sexta-feira, 22 de junho de 2018

lareira 83


Registro de Lareira No. 83
(2018/june, 22 - 07:52 pm)

É fogo de solstício
real, nada de artifício,
num solstício de inverno
E, pelo puta frio que fazendo,
talvez seja o meu hospício
me queimando, purificando,
no quinto dos infernos
Pois não vejo qualquer indício
de paz nas terras, no céu, no fogo,
no ar, nas águas ou no mar
Nada de armistício
Então, como sempre,
caminho pra fogueira do suplício,
pra botar meu espírito a queimar,
no fogo do auto-sacrifício

sábado, 16 de junho de 2018

Çemberlitas


Israeli Turkey Tour (*)

From the Ben-Gurion,
logo depois do Vale de Ayalon,
chego a Hahaganah,
a caminho do Nahalat,
nos muros e portões de Tel Aviv,
just to tell you i'm living,
only to tell'n'live.
Diante de Belém, Nazaré, Jerusalém,
palavra humana alguma adianta,
verbo nenhum consegue falar além!
To Bizâncio, Constantinopla, Istambul,
pra me sentir inteiro, completo, full,
no lugar exato, no ponto certo,
entre o ocidente e o oriente,
meridiano meio incerto.
Em Vezneciler, Beyazit, Sultanahmet,
para saber o que realmente é
AyaSophia e Blue Mosquee,
fui parar em Çemberlitas,
pra coisas tantas tão bonitas,
por demais já ditas e escritas,
por mim apenas repetidas.

(*) favor não confundir com "Turismo do Peru Israelense"

Foto: Guia Visual Folha de São Paulo

segunda-feira, 4 de junho de 2018

passo a passo


passo a passo

Cada passo que dou em novas terras
é, claro, um passo desconhecido,
é sempre um passo novo,
um passo em direção ao estranho,
incógnito, impessoal, gélido 

Mas, quanto mais passos dou,
mais o novo lugar 
vai se tornando familiar

E, como um velho conhecido,
me faz sentir abraçado, acolhido,
amigo, aquecido

step by step

Each'n'every step I take on new lands
is, of course, a step unknown
It is always a new step,
a step toward a stranger,
incognito, impersonal, icy ground

But, the more steps I take,
the more the new place
glimpes me its familiar traces

And, as an old friend,
makes me feel embraced, 
welcomed, warmed

domingo, 3 de junho de 2018

Crônicas de Istambul


Da série Crônicas de Istambul

Sobre Narizes, Gargantas e Pulmões

Olha que estranho e interessante objeto deixaram, hoje pela manhã, na lixeira de recicláveis, aqui na pracinha em frente à minha janela! Era três, mas já levaram dois, e acho que daqui a pouco alguém vai levar este também. (ver fotos)
Depois de muito analisa-lo à distância, daqui da minha janela, só posso chegar à conclusão que trata-se de um daqueles repugnantes e nojentos recipientes usados como escarradeira, e também cinzeiro, muito comuns em alguns hotéis e locais públicos, principalmente no oriente.
Mas, já vi disso há muito tempo no Brasil, provavelmente em algum hotel de São Paulo, quando, ainda criança, ia muito lá com meu pai comerciante em compras de negócios. Daí, talvez, que a minha prodigiosa memória de infância, minhas lembranças mais fortes e remotas, tenham retido e permitido a minha capacidade de reconhecer imediatamente tais abjetos objetos!
E fico aqui imaginando porque que essa coisa foi deixada ali! E só posso deduzir que algum hotel da região tenha resolvido descarta-los hoje, talvez para desestimular, ou mesmo proibir, tais antigos, seculares, nojentos e danosos hábitos: o escarro e o fumo em locais públicos, inclusive por questão de higiene e saúde dos hóspedes. Lugar de escarrar e de fumar e no privado, ou na privada!
Se foi realmente esta a intenção, ótimo! Já deveria ter sido tomada bem antes, pois Istambul é hoje, e creio que há muito tempo, uma cidade tão cosmopolita quanto Paris, Jerusalém ou São Paulo.
Mais tarde, quando saí pra rua, parei lá na pracinha pra ver de perto aquele OUNI (Objeto Urbano Não Identificado), e identifiquei: pelo estado bastante lastimável, deteriorado e corroído do bojo ou prato da coisa, sem dúvida era mesmo uma, argh!, escarradeira!
E fiquei imaginando: ah, se fosse na minha cidade e se pudesse carrega-lo, eu com certeza o levaria pra casa (bem embrulhado no porta-mala do carro, claro!)
Aquilo bem limpo, com lixadeira pra ferro, escova de aço, jatiadeira de areia, ácido muriático, muito álcool, desinfetantes e aromatizantes, poderia ter uma outra útil, bela e até decorativa serventia, como, por exemplo, um simples vaso de plantas, de preferência uma bem bonita e aromática, perfumosa, que alegrasse, satisfizesse e purificasse muitos narizes, gargantas e pulmões.