sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eletrocardiograma Ampliado e Explicado

Da série Copa do Mundo em Prosa e Verso:

Eletrocardiograma Ampliado e Explicado
(ou reduzido ao amplamente inexplicável)

Num gráfico de volume anual de telecom no mundo
começo a enxergar coisas que eu não explico:
por trás de tudo, no fundo, como pano de fundo,
na curva de tráfego das mídias e seus picos,
vejo reflexos de todas as Copas do Mundo
se alternando com os Jogos Olímpicos.
Será isso o eletrocardiograma do mundo?!
Mais uma vez, estou a ver poesia na engenharia,
com tal interpretação poética de coisa tão hermética?!
Pois é, isso é que dá um engenheiro eletricista
cismar de querer ser técnico humanista,
ousar se ligar em ciências humanas:
No ócio, fugindo do próprio negócio,
troca osciloscópios e microscópios
por telescópios e caleidoscópios,
e ao invés de ver gráficos elétricos,
em simples e retas linhas cartesianas,
começa a enxergar eletrocardiogramas,
e acabará vendo neurônios como meros espectros
em seu próprio e derradeiro eletroencefalograma.

(depois desse Prosão em Verso, para Versão em Prosa,
ver postagem anterior: O Eletrocardiograma do Mundo)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Eletrocardiograma do Mundo


O Eletrocardiograma do Mundo

Num congresso internacional de telecomunicações que assisti no final do século passado, um dos palestrantes apresentou este gráfico, que representa, de forma bem resumida, mas bastante real, o comportamento do tráfego mundial de telecomunicações (telefonia, dados, tv, rádio e internet), em totais anuais, ao longo do tempo – ele apresentou um período de apenas dez anos (1988 a 1998), mas essa forma de onda se repetia igualmente nas décadas anteriores, e, certamente, se repete até hoje.
Observa-se claramente que os anos pares apresentam picos ou aumentos significativos de volume de tráfego, e esses picos ocorrem justamente em meados do ano (meses de junho e julho).
E o que é que acontece no mundo exatamente nesses anos e meses?!
É óbvio que são as Copas do Mundo e as Olimpíadas, que, alternadamente, se repetem a cada quatro anos, e mexem com todo o planeta – na verdade, os picos dos anos de Copa são um pouco mais elevados do que os dos anos de Olimpíadas, mas isso não vem ao caso.
O caso é que desde então, em todos os anos pares, ou seja, ano sim, ano não, quando vai chegando junho, eu não consigo deixar de pensar naquele simples gráfico cartesiano e na sua bela forma de onda cíclica, periódica, quase senoidal.
É claro que o meu colega engenheiro apresentou isso motivado por alguma questão essencialmente técnica, tais como: segurança de rede, interligação de sistemas, integração de redes nacionais e internacionais, maior utilização de cabos ópticos nas interligações, investimento setoriais e globais para incremento das redes, o que esperar (ou não esperar) do Governo Lula nos investimentos, ou coisa que o valha.
Mas eu, engenheiro um tanto quanto renegado, desvirtuado e alucinado, vi naquele gráfico algo muito além dessas políticas de investimentos, dessas técnicas avançadas e dessas estratégias tecnológicas.
O que vi ali foi o Eletrocardiograma do Mundo, de um coração planetário que pulsa mais forte a cada dois anos, com freqüência cardíaca à razão, ao ritmo, de um pulso anual, com picos de onda máximos a cada dois anos.

(Mais uma vez, estou a ver poesia na engenharia,
com essa interpretação poética de coisa tão hermética?!
Pois é, isso é que dá um engenheiro eletricista
cismar em querer ser humanista,
ousar se ligar em ciências humanas:
Troca osciloscópios por microscópios,
e ao invés de ver meros gráficos elétricos,
em simples e retas linhas cartesianas,
começa a enxergar eletrocardiogramas,
e acabará registrando neurônios como espectros
em seu próprio e derradeiro eletroencefalograma)

Um mundo em que a cada dois anos todo mundo se liga, se conecta, esportivamente, em torno dos mesmos interesses, simplesmente por pura diversão, por lazer e nada mais, pra nada mais fazer. Por bem da verdade, por algo mais: competição, vitória, títulos e troféus (e glória e grana).
Mas, em que pese haver nesse espírito competitivo ainda um pouco, ou muito, da alma do animal guerreiro e predador que ainda somos, as Copas e as Olimpíadas têm, pelo menos, o mérito de tentar aglutinar e canalizar esse nosso instinto belicoso para fins mais pacíficos e nobres, por meio de instrumentos bem mais sadios e benéficos do que flechas, machados, lanças, espadas, fuzis, metralhadoras e bombas.
Apesar, também, de toda essa exagerada e perniciosa exploração política, comercial e econômica a que estes eventos estão sujeitos, ajude o coração do mundo a bater cada vez mais forte, curta a Copa, viva a Copa, torça pro Brasil, pra Nigéria, pra Itália, pro Irã, pro Japão ou pro país que você bem quiser (menos pra Argh...tina!).
Outros bilhões de pessoas estarão fazendo isso pelo mundo afora ao mesmo tempo em que você também estará!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

The Absence of Audience

The Absence of Audience
(revised version at the extents)
(in Portuguese in the sequence)

The absence
of audience
had been due to the simple lack of coherence
between the benevolence
and the decency.
Or had it been just by fault of adherence?

At such a conference,
happened a difference:
not like a casual coincidence,
faulted, by the speaker, competence,
and, by the hearers, credence.

It, at last, had needed a good defense,
at least one more dense
glance,
over the essence
of the existence.

Hence,
probably they’ll consider this emergence,
this imminence,
instead to remain building fences
against all and any interference.

The Innocence and the Nonsense

The loss of innocence
can bring more independence
and give license
to the irreverence
of the nonsense,
against the magnificence
of the blind obedience
to the rules of the good science.

In the presence
or in the occurrence
of any offense,
it is better to have prudence
and patience
to avoid bad sentences
and false references
obtained by consequence
of supposed resilience.
It is all about a question of just transparence.

At last, the tense
tendencies
to the violence
and the truculence
can only mean hidden desires to transference
to/from bad senses of conscience.

A ausência de audiência
(versão revisada)

A ausência
de audiência
deveu-se à simples falta de coerência
entre a benevolência
e a decência.
Ou isto aconteceu por pura falta de aderência?

Em tal conferencia,
aconteceu uma diferença:
não como casual coincidência,
faltou, ao orador, competência,
e, aos ouvintes, crença.

Ela necessitava, afinal, de uma boa defesa,
pelo menos de um olhar
mais denso,
sobre a essência
da existência.

Daqui pra frente,
provavelmente eles considerarão essa emergência,
essa iminência,
ao invés de continuar construindo cercas
contra toda e qualquer interferência.

A inocência e a falta de senso

A perda da inocência
pode trazer mais independência
e dar licença
para a irreverência
do nonsense
contra a magnificência
da cega obediência
às regras da boa ciência.

Na presença
ou na ocorrência
de qualquer ofensa,
é melhor ter prudência
e paciência
para evitar maus julgamentos
e falsas referencias
obtidas por conseqüência
de suposta resiliência.
É tudo apenas uma questão de justa transparência.

Afinal, as tensas
tendências
para a violência
e a truculência
podem significar apenas ocultos desejos de transferência
de/para maus sensos de consciência.

(by Brumbe in a conference, from his “ence and ense rhyme series”)