domingo, 21 de agosto de 2011

Meu caso com as minhas dez casas


Meu caso com as minhas dez casas

Em dias como esse, em que me dedico à inauguração de mais uma casa nova – cuidando das infra-estruturas, especialmente instalações elétricas, que tornarão mais uma casa habitável, casas como esse novo ap da Mainha e do Bê, onde estou trabalhando agora –, costumo sentir alguma coisa bastante rara e especial, algo de alto nível sentimental, um sentido de prazer e satisfação difíceis de explicar.
Talvez seja apenas um vício, uma mania, um estranho desvio sensorial-comportamental, ou um Transtorno Obsessivo Compulsivo (referente a propriedades imobiliárias) dos mais graves e perigosos. Mas, para mim, isso é extraordinário, mágico, sublime, algo que transcende os sentimentos terrenos normais.
É o prazer e a satisfação de trabalhar com coisas que, apesar de tão corriqueiras e prosaicas – como a instalação de uma janela ou colocação de uma porta –, certamente terão uma grande durabilidade ou permanência ao longo de um extenso período de tempo, talvez por várias vidas, por muitas gerações. E é nesse ponto que literalmente reside o prazer e a satisfação disso: pensar no conforto das pessoas e das vidas que usufruirão desse trabalho. Que certamente eu não esteja fazendo nada disso apenas em benefício próprio, mas para as pessoas que convivem ou conviverão comigo nesse lugar, e para as que virão muito depois de nós.
Observar, sentir, absorver e permutar as energias de uma nova casa. Uma casa nova que agora está profundamente vazia, solenemente quieta e silenciosa, mas que, logo logo, estará plenamente cheia de gente, movimento, vida, carinho, aconchego, felicidade e amor.
Há ainda aquela muito familiar e agradável sensação de pertencimento recíproco: ao mesmo tempo e na mesma medida em que a casa me pertence, também sou pertencido por ela, sou parte dela, propriedade dela. Na verdade, pensando bem, quando digo que uma casa “me pertence”, já estou implícita e simultaneamente falando dessa dualidade: a casa pertence a mim, e eu a ela!
É muito incrível e até meio doido isso: como é que trabalhos aparentemente tão simples e rudes como colocar luminária, instalar um chuveiro, pintar uma porta, assentar uma janela, montar um armário, ou envernizar um madeirame, podem provocar tais sentimentos tão puros, profundos e elevados?!
É a engenharia e o engenheiro flagrados em ação no seu jamais suspeitável lado oposto e contraditório: a sua capacidade de ter algum tipo de sentimento por pedras e tijolos, pelas paredes e muros que ergue, pelas colunas e vigas que monta, ou pelas portas e janelas que abre. A sua habilidade de passar dos cálculos, dos pesos e das medidas para tais sagradas e sublimes alucinações oníricas desmedidas.
Senti, e ainda sinto, isso inexoravelmente em cada recomeço, em cada novo princípio, em cada nova casa que morei, especialmente nos primeiros dias, nos dias de preparação, de montagem, de arrumação, da casa nova.
Provavelmente tais sensações e emoções sejam simplesmente apenas reflexos – como o reflexo na foto da casa do sítio, acima – das benesses e das divinas graças do reinício, do recomeçar, de uma nova vida e de um mundo novo, de novos horizontes e novas perspectivas, novos trabalhos e novos afazeres, novas energias e novos amores.
Por isso resolvi escrever essa breve crônica, não somente para efetuar o registro, mas, principalmente, para prestar uma homenagem às minhas dez casas (pela ordem cronológica em que nelas morei): Rua Silva Jardim, Floresta, BH – Rua Santíssima Trindade, Sagrada Família, BH – Estradinha do João Ladeira, Lagoa Santa – Rua Elizeu Dias Coelho, Cidade Nova, BH – Rancho Souza Fonseca, Lago do Cajurú, Cláudio – Rua Prudente de Morais, Ipanema, Rio – Rua Barão da Torre, Ipanema, Rio – Av. Bartolomeu Mitre, Leblon, Rio – Sítio Dona Luiza, Quinta do Sumidouro, Pedro Leopoldo – e a mais recente: Rua Tereza Mota Valadares, Buritis, BH (novo ap M&B).
Vale ressaltar que esta lista poderá ainda receber, no mínimo, mais três ou quatro novos endereços: do ap da Aninha, do ap da Da. Maira (isso mesmo, porque casa de ex-mulher costuma dar muito mais trabalho do que a própria casa do ex!), e um ap novo meu mesmo... em BH ou no Rio, in London or New York, em Quintana Roo ou Bangladesh... depende dos humores do mercado imobiliário do local pretendido e da minha pouco provável boa sorte junto às loterias federais brasileiras.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

He admit, bit by bit, to have a crime commited

it rhyme serie

He admit, bit by bit, to have a crime commited

At last, at least, he admit,
bit by bit,
to have a crime commited
inside the dynamite’s deposit.
And that he didn’t find in time the exit
because he wasn’t in physical fit
in order to deserve this great gift.
Moreover, on his right eye there was a big grit.
This is an undeniable proof that a too much repeated hit
can easily become a very bad and uncanny habit.
If he hadn’t had the evil idea to do it,
the light of his salvation kit
was still well lit.
But he crossed the limit
beyond which there is no merit.
Whether he was a guy more neat,
instead to omit
the wicked pit,
he would quit
free the rabbit.
Now, all he can do is to sit on the shit
and stay shivering the teeth
until to feel vomit.
It is a pity he hasn’t been a little more wit
just to might look at his life’s zenith.


Ele admite ter cometido um crime pouco a pouco

Afinal, pelo menos, ele admite,
pouco a pouco,
ter cometido um crime
dentro do depósito de dinamite.
E que êle não encontrou a saída em tempo
porque êle não estava em boa forma física
de modo a merecer este grande presente.
Além disso, havia um grande cisco no seu olho direito.
Esta é uma prova inegável de que um golpe muito repetido
pode facilmente se tornar um hábito muito ruim e estranho.
Se êle não tivesse tido a má idéia de fazer isso,
a luz do seu kit de salvação
ainda estaria bem acesa.
Mas êle cruzou o limite
além do qual não há nenhum mérito.
Se êle fosse um cara mais limpo,
ao invés de omitir
a perversa cova,
êle deixaria
o coelho livre.
Agora, tudo que êle pode fazer é sentar na merda
e ficar batendo os dentes
até sentir vômito.
É uma pena êle não ter sido um pouco mais engenhoso
apenas para poder olhar para o zênite da sua vida.