sábado, 28 de maio de 2016

Incensos Suspensos


Incensos Suspensos

Um céu fechado, lacrado, de lua minguante nublada, anuviada, já se westing lá pros lados de Uberlanding
Tal e qual meu espírito e meu coração que também lá vão, bem ou mal, na mesma fase e no mesmo ponto cardeal
Um frio furando e atravessando tecidos, peles, carnes, e já se aceano nas praias e nos fossos dos ossos
No home-teatre Alice in Chains tocando No Excuses, Down in a Hole and Nutshell (again? what a hell!)
No incensário, recipiente depositário de palitos de incenso, um novo aroma marraqueshiano sai levitando
No castiçal uma não tão casta e já meio velha vela vai descendo lacrimejando quente sobre a ardósia gelada
Cheiro, odor (ou seria odório), de vela de velório
Na taça o velho vinho negro amargo já quase avinagrado, que bebo de bom grado
(dependendo da graduação da origem, é claro!)
E eu já meio velho de tanto agravo e desagravo (mas, nem um pouco bravo,
pois sou filho e neto de gente muito mansa, quase santa e bem amena)
É a minha sagrada liturgia do dia a dia
E é noite de sétimo dia, sétimo da semana
Cruzcredo, que coisa mais insana!
Até parece que estou "celebrando" o sétimo dia de alguma coisa perdida, fugida, profana
Ou de coisa perfeitamente, normalmente, corriqueiramente mundana, humana?
Incensata noite incensada
às 19 já incendiada
e logo, antes das 24, apagada

segunda-feira, 23 de maio de 2016

4 anos em 4 dias no quadrante


4 anos em 4 dias no quadrante

De repente, olhando pra esse maravilhoso teto celestial dessa noite dominical, me dei conta de que é possível ver, nesse momento, no mesmo quadrante do céu, os três astros celestes mais próximos da Terra, e que são os alvos das nossas primeiras viagens espaciais: o satélite (Lua), o planeta (Marte) e a estrela (Alfa de Centauro).
E é muito interessante notar os tempos de viagem até cada um deles, conforme a tecnologia de propulsão e velocidade das nossas atuais naves espaciais, respectivamente em dias, meses e anos:
Lua: 4 dias (já visitada)
Marte: 9 meses = 270 dias (em planejamento)
Alfa Centauro: 80.000 anos = 29.200.000 dias (em sonho)
É obvio que a viagem até a Alfa, ou Próxima, de Centauro é absolutamente impossível, a menos que desenvolvamos uma nave espacial que voe à velocidade da luz (300.000 km/seg) e, então, venceremos os 4 anos-luz que nos separaram dela em apenas 4 aninhos, ou seja, 1460 dias!
Conclusão: Será que algum dia conseguiremos tornar 4 anos iguais ou equivalentes a 4 dias?!

sábado, 21 de maio de 2016

corpo a corpo


corpo a corpo

corpos celestes cadentes
corpos celestes findos
antes ardentes, calientes
agora frios, finitos

corpos celestes calientes
corpos celestes finitos
antes ardentes, cadentes
agora frios, findos

terça-feira, 17 de maio de 2016

Cecília

Cecília

Chegou Cecília
pra crescer a família
pra aumentar o amor
pra renovar a vida
pura alegria, é só folia
Nasceu Cecília
a segunda filha
de Be e Mainha
a irmãzinha da Clara
a maninha do Francisco
também um titico
Já antevejo novas maravilhas,
pois chegou a menina Cecília
Muitos dirão, algum dia:
Assim nasceu, quem diria!
Para nossa benção e graça
veio nossa nova criança,
nossa nova epifania,
Cecília



Estradas Longínquas


Estradas Longínquas

Hei de pegar estradas por ela
estradas retilíneas e curvilíneas
pela mulher longínqua, distante
longilínea amante viajante

Hei de segui-la, por estradas
desertas, longínquas, infinitas,
à distante, longe, mulher amada
ainda que ela, em vão, resista

