quinta-feira, 12 de abril de 2012

A batalha do besouro no castelo

A batalha do besouro no castelo
ou O besouro na batalha do castelo
ou A batalha no castelo do besouro – versão realinhada, corrigida e estendida.


Não sei se serei capaz de contar essa estória sob este ponto de vista ou vista deste ângulo – o que dá na mesma –, de qualquer maneira vou tentar.
Esta é a estória do pequeno besouro na grande batalha pela conquista do imenso castelo (ou qualquer uma das duas outras opções de título acima):
Apesar de o preço unitário do gado-de-guerra ter sido unilateralmente elevado para o dobro no mercado negro de armas, os olhos atentos e vigilantes da branca águia fiscal – aquela da tão famosa “fábula do dinheiro”, o que não necessariamente significa uma “fábula de dinheiro” –, estavam suspeitosamente muito tranqüilos e gentis (provavelmente por se tratar de uma águia acostumada a voar sobre as terras do subcontinente norte-americano).
Mas, isso, só porque ela há muito tempo já conseguira neutralizar e dominar os bichinhos mais lentos e preguiçosos escondidos no meio da floresta. Então, ela pôs a sua chaleira-metralhadora para carregar e esquentar, mas, apenas por um pouco, pois a munição era paca, digo parca (paca era outra das suas presas prediletas).
Porém, êle, o tal besouro – dos vários títulos dessa estória –, sabia muito bem que no meio daquela insana confusão, em meio a turbulentas águas de guerra, nem mesmo uma gigantesca agulha de ouro poderia significar algum nobre e intransponível obstáculo para os remos de prata das pessoas de bem – aquelas mesmas, bem vestidas de púrpura, que brevemente navegariam rio acima (muito além de Acuruí e de São Bartolomeu).
Sabia, também, que a discussão inútil e sem importância a respeito das muralhas quadradas da fortaleza – se elas poderiam, ou não, ser construídas também de forma retangular, trapezoidal, circular, octogonal, fractal ou factóide –, não tinha sido assim tão razoável, pois não carregava poder de fogo suficiente para evitar o rufar dos tambores, a escalada dos rifles e o trovoar dos canhões (e pensar que o que ele, o beetle, queria mesmo era apenas trovar, assim como fizeram os seus quatro famosos amiguinhos que trocaram o seu segundo “e” por um simples “a”).
E que, mesmo sobre uma grande mesa de mármore preto, bem plana, lisa e apropriada para as negociações do armistício, muitos problemas táticos, balísticos, filosóficos, conceituais, espirituais, religiosos, estratégicos, logísticos e operacionais estavam esperando pela tartaruga branca encouraçada, como um desconfortável, incompreensível e inacreditável novo tipo de batalha.
No final, os valentes ex-combatentes, tios dos já citados beatles, tornaram-se obviamente mais respeitados e valorizados do que os simples, mortais e mutilados vegetais, daí por diante transportados somente por bicicletas especiais, aquelas com duas rodas paralelas.
E, então, um longo a alto assobio de trégua ecoou através das dobras dos universos (unis, multis, seriais e paralelos) proclamando que campos de batalha transformados em cemitérios de soldados nunca mais poderiam ser copiados e muito menos ajardinados, por mais que isso pudesse parecer uma idéia boa – mesmo que arrepiante, para alguns, e até excitante, para outros mais loucos.
Concluindo, assim como a virtude costuma trilhar o caminho do meio, o besouro venceu a batalha e ganhou o castelo. Ou será que ele venceu castelo e ganhou a batalha? Ou vendeu o castelo e comprou a batalha? Ou comprou o castelo e vendeu a batalha? Ou vendeu o castelo e comprou batatas? Ou saiu da batalha para comprar costelas? Ou simplesmente comeu costelas com batatas?

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