sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

cerca da beira


cerca de beira de estrada
limites do caminho,
marca de guiada,
de saída e de entrada,
pra gente que vem e vai,
às vezes só por um tempinho,
mas, geralmente, pra nunca mais

 (foto by Brumbe)

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

pés descalços


Alguém aqui disse que estamos vivendo cada vez mais num mundo de aparências, superficialidades, supérfluos e exclusividades, e que quando tentamos ir um pouco mais além disso, mais profundamente, buscando as causas e as origens das coisas, das condições e situações, ainda encontramos muito preconceito, desconhecimento, ignorância, e até desprezo e repugnância.
E isso me fez lembrar de algo que aconteceu comigo recentemente e que eu relutava em contar, pois acho que quando se faz o bem, não se olha a quem e nem falar disso convém.
Mas, vamos lá, falar disso pode ajudar a mim mesmo, com certeza, e, quem sabe, a mais alguém...
Eu estava caminhado numa avenida muito movimentada de um dos bairros mais nobres de BH, quando vi um rapazinho negro, muito sujo e esfarrapado, pedindo alguma coisa. Todo mundo estava passando direto, fugindo dele, inclusive eu.
Mas, resolvi voltar e perguntar a ele o que ele queria.
Sabem o que ele queria?!
Só um par de sandálias, pois estava descalço, com os pés machucados e não aguentava mais nem andar direito.
Implorava por umas sandálias!
Entrei na farmácia mais próxima, comprei as sandálias e dei pra ele.
Ele ficou felicíssimo!

Ele só queria um par de sandálias
Mas, poderia muito bem querer
apenas um lar de migalhas.

 (foto: facebook)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

ectoplasma


através da madrugada
um ectoplasma
trespassa
a vidraça
atravessada,
corpo sem massa
nem peso, nem nada

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

compensação

Pois é... a chuvarada do fim de semana me fez mesmo perder uma bela conjunção Júpiter-Vênus!

A foto 1 é de quinta, 21 Nov, 19h (Júpiter em cima), e a foto 2 é de hoje, segunda, 25 Nov, 19h (Júpiter em baixo), o que significa que no sábado, 23 Nov, ocorreu o emparelhamento, ou conjunção, máximo. Júpiter e Vênus estavam lado a lado, na horizontal!

Pois é... com a chuvarada,
perdi Júpiter e Vênus em conjunção,
essa astronômica união,
Mas, em compensação,
aqui na terra haverá boa fertilização,
e as mangueiras, parreiras e laranjeiras
logo, logo, bem frutificarão



quinta-feira, 21 de novembro de 2019

combinação

19 horas, no meu céu,
hora que começa baixar o breu,
quando pricinpia o reino da escuridão,
Júpiter e Vênus lá vão namorando
acho que vão tramando uma combinação
para uma nova planetária conjunção


quarta-feira, 20 de novembro de 2019

data e hora

data e hora

quinta 21 de nov
qui 21 de nov
quizi e nove têm um encontro marcado
às quinze e nove
na esquina da quinta com a nona 

15:09

(apenas um lembrete para
Alquizid e Novelete)

domingo, 13 de outubro de 2019

memories

memories

sometimes, in my memories,
there are people who become
just memories
good, beautiful, memories
but, ... they're only memories

(às vezes, em minhas lembranças,
há pessoas que se tornam
apenas lembranças
boas, lindas, lembranças
mas, ... são somente lembranças)

quadro: A Persistência da Memória, de Salvador Dalí (1931)


domingo, 6 de outubro de 2019

minério de ferro


minério de ferro

ah, minhas cidadezinhas mineiras
como eu as amo!
suas igrejinhas, suas capelas
suas montanhas e ruas de pedra
seu sossego, sua paz, sua tranquilidade
.........
as pessoas que passam
uma simples prosa que passa
sua simplicidade
o mercadinho, a padaria, o buteco
o largo da matriz
e por onde mais se quiser ir...
suas inconfidências e confidências
de homens revoltosos e casais amorosos
.........
o sino sonolento marcando as horas
suas distintas senhoras
seus bêbados sem hora
os loucos subindo e descendo cada ladeira
de segunda a segunda-feira
.........
seu silêncio calmo e misterioso
um grito alucinado,
desassossegado
matando a tarde
proclamando a noite
e revolucionando a madrugada
 ..........
por suas entradas e saídas
pelos asfaltos ou pelas terras batidas
pelo pó de minério pesando na cabeça de cada mineiro
lá vou e volto eu,
sem eiras nem beiras,
por minhas amadas cidades mineiras

foto by Brumbe: escadaria da Igreja do Rosário no Serro - MG

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

distopias

se matam as nossas velhas utopias
vamos de distopias em distopias
até que renasçam novas lindas utopias
ainda que só nos reste desentupir
as pias por eles entupidas


sábado, 28 de setembro de 2019

sol no chão


então,
já na metade da luz do dia,
vi e percebi
que nada havia
de mais importante a fazer
do que simplesmente ver
o sol que entra pela janela
e no chão bate
até que o dia acabe
no fim da tarde

terça-feira, 24 de setembro de 2019

O dia em que eu voei no espaço, 16 vezes, em volta do planeta Terra!!!

