aos meus caros leitores
Devido
ao excesso de exposição da minha própria imagem, através de centenas de fotos,
nesse meu próprio blog, informo que a partir de hoje não mais postarei foto
alguma, pelo menos aquelas onde a minha ignara e ignóbil imagem possa vir a
parecer. Doravante, vou apenas citar os lugares por onde andei, as ruas onde
passei, os buracos onde me enfiei, os botecos onde embebedei.
Mesmo
porque, como já visitei todos os lugares importantes que me interessavam, daqui
pra frente, nesses três ou quatro dias que me restam aqui, pretendo ficar
completamente a toa, sem fazer nada, sem o mínimo compromisso sócio-turístico-investigativo-cultural.
A
única coisa que eu quero, e vou fazer, mesmo, é sentar novamente,
tranquilamente, ali naquelas simples mesinhas de calçada das brasseries e pâtisseries do Boulevard
Reuilly e tomar um cafezinho bem quentinho, enquanto aprecio as francesas, e
outras de outras nacionalidades, passando de lá pra cá e de cá pra lá.
Aliás,
a bem da verdade, esta é a melhor coisa que qualquer cidadão, de qualquer lugar
do mundo, pode querer vir fazer aqui em Paris. Ma quê Eiffel, que nada! Ma quê Louvre,
que nada! Ma quê ver salles, que nada! O melhor é ver as francesas! Ou veras
francesas, que alguma Vera, deveras, há de haver entre elas.
E
a pior coisa de paris?! Já contei pra vocês? Ainda não?! A pior são aqueles
músicos horríveis que ficam tocando, geralmente acordeão ou saxofone, dentro
dos trens do metrô. Eles são ruins demais! Tocam pessimamente mau e muito alto.
Só servem pra atrapalhar a viagem. Eles entram em todos os trens e é impossível
fazer um único trecho sem ter os ouvidos expostos a um deles!
Mas,
façamos justiça aos bons músicos que tocam nas estações, e não nos trens. Estes,
sim, dão prazer em ouvir. E há de tudo: de roqueiros ingleses com violinos e guitarras
até muslins árabes com címbalos e cítaras, ou algo parecido. Dá vontade de
parar e ficar curtindo eles tocarem (são tão bons quanto os de Londres). Aliás,
também pretendo fazer isso nesses últimos dias.
E
por falar em estrangeiros e estações, o meu “balcão de informações” está
funcionando a plena carga. Parece que quanto mais tempo eu fico numa cidade,
mais as pessoas vão se acostumando a me ver nas ruas todos os dias e começam a
me pedir informações (e a minha velha síndrome de “cara de informante”). e eu deixei
de recusar e passei a dar orientações pra qualquer um em inglês mesmo, até pros
franceses e, pior, parece que eles estão entendendo tudo.
O
francês pergunta: monsieur, oú est l’estation de métro la plus proche? Eu
respondo: go straight by this street, turn left the next one, walk down two
blocks. turning right you´ll find a square, and then you´ll be there, at the
station. E estamos conversados. Agora, o mais engraçado, mesmo, é um deles
chegar e perguntar, com a cara mais inocente do mundo, pra que lado fica a
Torre Eiffel! Pode?! (tem gente que realmente não sabe pra quê que serve um mapa, ou então não sabe lê-los!) – juro que isso aconteceu! – un casal español chegou e o señor
perguntou, apontando pros dois lados do rio sena: pra qui lado fica la torre
eifél, és para lá, o és para cá? Respondi: é pra lá. Mas completei: cês vão ter
que andar mucho, mucho, mucho! (de onde
a gente estava até a torre, seguindo pelas margens do sena, dá, no mínimo, uns
7 km)
E
por falar em francês, estou chegando à conclusão, há tempos pensada, de que a
língua francesa é realmente a mais bonita do mundo, pelo menos quanto à
sonoridade (quanto à estética gráfica, tem umas orientais bem interessantes). Ando
pensando em aprender um pouco de francês só pra entender o que significa a
beleza do que eles falam – ou melhor, não?! talvez isso possa atrapalhar tudo?!
às vezes a magia e força sedutora das coisas estão escondidas justamente no seu
mistério, no oculto, no desconhecido!
De
qualquer forma, é muito bonito ouvi-los pronunciar palavras tão triviais, como,
por exemplo, nomes de estações de metrô: nation, daumesnil, alexandre dumas,
barbès-rochechouart (soam algo como: nachiôn, dumêní, alequichán drodumô, barbê
rochêchuá). É muito gostoso ouvir isso, especialmente quando sai da bela boca
de uma linda francesa.
Mas,
voltando aos primeiros parágrafos, não esperem grandes postagens, e muito menos
fotos, nesses meus últimos dias de Paris, pois estarei lá sentado numa mesinha
da minha brasserie favorita, a Aù Mètro, vendo o vai-e-vem na rua. até a volta!