E hei de amar até a distância,
a solidão e a impermanência
sabendo que no fim da estrada
só há ela, e mais nada, nada

sábado, 14 de maio de 2016

uns tetos pros meus netos


uns tetos pros netos

Ufa! Depois de 97 dias lentamente corridos e 64 m2 amplamente aplainados, acabei de concluir a instalação do teto de madeira no quarto dos meus netos aqui no chalé do nosso sitio.
O que será que eles vão ver, imaginar, inventar e sonhar quando olharem pra cima antes de dormir?
Um avião riscando o céu de fumaça branca?
Um velho vovô chinês com bigode?
Duas minhocas minhocando em retas tortas paralelas?
Um barquinho de papel navegando, mas já quase naufragando?
As estrelinhas das três marias?
Uma constelação de estrelas?
Outras distantes galáxias?
Uns bichinhos só com os olhinhos de fora?
Uma colher de pau pra fazer mingau dependurada num prego?
Um risco cortando o céu do mundo ao meio?
Uma cegonha que de tanto voar depressa espichou o pescoço e abriu o bico?
Um peixe voador?
Uma borboleta submarina?
Um pernilongo espacial?
Um urubu parado encima do telhado?
Ajude-os a brincar, dormir, sonhar e viajar pelos tetos, telhados e céus do mundo.
Use a sua imaginação e dê a sua contribuição.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

homens e mulheres


uma lembrança de alguns anos

da série
poesia da minha ignomínia no dia a dia

Andei explorando
profundamente
o coração e a mente
dos homens
nos seus ócios e negócios,
nos seus prazeres e afazeres
De Homem
não encontrei nada
digno, bom e decente
aqui, lá ou alhures
Ando acreditando
tão somente
nas mulheres

a reminder of a few years

from the series
Poetry in My Day by Day of Shameness

I've been exploring
deeply
the heart and the mind
of the men
in their idleness and business
in their pleasures and chores
Of Man
I found nothing
worthy, good and decent
here, there or elsewhere
I've been believing
solely
in women

terça-feira, 10 de maio de 2016

Flores Elétricas


da série Versinhos Sacados
ao Longo dos Caminhos Andados

Flores Elétricas

É o natural quebrando o artificial
Menos linhas retilíneas, mais tramas curvilineas
É a naturalidade suavizando a artificialidade
Menos cinzas e odores, mais aromas e cores
É a natureza cobrindo artifícios com mais beleza
É a beleza revestindo a dureza
Menos fios e cabos, mais folhas e galhos
Menos volts, amperes e correntes
Mais voltas e voltas florescentes
Menos kilowatt, um pouco mais de arte
Menos potência, melhor sapiência
Menos eletricidade negativa,
mais tranquilidade positiva
Menos a dura e crua energia,
mais a leve alegria,
mais a pura poesia

terça-feira, 3 de maio de 2016

friinho


Ah, um friinho!
E já que já há esse friozinho
entrando por todas as janelas
e frestas e gretas de portas e telhas
na lareira já jogo madeiras
acendo um foguinho
abro um bom vinho
e que venham todas "elas"
sejam novas, meias ou velhas
desde que sejam boas companheiras
e saibam incendiar no peito, no ventre,
nas costas, na espinha, na nuca, no cérebro,
no corpo inteiro, na cabeça inteira
aquele arrepiante, extasiante e aconchegante
calorzinho

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Cidades longínquas, Mulheres longilíneas


Cidades longínquas, Mulheres longilíneas
Mulheres longínquas, Cidades longilíneas

Já deixei mulheres próximas e longínquas,
mulheres retilíneas e curvilíneas,
altas, baixas, planas ou plenas,
magras, cheias, louras ou morenas,
secretária, professora, advogada, administradora, dentista, pedagoga, estilista, predadora, engenheira, arquiteta, enfermeira, médica, doutora, sonhadora, massoterapeuta, psicóloga, hermeneuta,
pra ir trabalhar em cidades distantes, longínquas,
cidades igualmente curvilíneas ou retilíneas.
Também já me deixaram mulheres
próximas ou distantes, longínquas,
pra irem trabalhar em cidades longilíneas,
pequenas, médias, grandes ou megalopinas,
montanhosas, oceânicas ou planaltinas,
Belo Horizonte, Brasília, Uberaba, Perdizes, Perdões, Uberlandia, Aclamações, Rio de Janeiro, Itaipava, São Paulo, Campinas, Santa Maria de Itabira, São José do Benzadeus, São João do Deusmelivre, Jequitinhonha, Medina, Colatina,
correspondentemente curvilíneas ou retilíneas.
Hoje só quero, na cidade mais próxima,
encontrar a mulher menos distante,
ou, a mulher mais próxima
na cidade menos distante.
Preferencialmente,
com ou sem trabalho,
muito ou pouco trabalho,
a mais longilínea,
retilínea ou curvilínea,
na menos longínqua.