Os fordianos norte-americanos da Ford, quando aqui chegaram,
fundaram, nesse nosso nordestino litoral cheio de coqueiral, um particular
condomínio residencial para segregariamente abrigar suas famílias
norte-americanas.
O tal condomínio foi denominado de Toes, em homenagem a John
BigToe, ou João Dedão, um norte-americanamente famoso médico proctologista,
favorito do segmento masculino da tal comunidade fordiana, para todo e qualquer
mal-estar ou doença, de uma simples dor-de-cabeça a graves distúrbios
neurológicos.
Voltando ao condomínio: como essa região era cheia de
coqueirais que afloravam em, e florestavam por, todos esses litorais,
obviamente era cheia de cocos que freqüente e abundantemente caiam e rolavam
pelo chão, bem como em outros lugares onde eram menos desejáveis e mais
prejudiciais como telhados, carros e cabeças.
Principalmente nos verões, épocas das maiores safras de
cocos, o problema coqueiral era mais infernal para os norte-americanos da ford,
for all, pois seus imensos carros, telhados e cabeças, por serem sempre maiores
que os dos nativos normais, sofriam mais com as precipitações
coco-gravitacionais. E todos os anos lá estavam eles, de dezembro a março, limpando
cocos dos seus jardins, telhados e quintais.
Mas, um baiano muito esperto e inteligente, esperto e
inteligente como todo bom baiano, chamado Ramiro Azambuja – baianamente
conhecido na praça como “bra” –, que trabalhava como caseiro numa casa próxima
do condomínio, vendo as agruras anuais dos coco-despreparados e desesperados
norte-americanos feudais, digo fordiais, teve uma boa idéia, daquelas geniais: montar
uma empresa de limpeza de quintais, especializada em remoção de cocos, para
descocar todas as casas do condomínio e outras tais.
E para tal empreitada, como sozinho não daria conta, ele
chamou para ser sócia-ajudante uma amiga sua chamada Betânia Ramirez, mais
conhecida como “br”, que há anos trabalhava, insatisfeita, como frentista num
posto BR localizado em frente à entrada do condomínio.
Acontece que, visto que a grande maioria dos
norte-americanos mal, ou nada, conhecia da língua portuguesa, o “bra” inventou
uma forma mais simplificada de escrever um cartaz publicitário que mandou
afixar na entrada do condomínio, cuja função era informar que ele e sua amiga
faziam trabalhos de descocamento, e garantiam a total satisfação dos
norte-americanos, o qual ficou assim: Bra descocar toes com Br: smiles. O que, logo,
logo, foi colocado no site da empresa na internet como:
bradescocartoes.com.br/smiles.
O negócio deu tão certo e rendeu tanto que Bra e Br acabaram
transformando a sua amizade e sociedade em casamento, no civil e no religioso,
e, mais tarde, quando o seu primeiro filho nasceu, Bra mandou fazer outro
cartaz, onde convidava os norte-americanos para a festa do nascimento do seu
bebê com a Betânia, simplesmente escrevendo: bra convida pra festa de bb com br.
Notas totalmente sem
importância (exceto a segunda):
1 – Criei essa mini-crônica no vôo BH/Salvador de 25/01/13,
quando, depois de ler tudo de interessante que havia para ler na revista de
bordo – a matéria sobre o Caetano Veloso e seus 70 anos, era a única! –, fiquei
o resto da viagem, cerca de 80 minutos, como os olhos bem abertos fixados,
vidrados, no lenço do encosto para cabeça do assento da frente, onde estava
escrito, o mesmo que estava escritos em todos os outros lenços de encosto para
cabeça de todos os assentos: bradescocartoes.com.br/smiles e bb.com.br.
2 – O Bradesco ou o Banco do Brasil estão terminantemente
desautorizados a utilizar essa crônica como
peça publicitária de qualquer espécie e por qualquer meio.
3 – Em toda e qualquer viagem, principalmente de avião, o
bom mesmo, o mais salutarmente recomendável, a fazer, na falta de coisa melhor,
é simplesmente dormir, para se evitar a tentação de fazer besteiras, tal como
criar bobagens desse tipo.
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