogável propósito de andar a toa, sem rumo, pela cidade, eu estava perambulando lá pelos lados de las îlés quando, de repente, me vi novamente com la notre-dame pela frente.
deu vontade de entrar, mas as filas pra comprar ingresso continuavam desanimadoramente quilométricas. mas, quando já ia embora, passando pela porta principal, vi um grupo de pessoas entrando sem ingressos nas mãos. pensei logo: só pode ser um grupo de “pré-pagos”, e, como eram todos senhores-de-cabelos-brancos-vestidos-de-preto, que nem eu, resolvi arriscar e me imiscuí sorrateiramente no meio deles. deu certo! (felizmente, lá dentro, ninguém confere nada! entrou, tá entrado!)
valeu o risco! vista por dentro la notre-dame é ainda mais fascinante, deslumbrante, fantástica! fiquei lá dentro quase umas duas horas, grande parte desse tempo simplesmente sentado num banco, na nave central, olhando pra cima. Ah, como me lembrei de Amadeu do Prado, no seu discurso, no Trem Noturno pra Lisboa!
“não quero viver num mundo sem catedrais. preciso da sua beleza e da sua transcendência. preciso delas contra a vulgaridade do mundo ... preciso do seu esplendor ... preciso do seu silêncio imperioso ... quero escutar o som oceânico dos órgãos ...”
só não ouvi o som oceânico do órgão, mas, em compensação, ouvi algo tão precioso quanto, e ao qual Amadeu não se referiu: o som sublime e angelical de um coral gregoriano, só de mulheres. não dava pra ver onde elas estavam, mas o canto vinha de um daqueles balcões superiores em frente ao gigantesco órgão, lá nas alturas, no lugar perfeito. e deu pra notar também que era um mero ensaio (talvez pras comemorações dos 850 anos da catedral, que parece que é mês que vem) mas, que ensaio! de arrepiar! serenidade absoluta! a paz celestial! uma hora ouvindo isso, naquele lugar, é para arrebatar qualquer um, em êxtase, para os céus!

 

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