sexta-feira, 9 de novembro de 2012

à mon cher lecteurs

aos meus caros leitores

Devido ao excesso de exposição da minha própria imagem, através de centenas de fotos, nesse meu próprio blog, informo que a partir de hoje não mais postarei foto alguma, pelo menos aquelas onde a minha ignara e ignóbil imagem possa vir a parecer. Doravante, vou apenas citar os lugares por onde andei, as ruas onde passei, os buracos onde me enfiei, os botecos onde embebedei.
Mesmo porque, como já visitei todos os lugares importantes que me interessavam, daqui pra frente, nesses três ou quatro dias que me restam aqui, pretendo ficar completamente a toa, sem fazer nada, sem o mínimo compromisso sócio-turístico-investigativo-cultural.
A única coisa que eu quero, e vou fazer, mesmo, é sentar novamente, tranquilamente, ali naquelas simples mesinhas de calçada das brasseries e pâtisseries do Boulevard Reuilly e tomar um cafezinho bem quentinho, enquanto aprecio as francesas, e outras de outras nacionalidades, passando de lá pra cá e de cá pra lá.
Aliás, a bem da verdade, esta é a melhor coisa que qualquer cidadão, de qualquer lugar do mundo, pode querer vir fazer aqui em Paris. Ma quê Eiffel, que nada! Ma quê Louvre, que nada! Ma quê ver salles, que nada! O melhor é ver as francesas! Ou veras francesas, que alguma Vera, deveras, há de haver entre elas.
E a pior coisa de paris?! Já contei pra vocês? Ainda não?! A pior são aqueles músicos horríveis que ficam tocando, geralmente acordeão ou saxofone, dentro dos trens do metrô. Eles são ruins demais! Tocam pessimamente mau e muito alto. Só servem pra atrapalhar a viagem. Eles entram em todos os trens e é impossível fazer um único trecho sem ter os ouvidos expostos a um deles!
Mas, façamos justiça aos bons músicos que tocam nas estações, e não nos trens. Estes, sim, dão prazer em ouvir. E há de tudo: de roqueiros ingleses com violinos e guitarras até muslins árabes com címbalos e cítaras, ou algo parecido. Dá vontade de parar e ficar curtindo eles tocarem (são tão bons quanto os de Londres). Aliás, também pretendo fazer isso nesses últimos dias.
E por falar em estrangeiros e estações, o meu “balcão de informações” está funcionando a plena carga. Parece que quanto mais tempo eu fico numa cidade, mais as pessoas vão se acostumando a me ver nas ruas todos os dias e começam a me pedir informações (e a minha velha síndrome de “cara de informante”). e eu deixei de recusar e passei a dar orientações pra qualquer um em inglês mesmo, até pros franceses e, pior, parece que eles estão entendendo tudo.
O francês pergunta: monsieur, oú est l’estation de métro la plus proche? Eu respondo: go straight by this street, turn left the next one, walk down two blocks. turning right you´ll find a square, and then you´ll be there, at the station. E estamos conversados. Agora, o mais engraçado, mesmo, é um deles chegar e perguntar, com a cara mais inocente do mundo, pra que lado fica a Torre Eiffel! Pode?! (tem gente que realmente não sabe pra quê que serve um mapa, ou então não sabe lê-los!) – juro que isso aconteceu! – un casal español chegou e o señor perguntou, apontando pros dois lados do rio sena: pra qui lado fica la torre eifél, és para lá, o és para cá? Respondi: é pra lá. Mas completei: cês vão ter que andar mucho, mucho, mucho!  (de onde a gente estava até a torre, seguindo pelas margens do sena, dá, no mínimo, uns 7 km)
E por falar em francês, estou chegando à conclusão, há tempos pensada, de que a língua francesa é realmente a mais bonita do mundo, pelo menos quanto à sonoridade (quanto à estética gráfica, tem umas orientais bem interessantes). Ando pensando em aprender um pouco de francês só pra entender o que significa a beleza do que eles falam – ou melhor, não?! talvez isso possa atrapalhar tudo?! às vezes a magia e força sedutora das coisas estão escondidas justamente no seu mistério, no oculto, no desconhecido!
De qualquer forma, é muito bonito ouvi-los pronunciar palavras tão triviais, como, por exemplo, nomes de estações de metrô: nation, daumesnil, alexandre dumas, barbès-rochechouart (soam algo como: nachiôn, dumêní, alequichán drodumô, barbê rochêchuá). É muito gostoso ouvir isso, especialmente quando sai da bela boca de uma linda francesa.
Mas, voltando aos primeiros parágrafos, não esperem grandes postagens, e muito menos fotos, nesses meus últimos dias de Paris, pois estarei lá sentado numa mesinha da minha brasserie favorita, a Aù Mètro, vendo o vai-e-vem na rua. até a volta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário