Alguém irremediavelmente viciado em escritas e estrelas, projetando palavras interiores em espaços exteriores.
domingo, 25 de outubro de 2015
Minha Velha Garagem
Minha Velha Garagem
E a minha velha garagem
tem nova folhagem
Saíram os carros e os motores
entraram plantas e flores
Troquei dois ou quatro motores roncando
por dezenas de passarinhos cantando
Acho que fiz bom negócio!
Tirei os novos oldmobiles
os 4.0 os 2.0 os 1.6 e os milles,
deixei os velhos buganvilles
Ao invés de cheiro de gasolina
tenho agora perfume de tangerina
Acho que fiz bom negócio!
Essa é a nova planta-alta
da minha antiga garagem
Agora é lugar de boa vadiagem
pra gente, gato e cachorro,
não mais pra carros estacionarem
Acho que fiz bom negócio!
A brita fina caleja os meus pés,
minhas mãos estão feridas
de tantos espinhos florais, demais,
e um sol inclemente já queima minha pele
como antes nunca senti, jamais!
(é que antes havia ali uma
cobertura, um toldo completo,
de uns multipolicarbonato,
que cobria carros e tudo mais)
Acho que fiz bom negócio!
Fui dar uma longa caminhada,
desci pela minha estrada
até a boca do sumidouro,
assumi os controles, os comandos,
do meu super Phantom W Hornet F18
Viajei bem pra bem longe,
pra nem mesmo sei pra onde,
até onde nenhum amor, antigo ou novo, poderia me acompanhar e, muito menos, me consolar, passei por Centauro e Orion, entrei inadvertidamente numa singularidade espaço-temporal einsteiniana, uma tipo cavidade antigravidade, somente transcendida graças a um salto quântico de providencial e pouca ocorrência probabilística que quase me levou a um colapso também quântico que não consegui quantificar por quantas não sei e voltei pra minha garagem.
Acho que fiz bom negócio!
Amanhã, quando eu aqui chegar,
tenho que me lembrar, bem lembrar,
do bom negócio que fiz,
que já está escrito a gesso e giz
(na paredinha da casa ao lado):
Aqui não é lugar de carro,
só de flores. Floris, flores, floris!
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