sexta-feira, 23 de julho de 2021

um olhar sobre o mar


 

Estes lindos panoramas marítimos que as minhas belas janelas nordestinas, de João Pessoa e de Recife, têm me proporcionado, me fazem lembrar aquela tão simples, profunda e famosa estória que o Eduardo Galeano, grande escritor uruguaio, gosta muito de contar.
É a do pai que leva o filho, ainda criança, para ver o mar pela primeira vez, e o menino, ao se deparar com toda aquela magnífica imensidão oceânica, fica tão maravilhado e estupefato que só consegue falar:
- Pai, me ajuda a olhar!
Pois eu estou aqui hoje que nem aquele menino: precisando urgentemente de alguém que me ajude a olhar para todo esse mar! Ele é muito para mim só, preciso dividir, compartilhar, isso com alguém.

terça-feira, 20 de julho de 2021

Tambaú


 

Tambaú 

O primeiro livro de Geografia do Brasil que eu tive, aos 7 ou 8 anos de idade, na escola primária, apresentava, destacadamente, as Regiões, os Estados e as capitais estaduais do Brasil. 

Havia fotos de atrações ou pontos de referência de cada uma das cidades: o Pão de Açúcar, no Rio, o prédio do Banespa, em SP, a igrejinha da Pampulha, em BH, o elevador Lacerda, em Salvador... 

E, de João Pessoa, havia, para mim a sempre fantasiosa, enigmática e misteriosa, foto aérea do hotel Tambaú. 

Não tinha outro jeito nem escapatória, toda vez que abria o livro eu sempre me deparava com ela: aquela imensa roda, aquele prédio circular em forma de uma roda completa, plantado à beira-mar, me desafiando e instigando a minha imaginação (parecia mais era uma nave espacial, um disco voador, pousado em terra). 

E, hoje, 60 anos depois, eu fui, enfim, caminhar na praia do Tambaú, que fica aqui pertinho, logo ao sul da Manaíra. 

E passei, pela praia, bem ao lado do misterioso e majestoso prédio, na pequena faixa de areia entre as suas grandes colunas cônicas de concreto e as ondas do mar, que nelas batem nas marés cheias.

Na verdade, eu já tinha passado por ali dias antes, rapidinho. Mas, hoje, como bom mineiro, passei mais devagar, devagarinho, sem ligeireza, na calma, na moleza, de modo a poder bem apreciar a coisa, o trem.

(o hotel tá fechado e meio abandonado, quase em ruínas. mas, dizem que vai ser restaurado e reaberto brevemente. tomara que sim!) 

Lembrei, e deu saudade, do meu primeiro livro de Geografia do Brasil.


(fotos obtidas no facebook) 

(projeto do arquiteto Sérgio Bernardes)