mais dia, menos dia
viver sozinho é muito triste
e cada triste dia sozinho,
no mínimo, são dois dias a menos de vida:
este dia que já se foi
e aquele que a morte rouba da vida
por se antecipar em um dia.
mas, quando sozinho não se vive,
ao menos se ganha um dia:
este feliz dia não sozinho.
pois a morte, espera-se, fica lá no seu dia
esperando parada, quietinha.
Alguém irremediavelmente viciado em escritas e estrelas, projetando palavras interiores em espaços exteriores.
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
paralelepípedos
Paralelepípedos ao Sol (postface de 23/1)
São das ruas calorentas, tranqüilas e sonolentas, de areia, sol, pedra e sal, em que eu mais gosto de caminhar, em lugares assim que nem esses arraiais.
Ruas onde, ainda por cima, sempre sopra uma leve ventania e uma suave maresia que veem lá dos oceanos orientais.
PS: dos Paralelepípedos da Madrugada (postface de 19/1) eu não falei nada porque a rua estava muito calada.
Foto 1: paralelepípedos ao sol
Foto 2: paralelepípedos da madrugada
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
maresia
Voando para um porto seguro, a caminho de um arraial de ajuda, só esperando não aportar tão seguramente a ponto de ficar trancoso. (rsrsrs)
Estou morrendo de saudade e desejo do mar e das minhas ensolaradas, quentes, aconchegantes, apaziguantes, calorosas, salinas e arenosas origens trópico-litorâneas.
Afinal, todos nós (mesmo os Mineiros!) somos seres das águas, filhos das águas, e precisamos frequentemente retornar à fonte para renascer, nos rebatizar e reviver.
É preciso se jogar, se perder, soçobrar, submergir, naufragar, emergir e se salvar no mar, sob pena de, perdendo a identidade aquático-marítima, desaprender a nadar e morrer afogado.
É essencial, necessário, vital, renovar-se para poder novamente merecer as bênçãos e as graças dos especiais e superiores espíritos e divindades das águas.
E lá vou eu, depois de quase três longos anos (acho que nunca fiquei tanto tempo assim desmareado e desalinizado!) de separação, secura, destempero, friagem, falta de insolação, solidão e desolação.
Enfim, estou voltando aos mares, nem que seja por apenas quinze dias.
Quinze dias... pra um Mineiro que já viveu dez anos no litoral isso é muito pouco, mas, melhor um pouco do que nada, vamos lá.
Às vezes tenho a leve impressão, como o aroma de uma boa e suave maresia que o vento leste trazia (e que o meu olfato ainda sente de fato), que o fim dos meus dias vai se dar, inescapavelmente, à beira-mar.
(Post no facebook em 09/01/2018)
domingo, 7 de janeiro de 2018
steams
21:13
an incense vaporizing
the room and the house
a lounge
on the tv steaming ears and mind
a good wine
vaporizing the mouth and the body
one night
steaming spirits and stars
a rain out there
vaporizing the universe
something inside
steaming the soul
summer's night vapors
21:25
sábado, 6 de janeiro de 2018
vapores
20:34
Um incenso vaporiza a sala e a casa
Um lounge na tv vaporiza o ouvido e a mente
Um bom vinho vaporiza a boca e o corpo
Uma noite vaporizando espíritos e estrelas
Uma chuva lá fora vaporiza o universo
Uma coisa cá dentro vaporiza a alma
Vapores de uma noite de verão
20:47
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
broombee
broombee
Vez em quando as pessoas me perguntam qual é origem, a procedência, e o significado do meu enigmático, meio místico, quase mitológico e pseudo-sobrenome “Brumbe”. Depois de anos, décadas, de polêmicas, especulações, invencionices, deturpações e falsas interpretações, resolvi contar e real, única e verídica história por trás, ou na base, nos alicerces, desse nome.
