sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Descocando Toes

Descocando Toes  

Os fordianos norte-americanos da Ford, quando aqui chegaram, fundaram, nesse nosso nordestino litoral cheio de coqueiral, um particular condomínio residencial para segregariamente abrigar suas famílias norte-americanas.
O tal condomínio foi denominado de Toes, em homenagem a John BigToe, ou João Dedão, um norte-americanamente famoso médico proctologista, favorito do segmento masculino da tal comunidade fordiana, para todo e qualquer mal-estar ou doença, de uma simples dor-de-cabeça a graves distúrbios neurológicos.
Voltando ao condomínio: como essa região era cheia de coqueirais que afloravam em, e florestavam por, todos esses litorais, obviamente era cheia de cocos que freqüente e abundantemente caiam e rolavam pelo chão, bem como em outros lugares onde eram menos desejáveis e mais prejudiciais como telhados, carros e cabeças.
Principalmente nos verões, épocas das maiores safras de cocos, o problema coqueiral era mais infernal para os norte-americanos da ford, for all, pois seus imensos carros, telhados e cabeças, por serem sempre maiores que os dos nativos normais, sofriam mais com as precipitações coco-gravitacionais. E todos os anos lá estavam eles, de dezembro a março, limpando cocos dos seus jardins, telhados e quintais.
Mas, um baiano muito esperto e inteligente, esperto e inteligente como todo bom baiano, chamado Ramiro Azambuja – baianamente conhecido na praça como “bra” –, que trabalhava como caseiro numa casa próxima do condomínio, vendo as agruras anuais dos coco-despreparados e desesperados norte-americanos feudais, digo fordiais, teve uma boa idéia, daquelas geniais: montar uma empresa de limpeza de quintais, especializada em remoção de cocos, para descocar todas as casas do condomínio e outras tais.
E para tal empreitada, como sozinho não daria conta, ele chamou para ser sócia-ajudante uma amiga sua chamada Betânia Ramirez, mais conhecida como “br”, que há anos trabalhava, insatisfeita, como frentista num posto BR localizado em frente à entrada do condomínio.
Acontece que, visto que a grande maioria dos norte-americanos mal, ou nada, conhecia da língua portuguesa, o “bra” inventou uma forma mais simplificada de escrever um cartaz publicitário que mandou afixar na entrada do condomínio, cuja função era informar que ele e sua amiga faziam trabalhos de descocamento, e garantiam a total satisfação dos norte-americanos, o qual ficou assim: Bra descocar toes com Br: smiles. O que, logo, logo, foi colocado no site da empresa na internet como: bradescocartoes.com.br/smiles.
O negócio deu tão certo e rendeu tanto que Bra e Br acabaram transformando a sua amizade e sociedade em casamento, no civil e no religioso, e, mais tarde, quando o seu primeiro filho nasceu, Bra mandou fazer outro cartaz, onde convidava os norte-americanos para a festa do nascimento do seu bebê com a Betânia, simplesmente escrevendo: bra convida pra festa de bb com br.   

 
Notas totalmente sem importância (exceto a segunda):
1 – Criei essa mini-crônica no vôo BH/Salvador de 25/01/13, quando, depois de ler tudo de interessante que havia para ler na revista de bordo – a matéria sobre o Caetano Veloso e seus 70 anos, era a única! –, fiquei o resto da viagem, cerca de 80 minutos, como os olhos bem abertos fixados, vidrados, no lenço do encosto para cabeça do assento da frente, onde estava escrito, o mesmo que estava escritos em todos os outros lenços de encosto para cabeça de todos os assentos: bradescocartoes.com.br/smiles e bb.com.br.   
2 – O Bradesco ou o Banco do Brasil estão terminantemente desautorizados a utilizar essa crônica como peça publicitária de qualquer espécie e por qualquer meio.
3 – Em toda e qualquer viagem, principalmente de avião, o bom mesmo, o mais salutarmente recomendável, a fazer, na falta de coisa melhor, é simplesmente dormir, para se evitar a tentação de fazer besteiras, tal como criar bobagens desse tipo. 

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