O dia em que eu voei no espaço, 16 vezes, em volta do planeta Terra!!!

Foi num sábado, lá nos já longínquos 1980 e poucos, dia que eu nunca esquecerei, pois foi um dos dias mais incríveis de toda essa minha atual vida mundana e telespectativa aqui no planeta Terra.
A primeira TV a cabo de BH estava ainda em fase experimental (mas eu já a contratara assim mesmo, desde o primeiro dia), e, nesse dia, eles resolveram deixar no ar, ou melhor, no cabo, dois sinais, duas transmissões, da NASA, diretos, sem edição alguma, nus, crus e a cores, inclusive com áudio, por quase 24 horas ininterruptas! Um era de um dos primeiros Shuttles (Ônibus Espaciais) precursores da ISS (Estação Espacial Internacional), e o outro era de um Centro de Controle da NASA (talvez Houston).
E eles ficaram alternando essas duas transmissões, somente as duas, sem cortes nem nada (sem qualquer comercial!), ininterruptamente, por quase todo o dia!
É obvio que eu fiquei aquele dia inteiro plantado, vidrado, paralizado, hipnotizado, em frente à TV! (minha esposa, na época, e minhas filhas, mesmo muito pequenas, acharam que eu estava ficando totalmente maluco!)
Além do fato de ter dado, ainda que virtualmente, 16 voltas completas em torno da Terra, à bordo do Shuttle, e da estranha e incrível sensação de estar vivendo 16 dias em um só, outras duas ou três coisas me deixaram muito impressionado, em admiração e até em êxtase: os incríveis nascer e pôr do sol em cada volta, e as fantásticas tempestades elétricas, os raios, abaixo das nuvens, quando sobrevoávamos a África!
Quem, como eu, teve o privilégio de ver, assistir, viver, aquele dia, certamente jamais o esquecerá! A possibilidade de uma experiência igual à essa dificilmente, hoje em dia e mesmo no futuro, se repetirá! Talvez só mesmo embarcando, pessoalmente, numa nave espacial!



domingo, 8 de setembro de 2019

poente


no ocidente
a meia lua crescente
já poente

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

sangue e seiva


da série As Flores do Meu Jardim:

novas orquídeas e azaléias
no velho tronco da sibipiruna
com sangue e seiva novos nas veias
elas vão aparecendo, uma a uma

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Alpha Centauri II


lá vou eu de novo, por, e para, ela
e se ela aqui não está...
estará em Alfa-Centauro
me esperando?
breve, breve, vôo para lá,
com minha nave áurea,
levitando

there I go again, to and for her
and if she is not here...
will be in Alpha-Centaur
waiting for me?
soon, soon, I will flight to there,
on my golden starship
levitating

Ah... Beatles!!!...


Aaaahhhh... Beatles!...

Eu estava vendo agorinha mesmo o Gilberto Gil no "Vamos Tocar" do Canal Bis e me lembrei de uma entrevista que ele deu há alguns anos, na qual o entrevistador, já finalizado, perguntava sobre as influências e os gostos musicais prediletos dele.
E Gil, como é de seu costume, dava longas, detalhadas e bem arrazoadas explanações sobre as suas preferências e maiores influências musicais, até que, já no finalzinho, o reporter perguntou:
- E aí, Gil, e os Beatles?
E ele simplesmente respondeu:
- Aaaahhhh... Beatles!...
E não disse mais nada. (Ou, se ele disse algo mais, eu não me lembro ou não ouvi, pois na minha memória só ficou esse "Aaaahhhh")
Eu jamais ouvi um "Ah" tão eloqüente, forte, suave e pungente! Um "Ah" tão carregado de significados, importância, predicados e relevância! Um "Ah" como quem diz "disso nem é preciso falar nada"!
Naquele "Ah", Gilberto Gil conseguiu sintetizar e exprimir TUDO que os Beatles significavam para ele! Lembrando que ele, junto com Caetano Veloso e outros, esteve exilado em Londres, pela Ditadura Militar, de 1969 a 71.
Um simples "Ah" que superou em muito todas as longas explicações anteriormente dadas sobre todos os demais! Um "Ah" que apenas um gênio é capaz de dizer a respeito de outros gênios! -

E os Beatles, Gil? - Aaaahhhh... Beatles!...