É certo, e é fato, que as primeiras vezes que tal nome foi pronunciado em alto e bom som, literalmente gritado e exclamado, aqui na superfície do hemisfério sul desse planeta, foi lá nos campos graníticos de futebol de rua, as famosas e dolorosas “peladas”, sobre as pedras irregulares, cascalhadas e lascadas da rua Silva Jardim no bairro Floresta em BH, pelas crianças da rua, meus amigos e companheiros de joelhos, pernas e pés constantemente ralados e esfolados.
Em primeiro lugar, contrariando e desmentindo o que muitos imaginam, e que eu mesmo já cheguei a “aceitar” e propagar como verdade, não foram aqueles meninos que inventaram tal nome. Fui eu mesmo que mencionei e confidenciei isso a eles, como sendo o meu verdadeiro, ancestral e milenar sobrenome, o nome da minha família em sua origem e formação mais remota que se tem notícia, a maior e mais profunda raiz da sua árvore genealógica.
Acontece que “Brumbe” é a simples forma aportuguesada e abrasileirada da expressão em inglês britânico “Broom Bee”, que significa “Abelha Vassoura”. E acontece também que “Abelha Vassoura” é a tradução literal e real do duplo, estranho e estrangeiro nome “Put’k’ris Tsotskhi” (talvez, hoje, fala-se: Putikris Totiski ou Sotiski), da língua georgiana da Geórgia (aquela vizinha da Rússia, e não aquele Estado dos USA).(e por sinal, e talvez não por coincidência, na grafia da língua georgiana este nome parece com um monte de abelhinha voando em carreirinha).
É que a minha tal família ancestral originou-se e estabeleceu-se nos confins da Geórgia, quase em território russo (o qual, aliás, o Putin, que não tem nada a ver com Putikris, anda querendo invadir e tomar pra Rússia).
Ocorre que esta família georgiana-quase-russa sempre foi, e ainda é, grande criadora de abelhas e produtora de mel e derivados, e sempre teve especial predileção pelas abelhas da espécie Tsotskhi (Vassoura), que produzem o mel mais puro, saudável e delicioso do planeta, talvez de toda a galáxia (dizem que é porque elas têm esse rabinho em forma de vassoura, daí seu nome, e que varrem cuidadosa e meticulosamente as suas colméias todos os dias, e que por isso o seu mel e de melhor qualidade – mas isto é mera especulação, crendice e folclore, ainda não há comprovação científica e “apiculturística” disso).
Assim, em homenagem às abelhas-vassoura, o casal primordial da família, o Olaf e a Elza, o “adão e a eva” dos atuais Brumbies euro-americanos, meus quaquaravós, resolveu adotar, inclusive com registro passado em cartório, o sobrenome Put’k’ris Tsotskhi.
Séculos mais tarde, quando grande parte da família – talvez temendo a ameaça da forte concorrência “apiculturista” czarista, e, depois, comunista –, migrou, ou se exilou, para a Europa Ocidental e até para toda a América (inclusive para a Geórgia americana), o nome Putkris Tsotskhi teve que ser obviamente alterado e amenizado para uma versão um pouco mais legível e palatável – até mesmo por questão de respeito à saúde e à integridade física da língua e da boca de quem ousasse pronunciá-lo.
Optou-se pela nomenclatura mais mundialmente aceita e entendível do inglês britânico, e, assim, este putz-trostki-nome adquiriu a bela, doce e sonora forma de Broom Bee, ou Broombee.
Para a versão hispano-portuguesa, especialmente a brasileira – que jamais poderia ter nada relacionado a Put ou Putz, devido às óbvias conotações pejorativas, obscenas e sexistas que acarretaria, inclusive a seus portadores –, chegou-se a pensar em coisas do tipo Abelhoura ou Vassorelha, mas, convenhamos, isto seria tão danoso quanto qualquer nome que contivesse Put ou Putz.
Assim, aqui no Brasil, o Broombee assumiu a forma reduzida de Brumbe, e aqui estou eu a representá-lo como único sobrevivente da família em território brasileiro (Já andei pesquisando no Google e afins, e não encontrei mais ninguém. Se souberem de mais alguém, me avisem)
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