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

fool moon

fool moon
(lua boba)

a lonely full moon
an alone at the full moon
a so full and fool loneliness

(uma lua cheia solitária
um solitário à lua cheia
uma tão cheia e boba solidão)

15/8/2019 - 19:47h

quarta-feira, 10 de julho de 2019

night, fire and light



one more night
of fire and light

more one light
of fire and night

one more fire
of night and light

(mais uma noite
de fogo e luz

uma luz mais
de fogo e noite

mais um fogo
de noite e luz)

domingo, 30 de junho de 2019

decolagem


à 12.341 metros de altura
à 897,53 quilômetros por hora
nas fronteiras do atlântico sul/norte,
em algum ponto do planeta
entre o Rio de Janeiro 
e Amsterdam,
(ou vice-inversa)
sem pensar na vida,
muito menos na morte,
só ouvindo Haendel, Mozart,
Diana Krall, Beethoven e Chopin
pra que aterrisar em algum lugar?!

domingo, 2 de junho de 2019

caminhos

Cada passo que dou em novas terras
é, claro, um passo desconhecido,
é sempre um passo novo,
impessoal, incógnito, gelado,
um passo em direção ao estranho

Mas, quanto mais passos dou,
mais o novo lugar
vai se tornando familiar,
um bom e seguro caminho

E, como um velho conhecido,
me faz sentir abraçado, acolhido,
amigo, aquecido

Istanbul / junho-2018

quinta-feira, 30 de maio de 2019

pedras fundamentais


Meus causos e minhas histórias, de carinho e amor, com Barão de Cocais, Caeté, Sta. Barbara, Ouro Preto, Mariana, Brumadinho, Congonhas... e com todo este pedaço de terra da minha Minas Gerais, são muito íntimos, fortes, profundos, amados, e veem desde a minha infância e adolescência.
Estão impregnados, gravados, eternizados em cada pedra que pisei nas ruas destas cidades que a lama vai matando.
Um dia contarei essas histórias...
Hoje só choro por elas...

sexta-feira, 17 de maio de 2019

sinos


zzzzz
ressonando
sob os sinos do mosteiro
sobre signos costumeiros
me sinto quase inteiro
às 17:15 horas
dos tempos ponteiros
de todas as minhas sem horas
das dores, das graças, das moras
badalando e dobrando
ano seguindo ano
anos inteiros
zzzzz

domingo, 5 de maio de 2019

niver

feliz ano novo
feliz ano mais um
pois que é no verso dos anos
nos anos verso a verso
de cada aniversário
e em todo ano passado
que versa o ano novo de cada um

sexta-feira, 5 de abril de 2019

monsters



Monsters

 O primeiro Para-Casa a gente nunca esquece! Primeiro Para-Casa do Francisco, meu neto, pra comemorar seus 5 anos: Desenhe seus seis monstros (do bem, claro!) prediletos, dê nome a cada um e escreva os seus nomes (ver fotos)
Detalhe importante: para relacionar cada monstro com seu nome, ele numerou os desenhos, de 1 a 6, e colocou a primeira letra do nome de cada um no respectivo desenho.
Vamos aos nomes dos monstros e sua correta pronuncia, pois muitos são anglo-saxões, nórdicos, vikings, mongóis, africanos, galeses, japoneses ou parentes desses:
1 (E) Efar - eeeffaaarrrr
2 (C) Caincnio - keinnkinnyooo
3 (J) Joarns - iioooaarrrnnsss
4 (F) FFdoaoa - superFfodão (seu predileto mor, talvez por causa do F, será?!)
5 (R) Raoncaj - raoonnncaiii
6 (S) SNarcão - super narcão (um típico bom monstro brasileiro)

Bons sonhos, monstruosamente belos!

sábado, 2 de março de 2019

inscrições

no inverno
abrem-se infinitos
à ferro e fogo em mim inscritos

in the winter
open up infinites
by iron and fire in me written

domingo, 24 de fevereiro de 2019

JULIA


JULIA

Chegou Julia!
Julia, a quarta neta
completando os seis da família
Julia, a irmãzinha da Paulinha.
Julinha, uma segunda rainha,
uma nova princesa,
de Cezar e Aninha,
com certeza!
Julia, nossa nova alegria,
para nossa folia e filosofia,
nossa nova mestra
e sua maestria.
Julinha,
nossa querida
e mui amada
caçulinha

sábado, 23 de fevereiro de 2019

sombras longas


sombras se alongando e sombreando o pátio externo do mosteiro
sol na reclusão, a 52 graus do poente, ainda inteiro,
quente...
memórias se projetando e escurecendo, na ala mais interna da mente,
algo que nunca se sabe direito
nem mesmo a metade
uma viagem?
um encontro ou desencontro?
uma miragem?
uma saudade?
está frio...
no pátio interno
há sombras longas
e o sol segue inclemente

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

esparadrapo


andando, bricando e parlandando

esse é o trato:
pra sacatrapo
língua de trapo,
na boca, esparadrapo

pra moleque
serelepe
mequetrefe:
pé de moleque

pra mau guri
que buli
sagui:
perna de saci

pra brucutu
que mexe com urutu:
(nada da disso que pensou tu)
casaco de penas de asa de urubu

para todas boas crianças
(pois má é que não há)
somente esperanças
e canções de ninar

domingo, 17 de fevereiro de 2019

desesperança / hopelessness

boas lembranças
mesmo sem esperança
ainda que só desesperança
sempre serão boas lembranças

good memories
even without any hope
even though only hopelessness
always will be, for me, good memories

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

ondas


ondas
grandes ondas
dos mares às montanhas
das montanhas aos mares
nunca se viu energia tamanha
a fluir pelos infinitos ares
questão de ondulações
reverberações
vibrações
ondas

(voltando da Bahia pra Minas)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

hippies


Hippies

Tem coisa na vida da gente que a gente não sabe bem com certeza se de fato aconteceu ou não, se foi sonho, delírio, imaginação, desejo, pretensão, ou mera intensão não realizada que ficou como frustração.
Muito disso acontece quando você chega num lugar ou numa situação qualquer e tem a nítida sensação de já ter vivido ou presenciado aquilo - é o tal do dejavú.
Eu tenho um antigo e recorrente caso assim com a Aldeia Hippie de Arembepe - que fica ali, bem pertinho, na praia norte de Arembepe, que, aliás, é uma das praias mais bonitas da Bahia.
Sempre tive, e ainda tenho, um vago e remoto sentimento, uma lembrança bem recôndita, escondida, quase esquecida, nas profundezas da memória, de que já estive lá, talvez por um dia ou mais, nos já longínquos anos 1970, por época da sua "fundação".
Época esta em que eu estive realmente a um passo da aldeia da plena felicidade, a um passo de me tornar um verdadeiro hippie e cair no mundo, ou ficar eternamente em Arembepe.
Mas, essa tal lembrança é meio vaga, sonsa, bêbada, titubeante, e, ao mesmo tempo, forte, marcante, idílica e inebriante.
Talvez porque, então, eu já tenha certamente chegado e entrado lá meio bêbado, chapado, e tenha seguramente saído ainda mais bêbado e chapado do que entrara! Talvez, também, venha daí, inclusive, a razão dessa memória ter se tornado tão fraca, frágil, débil, lesada! rsrsrs
Mas, hoje, enfim, eu "voltei" lá. Entrei e (re)visitei a minha querida, saudosa e utópica Vila dos Hippies de Arembepe. É, porque naquela época a gente chamava ela de "vila" e não "aldeia", como a nomeiam hoje. E esse (re) é porque ainda persiste em mim a dúvida se realmente eu estive lá... (talvez o parágrafo seguinte esclareça isso de vez!)
Encontrei um lugar bem diferente daquele que eu "já conhecia": ao invés de muita gente jovem, bonita, alegre e despojada de tudo, muita festa e alegria, gente "descolada", "desengajada", de menos iate e mais jangada, de menos cidade e mais campo, praia e montanha, gente de paz, saúde, amor e força tamanha!...
O que encontrei foi um lugar decadente, sombrio, desabitado, degradado, abandonado, melancólico... (mas aqueles velhos bangalôs lá me chamaram, já entrei neles, com certeza?!) E os poucos habitantes e frequentadores do lugar, só com muito esforço, imaginação e boa vontade podem ser chamados de hippies (com todo respeito, admiração, e até inveja, aos bravos moradores da atual aldeia)
Que pena, não se fazem mais hippies como antigamente! E quem diria que um dia eu mesmo diria que hippies seriam pessoas,"bichos", de antigamente!
Todas as utopias estão definitivamente mortas!
(Foto obtida no Facebook - Aldeia Hippie de Arembepe) 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

rising moon


Se eu tivesse uma teleobjetiva
faria uma beleza de foto
dessa lua crescente
Mas, mal, mal, a noto
ando meio sem perspectiva
meio desaluniado, meio descrente

(foto teleobtida no facebook)